Narrador
Silêncio
Júlia sentou-se na escadaria da frente do prédio, os olhos fixos nos pombos que bicavam o corpo de algum outro animal morto com indiferença.
Achava que devia ser outro pombo que tinha sido atropelado ou algo assim, o movimentar deles, as suas cabeças subindo e descendo em direção ao chão, o barulho dos seus bicos adentrando a carne, era uma carnificina. O ar estava pesado e gelado, raridade vindo de Recife, carregando de uma umidade que parecia se infiltrar em cada poro da pele. As nuvens cinzentas pairavam sobre a cidade, como uma mortalha que sufocava a luz do sol. Era um clima impressionantemente agradável pelo incrível que pareça.
A despeito do barulho dos amigos preparando a van para a viagem, Júlia sentia um silêncio opressivo ao seu redor. As vozes animadas, o som das malas sendo arrastadas e o rugido do motor da van pareciam estar acontecendo a uma distância infinita, como se ela estivesse isolada em um mundo próprio, nada naquele lugar parecia importar naquele momento, o mundo tinha parado, o único foco se seu olhar era os pombos bicando, arrancando e comendo a carne.
Seus pensamentos estavam longe dali, perdidos em um labirinto de dúvidas e incertezas. A viagem que estava prestes a começar parecia uma ideia cada vez mais errada. Júlia sentia um peso no estômago, uma sensação de insegurança que não conseguia explicar.
Loki tinha tido uma crise de ódio semana passada contra Øystein que tinha quebrado um copo acidentalmente, ele gritou e chorou logo em seguida se desculpando com seu filho. Morbius chegou a conclusão que ver Daniele ser expulsa de casa tinha afetado algum canto de sua psique, alguma lembrança de sua infância então ambos decidiram viajar para Porto de Galinhas para apaziguar os nervos, haviam levado Jøsefina e Juninho junto. Após isso, Peter organizou uma viagem de amigos para uma chácara alugada no Airbnb em Abreu e Lima, achava que ia ser uma boa semana compartilhada com seus amigos.
Ela olhou para os pombos novamente, observando como eles se moviam com uma tranquilidade e naturalidade ao ato canibalesco, algo que ela mesma não conseguia sentir. Seus amigos estavam ansiosos para partir, mas Júlia sentia como se estivesse sendo puxada para uma direção que não queria seguir.
O vento começou a soprar, agitando as folhas das árvores e fazendo com que os pombos levantassem voo. Júlia sentiu um arrepio percorrer sua espinha, como se o próprio destino estivesse lhe enviando um aviso. Mas ela não disse nada, apenas continuou sentada na escadaria, perdida em seus pensamentos sombrios. Caramba estava tão frio!
"Júlia...?" A voz tirou a mesma de seus pensamentos, olhou para trás finalmente de volta a realidade e viu seu irmão Øystein cutucando seu ombro de maneira cautelosa. Júlia olhou para a van branca e viu Dead, Jørn e Seung jogando malas dentro dela, escorada contra a pilastra estava Danni e Mercúrio falando nos celulares, provavelmente com algum familiar e no hall da escada estavam Peter e Jungkook trocando sorrisos abraçados
Júlia- Já tá na hora?
Øystein- Ainda não... Só vim te incomodar
Øystein abriu um sorriso de lado se sentando do lado da sua irmã com seu peso a empurrando para o lado
Øystein- Soube das novidades?
Dante - Qual?
Øystein- ﹰParece que a ﹰWanda não vai vim
Dante - Graças a Deus
Øystein- É... Bebel disse que vai dar um perdido na namorada e no meio da semana ele aparece lá e Shock vai com ele, agora a gente só ta esperando esperando o Jiyong, ele disse que fez um trato com os manos dele pra olharam a boca de fumo enquanto ele tá fora
Júlia- E quando que ele vai chegar?
Øystein- Não sei, ele disse que foi tentar convencer Myrella
Øystein ergueu os braços o envolvendo ao redor de sua irmã e encostando sua cabeça em seu ombro. Júlia conseguia enxergar a raiz loira já nascendo em seu cabelo, parecia ter pintado semana passada
Ambos suspiraram ao mesmo tempo antes de ouvirem gritos e virarem o rosto pra olhar
Danni - EU FALEI PRA TU NÃO FAZER ISSO!
Jungkook - EU FAÇO O QUE EU QUISER!!
Jørn - Ow ow que gritaria é essa aqui?
Danni - O Jungkook chamou o Yoongi
Jørn- O ex da minha mulher?
Dead - OIII?????
Júlia suspirou profundamente e seu irmão deu risadinha absorvendo a energia caótica que estava ali
Jungkook - ELE É MEU AMIGO, TÁ SOLTEIRO E EU CHAMEI ELE!
Danni - Por que tu deixou isso Peter?
Peter - Ai sei lá... Ele pediu com tanto jeitinho...
Danni - Mas a viagem é de amigos, você é um AGREGADO ou seja, não tem o direito de convidar alguém
Jungkook - POR QUE O SEUNG PODE CHAMAR O JIYONG????
Seung - Não me meta nisso não
Dead - Porque o Jiyong é MEU amigo também e diferente de você eu não sou um agregado
Jungkook - Oi? Você quer brigar comigo sua loira passiva patética?
Dead - Claro que sim né sua amarela piranha prostituta
Todo mundo- ?????????
Øystein deu uma risada apertando levemente o ombro de sua irmã com a mão
Øystein- Olha teu namorado brigando
Dante - Ele tá fazendo certo, vai ficar um clima mó feio se o Yonngi ir... Dando em cima de mim o tempo todo o Dead surtando, o Jørn com cara de cu aí que dor de cabeça
Júlia falou se aninhando mais com seu irmão observando a cena com cansaço nos olhos embora os de Øystein estivessem brilhando
Dead - Eu te quebro aqui todinho e você não vai nem ver
Jungkook - E eu te rasgo todinho sua puta!
Peter - Ei! Ei! Parou! Parou! Nada de brigas! Somos todos amigos aqui!
Danni - Tsk... E agregados...
Peter fez um olhar apreensivo para sua irmã mas a situação mudou quando Fiuk finalmente desceu do habitacional. Ele olhava em direção ao grupo discutindo, o que consequentemente não o fez ver Júlia e Øystein sentados na escadaria, tropeçando caindo os 3 no chão
Dead - KKKKKKKKKKKKKLLMKKLMMMMLLLLLLKKKKKKKKKKK
Danni - Para de rir Dead
Danni e Peter foram ajudar seus amigos a se levantarem do chão. Øystein resmungava palavras de baixo calão enquanto esticava as costas, Júlia batia sua mão nas suas roupas para tirar a poeira e Fiuk se preocupava somente em seu cigarro não apagar
Peter - Ai que coisa Fiuk, ralou o joelho
Os cinco olharam para baixo e viram o corte com uma pequena quantidade de sangue. Fiuk indiferente deu de ombros
Fiuk - Da nada não, relaxa
Danni - Vem cabeção, a gente limpa dentro da van
Fiuk enrolou o braço ao redor do ombro de sua irmã, ambos andaram em direção a frente da van. Dead andou para trás de Júlia e a abraçou apoiando o queixo no topo de sua cabeça. Jungkook revirou os olhos se virando para conversar com Peter, Mercúrio conversava com Øystein e Jørn, Fiuk se encostou contra a parede e acendeu outro cigarro compartilhando com Seung, Danni tentava pegar da mão deles para dar uma tragada mas ambos não permitiam segundo sua condição, davam tapinhas na mão da mesma e soltavam frases como "Tá louca mulher?" Ou "Vai fumar pro bebê nascer igual o Øystein?" Sem sucesso a mesma desistiu
A atmosfera foi quebrada quando ao longe viram Jiyong arrastando Myrella tal qual um homem nas cavernas.
Jiyong jogou Myrella dentro da van enquanto ela gritava deixando todos confusos
O barulho das costas de Myrella batendo contra o material da van ecoando pelas ruas vazias e geladas de Nova Descoberta
Myrella - SOCORRO SOCORROOOOOK
Jiyong - ENTRA LOGO E SAI DAQUI
Júlia - Oi Myrella
Myrella - OI NADA, PELO AMOR DE DE-
Myrella tentou sair mas Jiyong empurrou ela novamente
Seung - Qual foi irmão?
Jiyong - Eu perguntei se ela queria vim pra viagem e e-
Myrella - EU DISSE NÃO!
Myrella tentou sair mas novamente Jiyong empurrou ela pra dentro
Jiyong - Ai eu sequestrei ela mas a mãe dela não gostou muito
Ao longe ouviram a voz da mãe de Myrella gritando correndo atrás deles com um pedaço de pau. Jiyong jogou a mochila que estava atrás das costas na direção de Myrella fazendo ela cair de novo dentro da van, por medo da mãe de Myrella todo mundo entrou dentro da van e seguiram viagem para longe de lá
A van avançava pela estrada, o som do motor era um rugido constante, enquanto os pneus cantavam uma melodia monótona no asfalto, as mochilas e malas estavam empilhadas em um canto da van e todos além de Jørn e Jungkook que estavam sentados nos bancos da frente, todos estavam sentados no chão. Jiyong segurava uma JBL no colo que tocava "Ela Flexiona a Tcheca" do Mc Troinha, o som da risada dos mesmos ocoavam pela van, ocasionalmente tinham sons de palmas, a maioria de Mercúrio ou de Dead
Danni e Seung estavam sentados juntos, sorrindo e falando coisas aleatórias, enquanto Fiuk do lado de sua irmã com um curativo no joelho. Ela estava limpando o machucado com uma das 500 bandadas que Mercúrio possuia, tudo enquanto Fiuk fazia caretas de dor e mordia a bituca de cigarro na boca
Jørn, ao volante, cantarolava a mesma música, enquanto Myrella, sentada no canto da van, cruzava os braços e olhava para a frente com uma expressão de raiva, Jiyong ocasionalmente olhava para ela e sorria, porém toda vez que fazia isso, seus olhos pareciam estar queimar de raiva.
Øystein, emburrado, estava sentado em um canto, olhando para fora da janela com uma expressão de desinteresse. Seu rosto estava mais pálido do que já era, e seus olhos pareciam estar perdidos em pensamentos de raiva por causa de um certo casalzinho na van
Mas Júlia estava diferente. Sentada do lado da janela, ela olhava para fora da janela, perdida em seus pensamentos. Seu rosto estava pálido e sua expressão, sombria. Ela não participava da alegria e da animação dos outros, e parecia estar em um mundo próprio.
A estrada estava nebulosa e silenciosa, a única coisa que se ouvia era o som do motor da van e o riso dos outros. Mas Júlia não estava ouvindo nada disso. Ela estava concentrada em seus próprios pensamentos, e parecia estar cada vez mais afastada dos outros.
O clima dentro da van começou a mudar, e uma sensação de desconforto começou a se instalar na mente de Júlia. Era como se algo não estivesse certo, e como se a viagem não estivesse seguindo o curso esperado, a mesma sentia isso
A van continuou a avançar pela estrada, mas a sensação de desconforto e de que algo não estava certo apenas cresceu. E Júlia olhando para fora da janela, parecia estar cada vez mais isolada e mais afastada dos outros.
O vento começou a soprar, agitando as árvores e fazendo com que os galhos se movessem como braços esqueléticos. A van passou por uma curva fechada, fazendo todos rolarem pro lado oposto da van, novamente sons de risada
Mercúrio- Vtnc Daniele que van veia podre onde que tu foi arrumar isso?
Danni - É a van do Gong Yoo! Ele usa pra trabalhar!
Dead - A po por isso esses buraco de bala aqui
Jungkook - E essa marreta aqui também né
Jungkook que estava sentada no banco da frente do lado de Jørn puxou uma marreta e jogou para trás, a velocidade alta da van fez com que a marreta batesse direto no material da van. Todos ficaram em silêncio antes de começarem a rir
Myrella - NÃO TEM GRAÇA! PODIA TER MACHUCADO ALGUÉM
Danni, Dead, Seung, Peter, Mercúrio, Øystein, Fiuk e Jiyong - KKKKKĶKKKKKKKKKJJJJKKKKJKKKKKKK ELA FLEXIONA A TCHECA FLEXIONA A TCHECAKKKKJJJJJJJJJJJJJJJJJKKKKKJKK
Todos estavam em pé na van rindo, dançando e rebolando em uma fila indiana e sempre cambaleando a toda curva da estrada esburacada. Quando finalmente a noite chegou, Jørn e Fiuk trocaram de lugar para dirigir e Myrella se humilhou com Jungkook para sentar no seu assento para ficar longe da gente.
Dead dormiu estava dormindo abraçado com Øystein. Seung dormia encostado contra a van com Danni e Jiyong dormindo apoiados nos ombros dele, Jungkook dormia agarrado sentado no colo de Peter, Jørn abriu um sorriso indo dormir abraçado com Júlia mas sentiu uma lapada de Øystein
Øystein- Ei man, sai de perto da minha irmã
Jørn - ???
Júlia- ???? Øystein!
Øystein - Cala a boca! Vai dormir com o Dead
Øystein se soltou de Dead e foi dormir com a sua irmã
A névoa densa se agarrava às árvores, como um véu fantasmagórico que se estendia por toda a floresta. A escuridão era tão profunda que parecia engolir a van, deixando apenas os faróis fracos a iluminarem o caminho tortuoso à frente. O ar gélido se infiltrava pelas frestas da van, trazendo consigo o cheiro úmido da terra e o perfume intenso de pinho do mato ao redor, o clima gelado fazendo os integrantes da van se apertarem e se envolverem um contra os outros
Fiuk, com os olhos semicerrados, guiava a van pela estrada sinuosa. O volante tremia levemente em suas mãos enquanto ele tomava goles rápidos do café, a fumaça do cigarro dançando em frente ao seu rosto. O cheiro forte do tabaco se misturava ao aroma de café, criando um coquetel peculiar que pairava no ar, por sorte todo mundo já estava acostumado com o cheiro então não se importavam. Filipe aka Fiuk, não se importava com as regras, com a segurança, com nada, caramba ele fugiu da casa do pai pra ir morar com desconhecidos em Nova Descoberta. A adrenalina o mantinha acordado, a música alta do rádio era seu único companheiro acordado ali
Myrella, encostada no banco da frente, dormia profundamente. Seus cabelos castanhos estavam espalhados pelo assento, e seus lábios estavam entreabertos babando, revelando uma leve respiração, seus óculos quase caindo do seu rosto. Ela parecia tão serena, tão diferente do caos que se instalava dentro da van
Seung, encostado contra a lateral da van, lutava contra o sono, os olhos semirrados. No seu ombro esquerdo estava Danni dormia profundamente, as mãos da mesma estavam sobre a sua barriga.Jiyong, do outro ombro, também dormia, sua respiração leve e constante, embora ele estivesse mais apoiado contra a van do que no corpo do seu amigo. O peso do corpo de Danni sobre o ombro de Seung era quase insuportável pois ela estava totalmente escorada, mas ele não se movia, não queria acordá-la
Dead,JørneMercúrioestavam espremidos na parte de trás da van, seus corpos se amontoando em um emaranhado de membros. Dead roncava baixinho e tinha espasmos nas pernas igual um cachorro, Jørn murmurava coisas ininteligíveis em seu sono, Jørn fala enquanto dorme, Júlia perceberia se todas as noites ela não desmaiasse de sono toda noite, e Mercúrio parecia estar em um sono profundo, sem qualquer movimento, a boca aberta mas não babava ou emitia sons, parecia até estar morto
Øystein, com o corpo magro e esguio, abraçavaJúliacom força. Ela estava quase dormindo, sua cabeça repousava sobre o ombro dele, seus cabelos vermelhos escuros caindo sobre seu rosto. O calor do corpo dele a confortava, e ela se sentia segura em seus braços. Mas a sensação de medo ainda pairava no ar, uma sombra tênue que se esgueirava por entre as árvores.
A estrada era estreita e cheia de curvas perigosas. A van se movia lentamente, como se estivesse navegando em um mar de névoa. A cada curva, a floresta se fechava sobre eles, as árvores se aproximando, como se estivessem tentando engoli-los.
O silêncio era quase ensurdecedor, quebrado apenas pelo ronco de Dead, a música do rádio e o barulho do motor. O ar estava carregado de uma sensação de apreensão, como se algo estivesse prestes a acontecer.
Fiuk piscou os olhos, tentando se manter acordado. A floresta parecia se mover, as árvores se contorcendo como se estivessem vivas. Ele sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Era apenas a névoa brincando com sua mente... Ou talvez fosse a maconha diária que ele fumava, mas ele não conseguia se livrar da sensação de que algo os observava... Ou era a cocaína?
A van continuou a serpentear pela floresta, cada vez mais fundo na escuridão. O destino final era o refúgio que prometia descanso e paz. Mas, nesse momento, a paz parecia ser um luxo inalcançável
A van rangeu lentamente pela estrada de terra batida, os faróis cortando a escuridão da floresta como raios de luz perdidos. O ar estava denso, carregado de um cheiro úmido de terra e folhas úmidas. Fiuk, finalmente avistou a entrada da propriedade
Fiuk- Chegamos! - ele anunciou, sua voz rouca pelo sono, mas com um entusiasmo que contrastava com o silêncio pesado que pairava na van.
Os outros passageiros, atordoados pelo sono, se espreguiçaram, abrindo os olhos lentamente. Júlia, que antes da viagem se agarrava ao seu irmão com medo, se endireitou no banco, olhando para a casa à frente com um misto de alívio e curiosidade. A casa, de madeira escura e janelas estreitas, se erguia imponente no meio da mata
Mercúrio - Cadê man? To vendo porra nenhuma - Mercúrio falou se escorando contra a janela
Júlia- Ali Zé buceta - Júlia disse batendo a mão na sua nuca apontando pra um ponto na escuridão
Myrella acordou já reclamando revisando os olhos quando viu que haviam chegado
Danni, que antes da viagem vibrava com um descanso merecido depois de ser expulsa de casa, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A casa, que nas fotos do anúncio parecia acolhedora, agora emanava uma aura estranha, uma energia pesada que a deixava inquieta.
Seung - Que horas são? - Seung perguntou, bocejando e esfregando os olhos, cheirando o topo da cabeça de Danni antes de a afastar e chacoalhar Jiyong no seu lado o fazendo acordar assustado
Fiuk - Duas da manhã - Fiuk respondeu, virando o volante para estacionar a van em frente aos matos
Mercúrio - Duas da manhã? - Mercúrio exclamou, com um tom de reprovação. - Que horas a gente vai dormir?
Jiyong - Depois de descarregarmos as coisas, sei lá... Tava sonhando com meu amor Myrella - Jiyong respondeu, já se levantando
Peter - Levanto mo - Peter falou batendo nos ombros de Jungkook que levantou o rosto com os olhos vermelhos de sono
O grupo saiu da van, a atmosfera fria da noite os envolvendo como um abraço gélido, era praticamente impossível enxergar alguma coisa, Myrella ficou encarregada de segurar uma lanterna e iluminar o caminho assim como a van, o último poste tinha os abandonado a muito tempo, só mais uma continuação que Peter tinha alugado uma casa no fim de mundo de Abreu e Lima. A casa, agora sob a luz fraca dos faróis, parecia ainda mais sinistra. As árvores ao redor, com seus galhos retorcidos e folhas secas, se espreitavam como espectros silenciosos
Todos olhavam para a casa incrédulos com o barraco que Peter alugou
Júlia- A casa é linda! - Júlia exclamou, tentando quebrar o silêncio que se instalara entre eles
Dead - É, é bem diferente do que eu imaginava. - Dead murmurou, observando a casa com um olhar desconfiado - Parece até a casa que eu me matei
Øystein- Cala a boca viado - Øystein falou batendo na cabeça de Dead que esfregava o local da batida
Danni sentiu um aperto no peito. A casa, que antes lhe causava excitação, agora a enchia de uma sensação de apreensão. Era como se a casa estivesse observando-os, como se seus olhos escuros e vazios estivessem cravados em suas almas.
Peter - Vamos entrarkkkjjkjkjjkkk? - Peter perguntou, quebrando o clima tenso.
Jungkook - Agora amor
Øystein- Vamos. - Øystein respondeu colocando a mochila nas costas e andando pra frente de casa
Peter que voltou para pegar uma das mochilas enorme, se aproximou de Danni, ele a viu parada encarando aquela casa com uma expressão estranha
Peter - Você tá bem? - ele perguntou, notando a expressão preocupada dela
Danni - Sim, só um pouco cansada
Peter - A casa é bem legal, né? - ele disse, tentando animá-la
Danni - É, é bem diferente - Ela respondeu, sem conseguir esconder a apreensão em sua voz
Peter - Ei... Não vá se cansar, vai fazer mal pro meu sobrinho- Ele disse piscando e voltando a acompanhar os outros em direção a casa
Eles entraram na casa, o ar frio e úmido os envolvendo como um manto. A casa, por dentro, era escura e silenciosa, os poucos móveis que a decoravam pareciam velhos e desgastados, como se a casa estivesse adormecida há muito tempo.
Fiuk - Cadê o carai da chave? Vou dormir nessa porra sem trancar não
Mercúrio- Eu peguei. - Mercúrio respondeu, mostrando a chave.
Peter - Tu tá maluco viado do caralho? Essa porra é pra ficar comigo viado - Ele disse arrancando a chave da mão de Mercúrio e trancando a porta
A sala era grande e vazia, com um sofá de couro rachado e uma lareira de pedra que não aparentava ser usada há anos, tudo que era visto era o que a luz da lanterna do celular de Myrella que iluminava
Júlia - casa é bem legal vai! Já morei em lugares piores - A mesma disse olhando ao redor com entusiasmo.
Myrella - É, é bem diferente. - Myrella respondeu sem nem ao menos se importar em disfarçar o sarcasmo na voz
Danni continuava calada olhando ao redor. A casa, que antes lhe causava excitação, agora a enchia de uma sensação de apreensão. Era como se a casa estivesse observando-os, como se seus olhos escuros e vazios estivessem cravados em suas almas.
Seung - Vai dividir os quartos como? - Seung perguntou finalmente acendendo a luz da da os permitindo enxergar melhor
Jiyoung - Vamos! Quero ficar com Myrella! - Myrella revirou os olhos
Jørn - Tá, pera ai!
Jørn jogou as mochilas e malas no chão assim como os outros, aquela conversa provavelmente iria demorar...
Jørn - Quantos quartos tem?
Peter - 6
Júlia- A vai dividir, de boa
Jørn- O padrão de sempre:
1 - Eu, Júlia
2 - Myrella e Jiyong
3 - Danni e Seung
4 - Fiuk e Mercúrio
5 - Peter e Jungkook
6 - Øystein e Dead
Na mesma hora que ele falou isso ouve reclamações... E muitas
Myrella - TU TÁ ME TIRANRO NÉ?????
Jiyong - Oxi eu amei! Deixe assim
Øystein - TÁ MALUCO PORRA??? MINJA IRMÃ VAI DORMIR COMIGO
Júlia- Øystein! Para com isso!
Começaram a ter brigas enquanto Danni, Seung, Peter e Jungkook olhavam a confusão com indiferença porque não se importavam com a escolha
Jungkook - Vocês sabem que Bebel ainda bem né? Com Shock depois, deixa um quarto livre...
Peter - Então
1 - Øystein, Júlia e Myrella
2 - Jørn, Fiuk e Dead
3 - Danni, Seung e Jiyong
4 - Eu e Jungkook
5 - Mercúrio vai dividir quarto com Shock e Bebel quando chegarem
Mercúrio - Oxi e o 6?
Peter - Esqueci de falar, mas o proprietário disse que o 6° quarto tá barrado porque tá em manutenção aí nem tem como usar
Todos concordaram e se dispersaram pela casa, explorando os cômodos com um misto de curiosidade e ansiedade. Danni, ainda inquieta, se aproximou da janela da sala de estar e olhou para fora. Aquele matagal sob a luz da lua e nada mais além disso, parecia ainda mais sinistra. As árvores, com seus galhos retorcidos e folhas secas, se espreitavam como espectros silenciosos.
Danni? - A mesma ouviu uma voz e se virou ouvindo passos se aproximando dela
Danni - Oi - Danni respondeu, se virando para encontrar Júlia atrás de você
Júlia- Você tá bem? - Júlia perguntou, notando a expressão preocupada dela.
Dannu - Sim, só um pouco cansada. - Danni respondeu, tentando disfarçar seu medo, Júlia se esgueirou para trás de Danni a abraçando por costas alisando a barriga de sua amiga
Júlia- A casa é bem legal, né?
Danni - É, é bem exótica
Júlia- Igual os macho que tu pega kkkkkkkkkkkk - Júlia deu uma risada e Danni se encostou contra ela enquanto ambas observavam a janela
Julia - Não se preocupe, a gente vai ficar bem - ela disse, com um sorriso gentil.
Danni assentiu, mas não conseguiu se livrar da sensação de que algo estava errado. A casa, a floresta, tudo parecia estar envolto em uma aura de mistério e perigo.
Dante - Vamos, Danni. - Júlia disse, puxando-a para o corredor. - Vai pro teu quarto dormir, meu sobrinho tá cansado
Danni assentiu, mas não conseguia se convencer disso. A casa, a floresta, tudo parecia estar envolto em uma aura de mistério e perigo.
Danni foi para seu quarto, Seung já tinha levado as mochilas de ambos seu coração batendo forte no peito. Ela não conseguia se livrar da sensação de que algo terrível estava prestes a acontecer.
A madeira da porta rangeu ao se abrir, revelando um quarto amplo e frio. O ar carregado de um cheiro úmido e acastanhado, como se a própria floresta tivesse se infiltrado entre as tábuas do assoalho. Júlia, radiante, entrou primeiro, seguida por Øystein, que resmungava enquanto carregava sua mochila e Myrella resmungava tanto quanto o loiro
Júlia- Olha só, Øystein, é enorme! Maior que o quarto que a gente dividia antes do habitacional! - Júlia exclamou, girando sobre si mesma, seus olhos brilhando com a excitação e um sorriso no rosto.
Øystein, porém, não compartilhava do entusiasmo da irmã. Ele lançou um olhar para a cama de casal, para a outra cama de solteiro, depois para a única janela, com suas pesadas cortinas de veludo, e bufou
Øystein - Essa casa é um caixão, Júlia. E eu não entendo por que a Danni não está aqui. - Ele reclamou, jogando a mochila no chão com um estrondo e se sentando na cama de braços cruzados
Myrella - Deixa de ser chato, a querida se sacrificou para ficar no mesmo quarto do Jiyong para me salvar! - Myrella falou colocando sua mochila que foi feita as pressas pelo próprio Jiyong antes dele a sequestrar de casa sobre sua cama de solteiro
Júlia - Ela disse que preferia ficar com o Seung e o Jiyong, fora que a gente tem a companhia de Myrella! - Júlia respondeu, tentando soar casual.
Myrella - Eu não queria ter vindo! - Ela gritou batendo sua mão na cama, sua voz carregada de raiva
Peter, no quarto ao lado, gargalhou, tinha ouvido de longe o grito de Myrella e o mesmo gritou de volta encostando na parede
Relaxa, Myrella. Vai ser divertido. - Ele disse, abrindo a porta para Jungkook, que carregava uma das mochilas
Jungkook sorriu, seus olhos brilhando de felicidade.
Eu te amo, Peter. - Ele disse, beijando a bochecha do namorado
Peter sorriu antes de se afastar para juntar as duas camas de solteiro que tinham no quarto
Eu também te amo. - Ele respondeu, sorrindo.
No quarto ao lado, Fiuk e Dead observavam Jørn conferindo se o beliche ainda funcionava com desinteresse. Fiuk, com seus fones de ouvido, apenas se jogou na parte de baixo do beliche, enquanto Dead encarava a janela com um olhar distante ainda no corredor
Fiuk - Você não vai entrar? - Fiuk perguntou, sem tirar os fones de ouvido.
Dead que estava parado na porta, olhou para seu irmão e deu de ombros
Dead- Só estou admirando a vista. - Ele respondeu, olhando para a floresta que se estendia até onde a vista alcançava.
O cheiro úmido e acastanhado se intensificou, e um arrepio percorreu a espinha de Dead. Ele sentiu um olhar frio sobre ele
Jørn - Bora entra logo carai - Jørn falou subindo na parte de cima do beliche
Dead entrou revirando os olhos com raiva porque não estava no quarto de Júlia, deitou do lado do seu irmão no beliche de baixo e compartilharam o mesmo fone
No quarto de Danni, Seung e Jiyong estavam instalando suas coisas. Seung, radiante, sorriu para Danni, que se encolheu na cama, com um olhar preocupado.
Seung - Vai ficar tudo bem pretinha! - Ele disse, acariciando a barriga dela com um sorriso bobo no rosto
Danni forçou um sorriso, mas o medo se agarrava a ela como um fantasma.
Danni - Eu espero. - Ela respondeu, seus olhos fixos na janela, onde as árvores se agitavam como se estivessem sussurrando segredos.
Jiyong - Tá com medo de que?
Jiyong perguntou amarrando uma rede no quarto, Jiyong não dormia em nenhum lugar se não fosse rede, o que foi bom já que Seung pode pegar a cama dele e juntar com a outra fazendo uma cama de casal
Danni - Sei lá... Um sentimento ruim
Jiyong- Dorme que passa
Seung - Ai irmão, não fala assim não
Seung sorriu dando um cheiro na cabeça de Danni e continuando ajeitar o quarto
No quarto ao lado, Mercúrio estava deitado na cama, observando o teto. O quarto era pequeno e escuro, com apenas uma pequena janela que dava para a floresta. Ele se sentia exausto então não demorou muito pra começar a dormir
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A primeira a acordar foi Júlia, como sempre muito prestativa acordando cedo. A mesma se espreguiçou na cama que compartilhava com seu irmão Øystein, Øystein ainda dormia e provavelmente acordaria após meio dia, mas como todos tinham concordado de acordar cedo para arrumar a casa, Júlia não poderia deixar essa passar
Júlia- Øystein... - Júlia falou balançando seu irmão levemente que resmungou algumas palavras antes de acordar, seus olhos vermelhos fazendo um enorme contraste com a sua pele pálida
Øystein- O que é? - Ele perguntou com sua voz baixa e rouca
Júlia- A gente combinou de acordar cedo pra ajeitar a casa lembra?
Øystein- Aff você tá parecendo até a nossa mãe...
Øystein resmungou, seu corpo o impulsionando para frente o fazendo sentar, seus longos cabelos pretos e lisos cobrindo todo seu rosto. Júlia deu risada enxergando a raiz do loiro natural do seu irmão já nascendo antes de se levantar para acordar Myrella, Myrella esfregou a mão nos olhos antes de assentir procurando seu óculos na cabeceira
Júlia abriu a porta do seu quarto e seguiu para o quarto dos seus amigos, o quarto na frente do dela era o quarto de Mercúrio, Júlia abriu a porta vendo Mercúrio dormindo todo esparramado quase caindo da cama e se aproximou
Júlia- Mercúrio! - Mercúrio ouvindo a voz da mesma se assustando caindo por completo no chão
Mercúrio- Júlia! CARALHO! Que susto... - Ele disse se ajeitando no chão antes de levantar
Mercúrio - Ajeitar a casa... Já sei, já sei... - Ele falou fazendo um sinal com a mão para ela sair do quarto dele, e assim ela fez
Júlia foi para o quarto ao lado do seu, o quarto de Peter e Jungkook. Por ambos serem um casal, a ruiva achou prudente bater antes de entrar e Peter assentiu que ela podia
Júlia abriu a porta e para sua surpresa ambos já estavam acordados, Jungkook estava no canto do quarto conversando com seu irmão Bebel pelo telefone enquanto Peter lia um livro
Peter - A gente já vai! Só espera o Jungkook resolver com o irmão dele quando que ele chega aqui em casa
Júlia sorriu concordando e indo para o quarto a frente dos pombinhos que o quarto só dos homem. Jørn, Fiuk e Dead
A mesma abriu a porta e viu Jørn na parte de cima do beliche dormindo feito um anjinho enquanto Dead e Fiuk no beliche de baixo já estavam acordados jogando algum jogo multiplayer no celular, tinha certeza que nenhum dos dois tinha dormido noite passada
Júlia se aproximou e deu um cascudo em Dead que gemeu de dor antes de olhar para trás e ver sua namorada e abrir um sorriso
Dead - Oi meu amor, sentiu saudade foi?
Júlia- Vocês dois vagabundos tão realmente competindo com o Øystein quem ganha né?
Fiuk - A gente ganha! - Fiuk falou zombando daquilo antes de rir juntamente de Dead, Júlia revirou os olhos
Júlia- Olha, vai pra sala que a gente vai arrumar a casa
Dead - Sim senhora
Ambos se levantaram e saíram do quarto, Júlia se subiu o beliche alisando o rosto de Jørn com as mãos beijando sua bochecha chamando seu nome para o fazer acordar
Jørn- ? Oi amor
Júlia- Bora levanta
Jørn- Tô indo
Jørn falou se sentando no beliche esfregando seus olhos por alguns minutos antes de descer e ir em direção a sala. Por último assim deixando os 2 últimos quartos no corredor, o que estava Danni, Seung e Jiyong e na frente deles e do lado do quarto dos meninos, o quarto interditado. Dante não se importou com o suposto quarto e foi direto no quarto da amiga, a mesma abriu a porta vendo Danni dormindo e Seung atrás dela com o rosto afundado em seu pescoço, do outro lado do quarto, Jiyong dormindo na rede. Sem pensar duas vezes Júlia fechou e abriu a porta com força fazendo um barulho alto o suficiente para acordar todos dali
Jiyong- CARALHO A POLÍCIA! - Ele falou por instinto se jogando pra de baixo da rede
Seung- Calma Jiyong... Não vai acontecer de novo... - Seung falou se sentando na cama e alisando Danni que tinha soltado um grito porque ela se assusta muito fácil com barulho (isso é verdade tá bom)
Seung - Porra Júlia faz mais isso não, ela tá grávida
Dante- Foi mal, esqueci, enfim tem que ir pra sala tchau
Dante falou e se virando indo embora, Jiyong e Seung ajudaram Danni a se levantar porque a mesma adorava fazer drama por estar grávida mesmo que mal desse pra ver sua barriga. Ambos saíram do quarto e Danni fitou a porta do quarto interditado a frente deles com estranheza mas ignorou por enquanto descendo as escadas do primeiro andar para a sala onde todo mundo estava lá
Na sala de estar, Júlia e Jørn estavam em pé conversando
Mercúrio, Fiuk e Dead tinham se jogado sobre o velho sofá de couro empoeirado sempre importar sobre a nojeira que era estar ali. Peter e Jungkook estavam checando a lareira e Myrella estava de braços cruzados encostada sobre a parede.
Jiyong se aproximou dela e a mesma se afastou, Seung deu uma risada da reação dela e Danni se aproximou de Júlia
Júlia- Ent-
Jørn- Seguinte, a gente vai contar a comida que a gente trouxe - Jørn interrompeu o que Júlia estava falando e a mesma olhou para ele indignada
Júlia- Jørn eu tava falando...
Jørn - Deixa esse trabalho pro homem casa amor... - Jørn falou piscando e segurando o queixo da ruiva por um momento antes de voltar a falar
Júlia claramente desconfortável deu um passo para trás
Jørn- Beleza um de cada quarto sobe pra pegar a comida da mochila enquanto o resto vai comigo pra cozinha
Todos concordaram
Assim Jiyong, Seung, Mercúrio, Fiuk, Dead e Jungkook subiram para o segundo andar. Danni, Júlia, Jørn, Peter e Myrella foram para cozinha
A risada alta de Seung e Jiyong ecoou pelos corredores, misturando-se com o trote frenético de Fiuk e a gargalhada alta de Mercúrio. Dead, em meio à algazarra, tentava se equilibrar para não cair enquanto corria e empurrava seus amigos. Jungkook, observando a cena da porta do seu quarto, revirou os olhos embora um sorriso se formava nos lábios. Era difícil resistir à energia contagiante dos quatro, o bagulho da madeira velha ecoando por aquele andar silencioso conforme os mesmos pisavam
A madeira do piso rangia sob os pés, a cada passo, a cada corrida. As paredes, antes imponentes e impessoais, pareciam se curvar sob o peso dos mesmos pulando. Jørn e Myrella do andar de baixo suspirava irritados com aquilo
Jungkook entrou no seu quarto colocando ambas malas sobre a cama e retirando as comidas que ele e Peter tinham levado, não comida de verdade, mas doce e essas coisas. Jungkook sentiu seu celular vibrar no seu bolso e se sentou na cama segurando o mesmo em suas mãos para reconhecer o número de seu irmão Gabriel, Jungkook colocou seu celular contra o ouvido enquanto atendia
No outro quarto Mercúrio despreucupadamente pegou os pacote de fubá e a bandeja de ovo que ele tinha levado enquanto balançava ao somde uma música que tocava em sua cabeça, logo após isso descendo para ir pra cozinha
No último quarto do corredor Seung e Jiyong ainda estavam rindo enquanto ambos pegavam as comidas de suas bolsas
Seung - Tu trouxe o que mano? - Seung perguntou dando risada escondendo algo atrás de suas costas, Jiyong sorriu em uma pose exagerada
Jiyong - Eu trouxe uma mão de macaxeira
Seung - KKKKKKJJJKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK - Seung deu risada quando Jiyong tirou a porta de uns pedaço de macaxeira do nada de dentro da mochila
Jiyong - Para de rir mankkkkkkkk eu gosto de comer macaxeira
Seung - Porra mano eu comprei bolo, coca, tu me vem com uns pedaço de macaxeira vsfkkkkkkkkk
Seung falou rindo saindo de dentro do quarto junto de Jiyong levando as comida pra baixo
Jiyong - Eu trouxe maconha também, tu sabe né que eu não saio de casa sem ela!
No penúltimo quarto os quase-irmãos Dead e Fiuk ainda davam risada de tudo, Dead estava encostado na parede dentro do seu quarto enquanto Fiuk pegava a comida tanto em suas bolsas quanto na de Jørn e jogava para Dead no chão. Quando finalmente pegaram tudo Dead andou para volta do corredor de ré enquanto ainda dava risada
Fiuk - Pera aí, vou pegar meu cigarro - Fiuk disse e Dead assentiu enquanto dava risada
Dead balançava enquanto andava de ré com um sorriso no rosto de volta ao corredor. Dead ouviu um leve ranger de porta e imediatamente olhou para o lado que viu a porta do 6° quarto aberta, o quarto vizinho ao seu, o quarto interditado que aparentemente ninguém deveria entrar.
A risada de Dead, antes tão espontânea, agora soava um pouco mais aguda, um pouco mais tensa. Sentiu a temperatura diminuir drasticamente naquele corredo, ele tinha certeza que aquela porta estava trancada desde ontem, ele virou seu corpo para o lado em direçãoa porta dando passos lentos em sua direção.
A atmosfera na casa mudou. A alegria da brincadeira foi substituída por uma sensação de apreensão, de pressentimento. O andar de cima, que antes vibrava com a energia da vida, agora parecia mais frio, mais vazio, mais ameaçador.
Dead, seus olhos fixos em ao ponto escuro dentro da porta se esgueirou para mais perto enquanto apertava os pacotes de biscoito nos braços, com o coração batendo forte no peito, sua respiração lenta e desregulada tentando controlar a sensação de pânico que começava a tomar conta de si. A sombra no corredor parecia se mover, se esticar, se aproximar. A sensação de perigo se intensificava pairando no ar
Fiuk - E ai vamo? - Fiuk falou com um cigarro na boca saindo do quarto
Dead rapidamente olhou para Filipe saindo de dentro do quarto que dividiam antes de olhar novamente para a porta do 6° quarto e pra sua surpresa ela estava fechada
Dead piscou repetidas vezes se perguntando se era coisa da sua cabeça ou não. Dead esfregou o rosto no tecido da camisa no ombro antes de olhar para Fiuk novamente sorrindo assentindo com a cabeça tentando ignorar o que aconteceu. Assim ambos desceram de volta para a cozinha
Jørn abriu a geladeira e passou um paninho lá dentro antes de ligar na tomada. Myrella estava varrendo a casa enquanto Danni e Júlia abriam os armários procurando algo de útil.
Øystein estava limpando a mesa com outro pano
Danni - Ow Dante... - Danni sussurrou olhando para a amiga por entre as portas dos armários
Dante - Oi vida
Danni - Vamo dar uma fugida pra ir ficar lá na frente sem trabalhar? - A mesma riu fazendo sua amiga assentir e sair de mansinho para fora
Os meninos estavam levando as comidas para a cozinha então as bafonicas abriram a porta para o terraço mas outra pessoa estava lá na frente destrancando a porta que somente as pessoas de dentro deviam ter a chave
Às meninas deram um passo para trás e arregalaram os olhos, Danni levantou as mãos em direção as suas bochechas quentes e Júlia esticou os braços, as mãos abertas afastadas do corpo. Os pelos dos braços de ambas se arrepiaram antes de abrirem a boca soltando um grito que esvaziou o ar de seus pulmões
AAAAAAAAAAAHHHHHHHGGGGGGHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
Obviamente todos escutaram e correram em direção a conto dos gritos
Jørn - QUE PORRA TÁ ACONTECENDO AQUI????
Jørn perguntou se pondo na frente das meninas. A figura na frente das meninas se revelou, era um homem de idade avançada que certamente não deveria estar ali
Mercúrio- OXI STAN LEE?????
Peter- É o proprietário da casa! Que eu aluguei! - Peter falou sorrindo dando de ombros e andando na direção do homem apertando sua mão- Algum problema?
Stan - Na verdade não, só passei para os receber mas acho que acabei assustando as meninas... - Ele falou olhando para Danni e Júlia que estavam segurando os braços uma das outras olhando para ele com certa desconfiança
Seung - Legal mas... Você devia ter avisado antes sabe? Que tava vindo, assustou as meninas... - Seung disse andando para trás das divas e apoiando cada mão no ombro delas em uma forma de conforto
Øystein sentiu uma onda de raiva vendo Seung confortar sua irmã e sua paixão. Isso devia ser trabalho dele! Øystein tinha que ter a última palavra para se sentir superior aquilo
Øystein - Sim! A Danni tá grávida e a Júlia é uma criança ainda!
Júlia- ??? EU NÃO SOU CRIANÇA!
Stan - Ah você tá grávida?
Danni lançou um olhar ameaçador para Øystein, ele com aquele maldito bocão tinha que expor informações que não devia. Danni olhou de volta para o homem e confirmou com a cabeça
Stan - Isso é maravilhoso! Eu moro a alguns quilômetros daqui, não diria que é uma cidade mas são umas pessoas que moram aqui, vocês deviam passar lá! É um ótimo comércio!
Jiyong - Aí tio! Falando em comércio! Quer comprar maco- Myrella pisou no pé de Jiyong que o fez gemer de dor e calar a boca
Peter - Claro, claro... Vamos sim... Agora próxima vez que vier aqui nos avise!
Peter falou com um sorriso no rosto assentindo com a cabeça guiando o proprietário para fora da casa
Stan - A... E eu não recomendaria sair muito tarde sabe? Tem bastante romarias de noite das pessoas das cidades vizinhas, nunca se sabe o tipo de gente que vem junto
Peter- E por que você não falou isso antes de eu alugar a casa?
Stan - E por que você não perguntou? Sua irmã está grávida, você devia ter a responsabilidade de cuida dela seu viado do caralho. Você não queria que ela fosse morar com você e seu pai? Sua irmã foi expulsa de casa e está grávida de um bebê que ela nunca quis! E isso é sua culpa!
Peter- Oi???? Como é?????
Stan - Eu disse que de noite tem muitas romarias das outras cidades
Peter - Não, depois disso, o que você disse da minha irmã e do meu pai! - Peter falou inconscientemente agressivo mas o senhor não parecia entender onde ele estava querendo chegar
Stan - Eu não falei nada filho... - Ele falou genuinamente e Peter se sentiu confuso, poderia jurar que ele tinha dito aquilo mas agora não tinha certeza
Peter piscou repetidamente antes de abrir um sorriso desajeitado enquanto se apoiava no arco da porta
Peter - Certo... Perdão... - Peter assentiu com a cabeça e o idoso finalmente foi embora, Peter fechou a porta mas a confusão ainda estava presente no seu ser, na sua cabeça
Mercúrio - Vamo lá na cidade, vilarejo sei la que porra?
Jungkook- Não carai, vamo amanhã
Seung - Sim po, amanhã, senta aí no sofá linda pra descansar o susto - Seung falou guiando Danni para o sofá e Jørn fez o mesmo com Júlia
Os meninos foram para a cozinhar fazer o almoço com supervisão de Myrella e Peter se sentou do lado da sua irmã, Peter era ótimo em ouvir e aconselhar mas era terrível em falar sobre si mesmo, apenas ficou lá com o rosto apoiado no ombro da irmã. Os três no sofá sem expressão e cansados
Danni - Peter o que aconteceu? - Danni perguntou olhando para seu irmão
Peter - Eu acho que ouvi o vei xingando você
Danni- OXI E POR QUE VOCÊ NÃO ME DEFENDEU????
Dante - ERA PRA VOCÊ TER BATIDO NO VEIO
Peter - Mas eu defendi! Eu falei mas ele disse que não falou nada! Eu fiquei confuso...
Dante - E você viu como ele olhou pra tia barriga quando ele ouviu que tu tava grávida?
Danni- Era impressão Júlia
"Impressão uma porra!" Júlia e Peter falaram ao mesmo tempo
Dante - Vei estranho
Peter - Ele é de boa mas não gostei dele olhando pra tua barriga não
Daniele que mal tinha barriga de gestação olhou pra baixo para conferir o tamanho. Não sabiam como reagir aquilo então preferiram acreditar que foi tudo um mal entendido. Myrella chamou os divos para ir almoçar cuscuz com salsicha, todos comeram antes de ir ajeitar o resto da casa
Øystein e Fiuk estavam tentando ligar a televisão de tubo mas não importava o que eles faziam, a televisão não tinha sinal de jeito nenhum. Dead contou a Jørn sobre a porta aberta de mais cedo e embora Jørn não tenha acreditado, ambos subiram para o segundo andar para conferir o quarto
Jørn caminhou até o 6° quarto e tentou abrir a porta mas ela estava bem trancada, Jørn apenas olhou Dead como se ele fosse idiota e desceu para o andar de baixo para tentar consertar a televisão. Dead ficou sozinho por uns minutos encarando aquela porta com certa insegurança e apreensão antes de seguir Jørn
Danni, Júlia, Peter e Myrella estavam sentados no chão da varanda enquanto admiravam floresta a dentro, o cheiro de pinheiro adentrava seus narizes, seria difícil se acostumar com o cheiro de natureza nos dias que permanecessem ali. O vento gelado batia contra suas peles, Danni estava com um certo frio enquanto Júlia se sentia completamente confortável com aquela temperatura
A sua frente não tinha nada além de verde, árvores e arbustos, a única coisa fora desse padrão era a van estacionada ali perto, era um sentimento estranho de solidão estando tão isolados assim, mas esse era o propósito da viagem, e conectar apenas com seus amigos
Júlia se virou para Danni que puxava um de seus cachos para cima e para baixo com certa indiferença para onde olhava
Júlia- Ow Danni por que tu escolheu o Seung de todos seus amantes pra vim?
Danni - Porque ele aceitou
Peter - E os outros?
Danni - Gong Yoo tá trabalhando, Bebel namora, Tao não gosta de mato, Jinyoung ta trabalhando e Chen também... Fora que ele é casado né
Myrella - Ow Daniele tu não acha que tá na hora de tu tomar vergonha na cara e arrumar um namoro fixo pra criar teu filho não?
Danni- Nan, tenho medo de namorar
Dante - Aff namoro é mó bom
Peter- Tão bom que tu tem dois né Júlia
Júlia- Exatamente
Todo mundo olhou pra Myrella por um momento
Dante - E tu princesa?
Myrella - Eu o que?
Peter - Vai namorar quando? Jiyong tá aí doidinho pra tu
Myrella - Não quero o Jiyong não po, atraso na minha vida
Danni - Mas nem pouquinho My? Não vai dar nem uma chance?
Myrella- Primeiramente não me chama de My, segundo NÃO
Danni - Tá bom... Não ta mais aqui quem falou
Danni se encostou no peito de Júlia e continuou absorvendo aquela atmosfera antes de começar a anoitecer e todos entrarem dentro de casa. A luz fraca da lâmpada não era das melhores mas era boa o suficiente para iluminar o ambiente
Sentados no chão estavam Øystein, Loki e Jørn mexendo na parte de trás da televisão, Jungkook via um vídeo no celular no volume máximo que pelo som dava pra reconhecer como algum vídeo ensinando como consertar uma televisão de tubo, Seung e Jiyong fumavam cada um, um cigarro enquanto olhavam para baixo na televisão e Mercúrio segurava uma caixa de ferramentas entregando para Jørn quando ele pedia. Homens burros
As meninas (e Peter) se sentaram no sofá de couro enquanto observavam o trabalho dos meninos
Seung - Desiste de botar sinal nessa porra, tem fita cacete, bota uma fita de filme e a gente assiste
Jiyong - Peso boy! Eu ouvi dizer que tinha umas fita pornô foda que nunca foi remasterizada!
Mercúrio - Foda boy! Aquele veio tem uma cara de safado da porra! Deve ter por ai!
Øystein- TÁ DOIDO PORRA??? A GENTE É FAMÍLIA PORRA
Fiuk voltou com uma caixa de fita cacete e após procurar durante algum tempo acabaram colocando A Morte do Demônio de 1981 na televisão, o filme não dava medo nenhum então foi tranquilo até mesmo pra Júlia assistir, depois de jantarem bolacha com doce goiabada todos foram dormir em seus respectivos quartos
A noite na casa alugada se instalou como um fantasma, silenciosa e fria. A única luz vinha da lua, que espreitava pelas janelas, banhando o quarto em um brilho prateado. Júlia se remexeu na cama, a raiva ainda fervendo em suas veias como um caldeirão. As palavras de Jørn ecoavam em sua mente: " Deixa esse trabalho pro homem da casa amor"
Ela fechou os olhos com força, tentando ignorar o incômodo da cama de casal apertada para ela e seu irmão. A madeira rangia levemente a cada movimento, como se a casa estivesse respirando, acompanhando o ritmo de sua frustração.
Øystein, deitado ao lado, fingia ler um livro cobre comunismo, mas a tensão em seus ombros denunciava sua frustração. Ele podia sentir o olhar de Júlia sobre ele, a raiva dela como um peso sobre sua própria alma, ambos irmãos com raiva exalando ódio naquela cama. Daniele, a nega que ele amava, estava a metros de distância, com outro homem, e a única coisa que ele conseguia pensar era na dor em seu peito.
Myrella, na cama mais próxima da janela, resmungava baixinho, escondendo o rosto no travesseiro. Ela odiava a floresta, odiava a casa, odiava a viagem, odiava aquele quarto, odiava Jiyong. Era um pesadelo, e cada minuto que passava era um tormento.
Um vento gélido soprou lá fora, fazendo as árvores se curvarem. A casa tremeu levemente, como se o vento estivesse batendo em suas paredes. Júlia se encolheu na cama, um arrepio percorrendo sua espinha.
Øystein fechou o livro com um baque, a raiva em seus olhos se acendendo como uma chama.
Øystein- Desgraça de vento maldito, por que a gente inventou de viajar ein??
Júlia- Cala a boca Øystein, você que insistiu
Myrella se virou, o rosto pálido ficando ainda mais branco dado a temperatura
Myrella - Parece que está ficando frio - ela disse, a voz tremendo. Júlia se levantou, os pés descalços tocando o chão frio
Júlia - Eu vou fechar a janela - ela disse, a voz firme, mas com um tremor que ela tentava disfarçar.
Ela caminhou até a janela, a madeira fria e úmida sob seus dedos. O vento frio batia em seu rosto, e ela podia sentir o cheiro úmido da floresta, carregado de um aroma estranho, quase fétido.
Ao olhar para a escuridão lá fora, ela teve a sensação de que algo a observava. Um olhar frio e penetrante, como se uma criatura sombria estivesse escondida nas árvores esperando o momento certo para atacar mas achou que devia ser somente sua paranoia a tentando sabotar para não aproveitar a viagem
Ela fechou a janela com força, o som metálico ecoando no silêncio da casa
Ela voltou para a cama, mas não conseguiu dormir do mais puro ódio contra seu namorado. Virou seu irmão de costas para dormir o abraçando e Øystein não se importou com tal ato
Øystein e Myrella também estavam inquietos. O vento uivava lá fora, e a casa parecia respirar, como se estivesse viva e consciente de seus medos.
No quarto ao lado estavam Peter e Jungkook, a névoa da floresta se infiltrava pela janela. Peter sentado na cama observava a névoa enquanto a escuridão da noite se instalava no quarto, mas seus pensamentos estavam muito além daquele lugar. Jungkook, deitado ao seu lado encarava o rosto do namorado planejando todas as frases da próxima discussão
Jungkook - Você precisa dormir, Peter - disse Jungkook com um suspiro - Está muito cansado. As férias são para relaxar, não para ficar pensando em coisas que não existem caralho
Peter encarou o namorado, a expressão sombria - Mas... eu ouvi o que aquele velho disse. Juro que ouvi! Eu não tô maluco!
Jungkook - O que, Peter? O que você ouviu? - Jungkook perguntou, a paciência começando a se esgotar
Peter - O velho! O proprietário da casa! Ele estava falando mal dela, Jungkook! Falou mal de mim! Falou mal de Painho! E ainda ficou olhando estranho pra barriga dela! - Peter se encolheu, a voz tremendo de raiva, como Jungkook podia ser tão apático quando o assunto se voltava para sua família?
Jungkook suspirou, a irritação se misturando com frustração
Jungkook - Peter, você já está com esse medo desde que essa buceta desse veio apareceu aqui! Você precisa parar caralho! A tua irmã tá bem! Tá no quarto aqui do lado com outros dois machos protegendo ela!
Peter - Mas... o que se eu estiver certo? E se ele realmente estiver planejando algo? - Peter se levantou da cama olhando para o seu namorado - E se ele for um psicopata? E se ele quiser dar uma de Nazaré e roubar o bebê dela?
Jungkook - Peter, calma! Não existe nenhum psicopata! Você está cansado, estressado. É só isso! Aonde já se viu um psicopata de 80 anos? Você não vai estragar nossa viagem por causa disso! - Jungkook se levantou e segurou os ombros de Peter, forçando-o a se sentar - Você precisa descansar. Amanhã, com a cabeça fresca, você vai ver que tudo não passou de uma frescura! Dorme que passa! A tua irmã deve tá dando a buceta agorinha pra dois machos lá no quarto e você se preocupando ai!
Peter - NÃO FALA ASSIM DA MINHA IRMÃ! - Peter empurrou Jungkook e cruzou os braços com raiva no seu lado da cama, não olhava para Jungkook
A sombra da paranoia pairava sobre ele, mais densa do que a névoa que se espreitava pela janela. A floresta, antes um refúgio tranquilo, agora parecia um palco para seus medos.
Jungkook - Desculpa... - Jungkook suspirou falando baixo e acariciando os nós da mão de Peter - Você está com medo, Peter? - Jungkook perguntou, a voz suave, mas a preocupação transparecia em seus olhos
Peter- Eu... eu não sei. É como se eu estivesse perdendo a cabeça Jungkook. Ouço coisas
Jungkook - Você está cansado. Está com medo, é normal Peter, mas não deixe que isso te domine - Jungkook acariciou o rosto de Peter, os dedos frios procurando transmitir um pouco de paz
Peter - E se eu estiver errado? E se eu estiver perdendo a minha sanidade?
Jungkook - Você não está perdendo a sanidade Peter, você está com medo e eu estou aqui para te ajudar - Jungkook apertou a mão de Peter
A névoa continuava a se mover pela sala, dançando sob o luar que entrava pela janela. A escuridão da floresta se espreitava
Jungkook - Vamos dormirPeter, amanhã tudo vai estar bem
Peter se aninhou no peito de Jungkook, buscando a segurança que ele oferecia. A névoa da floresta, antes um prenúncio de terror, agora parecia um manto protetor, envolvendo-os em um abraço silencioso. Mas a sombra da paranoia ainda pairava, escondida no fundo da mente de Peter, esperando o momento certo para retornar
Na sua diagonal estava Mercúrio
A luz prateada da lua entrava pela janela deixando o quarto que na visão de Mercúrio era acolhedor. Pietro, deitado na cama com o celular na mão, observava a tela com um sorriso leve a imagem de Wanda, sua irmã gêmea preenchia a tela
Wanda - Então, como estão as férias? Já fizeram alguma aventura épica? Já queimaram a casa acidentalmente - Wanda perguntou, a voz carregada de entusiasmo pelo seu irmão
Mercúrio - É... Estamos bem. A casa é legal, a floresta é bonita... Só que... sabe, tá meio vazio sem você aqui - Mercúrio confessou, a voz um pouco mais baixa dando de ombros, a verdade é que Mercúrio não conseguia ficar muito tempo longe da sua irmã, era como se algo faltasse nele, algo estava ausente, algo que todo mundo naquela casa parecia ter, menos ele
Wanda franziu a testa, seus olhos verdes brilhando com uma ponta de preocupação - O que foi Pietro? Tá tudo bem? Você não tá sentindo saudade de casa né? Quer que eu chame a sua filha pra falar na chamada? - indagou, a voz suave. Mercúrio odiava que o chamassem pelo nome, mas abriria essa brecha pra sua irmã
Mercúrio - Não é bem isso... É que... Você sabe como eu sou né? Sem você, eu fico meio... Estranho...
Wanda observava o irmão com atenção. Ela conhecia Mercúrio melhor do que ninguém, sabia que por trás da energia contagiante e da alegria constante existia uma fragilidade que ele tentava esconder.
Wanda- Eu sei meu bem, mas você tem que se divertir, aproveitar! E seus amigos estão aí com você, não estão?
Mercúrio - É... Mas não é a mesma coisa
Wanda - Pietro, eu te entendo. Eu também sinto sua falta, mas eu tenho que ficar aqui, sabe? Eu que tô cuidando da tua filha já que papai tá trabalhando em campanha! Tem muita coisa acontecendo, mas vou ver o que posso fazer
Mercúrio- Sério? Você acha que consegue? - Mercúrio perguntou, seus olhos brilhando com uma alegria repentina.
Wanda - Vou tentar, você sabe que eu amo você - Disse Wanda, um sorriso reconfortante se formando em seus lábios.
Mercúrio sorrio, o sorriso idêntico ao da sua irmã do lado da tela
Mercúrio - PROMETA
Wanda - PROMETOKKKKKKKKKK
Mercúrio - Eu te amo Wanda, mas não fala pra ninguém que eu disse isso sua água de salsicha escalada
Wanda - Também te amo viado de cego, aproveite as férias! E me conte tudo quando eu chegar!
A chamada terminou, ele ainda sentia falta de Wanda, mas a promessa dela o fazia acreditar que ela realmente viria. Mercúrio se deitou de bruços e foi dormir
No último quarto do corredor estava Danni, Seung e Jiyong
A penumbra do quarto, quase palpável, era como um véu sobre tudo. Os raios de lua filtrados pelas cortinas rendadas criavam manchas azuis no chão de madeira e a única luz vinha do abajur sobre a mesinha de cabeceira, lançando um halo amarelado sobre o rosto de Danni
Ela estava deitada de lado, encolhida sob o edredom, os ombros tensos, as mãos apertando o lençol como se estivessem agarradas a um porto seguro. Seung, ao seu lado, observava a inquietação dela com um olhar cheio de preocupação
Seung - Ó pretinha, você está bem? - ele perguntou, a voz suave, quase um sussurro, como se temesse quebrar o silêncio que pairava no ar
Danni - Não sei, Seung. Estou sentindo... algo estranho - ela respondeu, a voz trêmula, como se estivesse prestes a desabar - Como se... houvesse uma presença aqui e não é uma presença boa
Seung se aproximou, enfiando a mão por baixo do edredom, segurando a mão dela com um aperto gentil. A pele dela estava fria e ele sentiu um arrepio percorrer seu braço
Seung - Não seja boba Danni... É só a casa, é antiga, escura... Você está cansada, é só isso
Danni - Não, Seung, eu sinto isso e ... Aquele senhor... Ele olhou para a minha barriga com um olhar... Eu não sei explicar! Era como se... Ele visse algo que eu não queria que ele visse
Seung se endireitou na cama, tentando disfarçar a inquietação que o invadia. Ele não era de se deixar levar por sensações, mas a insistência de Danni, a palidez do seu rosto e a forma como ela se encolhia, como uma flor murcha, o deixavam perturbado
Seung - Danni, não ligue para isso. Ele é só um vizinho, um velho maluco, ele é dono da casa
... Você está imaginando coisas - Ele disse alisando os cabelos da morena
Danni - Mas... Eu não gosto da sensação e a casa... A casa está fria, como se estivesse... chorando...
A voz de Danni era um fio de voz, quase imperceptível, mas carregava um peso que deixava Seung inquieto. Ele queria abraçá-la, dizer que tudo ficaria bem, mas as palavras não saíam, novamente a timidez dos seus anos de ensino médio voltaram, a insegurança, a tristeza, a depressão, tudo por um momento muito rápido.
De novo não. Ele fechou os olhos e balançou a cabeça expulsando tudo aquilo, abriu um sorriso confortante e se aninhou para mais perto de Danni, mas não conseguia negar a sensação de algo estranho
Seung - Danni... Não precisa ter medo, eu estou aqui com você e Jiyong também vai chegar daqui a pouco - Ele disse tentando soar confiante, mas sua voz traía a própria insegurança
Danni - Seung eu não sei... Eu não gosto dessa casa... E eu não gosto de ficar sozinha.
De repente, a porta se abriu com um estalo, e Jiyong entrou, com um sorriso largo e com um leve cheiro de maconha
Jiyong - Dale meus comparças! Motel fechou por hoje! - Ele anunciou, a voz animada rompendo o clima denso que pairava no quarto. Chegou o estraga imersão, o empata foda, o boca de alto falante
Seung - Achava que tinha morrido de overdose já porra! A Danni está se sentindo mal, faz alguma coisa - Seung disse, aliviado pela presença do amigo
Jiyong - O que foi Danni? Tá com dor de cabeça? Abstinência de cigarro? Fome? Deixa eu te dar um abraço, vai passar - Jiyong disse, se aproximando da cama abraçando Danni que soltava pequenos "Não! Não! Você tá fedendo a maconha!" Mas Jiyong ignorava e a abraçava mesmo assim. Jiyong se sentou na cama e encarou Danni com um olhar divertido, pra não dizer chapado
Jiyong - Deixa de drama Danni. Você está grávida, é normal ter umas paranóias, as relaxa, essa casa é segura e eu e o Seung estamos aqui pra te proteger! Ninguém mexe com bandido! - Jiyong se aproximou de Danni, a abraçando de lado
Jiyong - Vamos dormir todos juntos, assim você não fica com medo. Eu, você e o Seung
Danni hesitou, xingando Jiyong por dentro mas a insistência do mesmo e o olhar de Seung, que transmitia um pedido silencioso, a convenceram. Ela realmente tinha conseguido deixar Seung com mais medo do que ela
Danni - Tudo bem... Mas eu não gosto de ficar apertada não
Jiyong - Relaxa pretinha, apertada aqui só a tua buceta
Danni - OI???????????
Seung- KKKKKKJKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKJKKKKKK AÍ QUE ODIOKKKKKKKKKKKKK
Danni - SEUNG FALA ALGUMA COISA!
Seung - Po cara fala esses gore não, o clima mó sério e tu vem falar de buceta vai se foder Jiyong! - Seung disse batendo na cabeça de Jiyong o repreendendo, mas o mesmo não passava muita autoridade pois estava segurando a risada. Jiyong sorriu
Jiyong - Foi mal, foi mal, eu to meio alto e não tô pensando antes de falar, desculpa Danni
Jiyong se ajeitou na cama, puxando Danni para perto a envolvendo em um abraço apertado e Jiyong fez o mesmo. Danni não gostou muito de dormir agarrada desse jeito, tinha enfiado na sua cabeça que Jiyong namorava Myrella mesmo ela odiando ele, e a ideia de acordar cheirando a maconha não parecia muito agradável não
A luz fraca do abajur e o cheiro da maconha se misturavam com o hidratante de Danni, a fazendo querer vomitar. O som da respiração deles, em sincronia, preenchia o silêncio do quarto, como uma melodia suave que tentava afastar a energia ruim da casa. Pelo menos assim Danni se sentia segura, fechou os olhos e dormiu ali
No penúltimo quarto estava Jørn, Dead e Fiuk
A escuridão do quarto se agarrava a Dead como um manto úmido, a única luz que trespassava as cortinas grossas era a tênue claridade da lua, que se espremia entre as árvores e pintava o chão com manchas prateadas. O ar estava denso, carregado de um cheiro úmido de terra e madeira.
Dead se remexeu na cama, a pele arrepiada, o corpo inteiro tremia, um tremor que ele não conseguia controlar. A cena do corredor ainda martelava em sua mente: A porta do quarto ao lado, antes aberta, se fechando sozinha, como se movida por uma força invisível.
A noite já estava horrível o suficiente até algo mais acontecer, Dead sentiu cada pelo do seu corpo arrepiar ouvindo sons que não eram a respiração do seu irmão, ou de Jørn. Os sussurros, quase inaudíveis, que ecoavam pela escuridão, pareciam se infiltrar em seus ossos, gélidos e ameaçadores.
Ele se sentou na cama, o coração batendo forte no peito. A madeira do beliche rangia sob seu peso, um som que parecia ecoar no silêncio da noite. Os olhos de Dead percorriam o quarto, procurando por qualquer sinal de movimento, qualquer sombra que pudesse se transformar em algo terrível
Jørn e Fiuk dormiam profundamente no beliche de cima, suas respirações regulares e tranquilas. Dead sentia um aperto no peito ao olhar para eles. Como eles podiam dormir tão serenamente em meio àquela atmosfera carregada de medo? Principalmente Jørn que tinha ouvido sua história!
Ele se levantou, a cabeça latejando. A sensação de que algo o observava era quase palpável, como se um olhar frio e penetrante o perfurasse pelas costas.
Com passos hesitantes, Dead se aproximou da porta. A madeira estava fria e úmida sob seus dedos, ele tentou abri-la, mas a porta estava emperrada
Dead - Filipe? Jørn? - sussurrou, sua voz rouca de medo.
Nenhuma resposta.
Ele tentou novamente, com mais força, mas a porta não se moveu.
Ainda nada.
Dead se encostou na porta, a respiração rápida e superficial. O medo o invadia, gelado e opressivo. Ele sentia que algo o observava, algo que se escondia nas sombras, esperando o momento certo para atacar mas sabia que não estava naquele quarto. Era um sentimento estranho, sabia exatamente que o que é que estivesse lá, não estava no quarto
A porta rangeu, um som quase imperceptível, mas que fez Dead se encolher de terror. Ele se virou, os olhos procurando a fonte do barulho no corredor. A porta realmente abriu sozinha revelando o corredor vazio e escuro
Nada
Dead se enfiou no corredor, seus pés descalços tocando o piso frio e irregular. A cada passo, a sensação de ser observado se intensificava, como se olhos invisíveis o espreitassem das sombras e o único som audível era a madeira do piso rangendo conforme Dead andava
A casa era antiga, com paredes grossas de madeira e um cheiro de mofo que impregnava tudo
A única luz que iluminava o corredor era a tênue claridade da lua que entrava pela janela no final dele mesmo, lançando sombras longas e distorcidas nas paredes.
Dead se moveu lentamente, os sentidos em alerta máximo. Ele podia sentir a presença, como um vento frio que lhe atravessava a pele, deixando um rastro de arrepios. Era uma sensação de puro terror, como se algo invisível estivesse se aproximando, pronto para se lançar sobre ele
O cheiro de terra úmida se intensificou, misturado a um odor metálico que lhe causava náuseas. Ele parou, o corpo tenso, os olhos procurando por qualquer sinal de movimento.
Nada.
Mas ele podia sentir, com toda a força de seu ser, que não estava sozinho. A sensação de ser observado se intensifico, era como se algo o estivesse espiando por trás de cada sombra, por trás de cada porta fechada.
Dead respirou fundo, tentando controlar o pânico que o consumia.
Mas ele sentia que não estava sozinho. Uma presença gélida se instalou no corredor, um cheiro de terra úmida e algo mais, algo indefinível, como se o próprio ar estivesse contaminado por uma energia malévola
De repente essa força o pareceu atravessar, um grande vento frio e gélido como a morta pareceu cortar seu corpo o atravessando, o impacto foi tão forte que Dead um um passo para trás, se sentiu tão frio que parecia estar morto
Dead se encostou na parede, as costas frias e úmidas. Ele fechou os olhos com força, tentando ignorar a sensação de pânico que o consumia
"Pelle?", uma voz rouca e preocupada o chamou
Ele abriu os olhos, encontrando o olhar de Fiuk, cheio de preocupação.
Fiuk - Pelle? O que foi? Você está bem? - a voz de Fiuk ecoou pelo corredor, carregada de preocupação
Dead se virou, seus olhos vermelhos e assustados procurando por Fiuk na penumbra
Dead - Filipe? - Ele sussurrou, a voz baixa, fraca e assustada porém aliviado por ouvir a voz familiar
Fiuk - Sim, Dead. O que foi? - Fiuk perguntou, se aproximando.
Dead se encolheu, buscando conforto na presença de seu irmão
Dead - Eu... eu ouvi algo - ele conseguiu dizer, a voz trêmula
Fiuk - O que você ouviu? - Fiuk perguntou, seus olhos procurando por qualquer sinal de perigo.
Dead - Sussurros... Alguém... - Dead gesticulou, apontando para o 6° quarto interdito. Fiuk se aproximou, colocando a mão no ombro de Dead.
Fiuk - Não tem ninguém aí, Dead. Você está imaginando coisas - disse Fiuk, tentando acalmar o irmão
Dead se encolheu, procurando conforto no abraço de seu irmão. Ele ainda sentia a presença, a sensação de ser observado, mas a voz de Fiuk o acalmava, mesmo que por um instante
Fiuk - Vamos voltar para a cama - Ele disse conduzindo Dead de volta para o quarto
Dead se deixou levar, a sensação de medo ainda o assombrando, mas a presença de Fiuk ao seu lado lhe dava uma sensação de segurança
Ele respirou fundo, tentando controlar a respiração acelerada. A escuridão do quarto parecia mais ameaçadora do que nunca, mas ele tentava se convencer de que era apenas a sua imaginação
Mas a sensação de ser observado não o deixava. Era como se algo invisível estivesse se escondendo nas sombras, esperando o momento certo para se revelar
Fiuk - O que foi, Dead? Você está bem? - Dead tentou falar, mas as palavras não saíam. Ele apenas balançou a cabeça, incapaz de encontrar forças para explicar o que o atormentava
Fiuk - Eu sei que você está assustado, mas não tem nada aqui. É só a sua imaginação - Ele disse conduzindo Dead de volta para o beliche.
Dead se deitou, o corpo ainda tremendo. Fiuk se deitou ao lado
Fiuk - Vai dormir Dead - sussurrou Fiuk cruzando os braços e fechando os olhos
Dead fechou os olhos, tentando se acalmar. O medo ainda o assombrava, mas a presença de Fiuk ao seu lado lhe dava uma sensação de segurança
Dead - Fiuk? - Ele sussurrou, a voz quase inaudível.
Fiuk - Sim, Dead? - Fiuk respondeu, a voz suave ainda de olhos fechados
Dead - Você está com medo? - Fiuk hesitou por um instante, antes de responder, que pergunta estranha de se fazer
Fiuk - Um pouco
Ele sabia que o medo ainda o assombrava, mas ter Fiuk ao seu lado o fazia sentir que não estava sozinho.
Ele fechou os olhos novamente, tentando dormir, mas a imagem da porta se fechando sozinha, os sussurros que ecoavam pela escuridão, ainda o perseguiam.
A noite estava longe de acabar, e o medo ainda rondava a casa. A porta rangeu sob seus dedos trêmulos, como se reclamasse por ser interrompida em seu sono de madeira. O ar frio do corredor o atingiu como um sopro gélido, carregado de um cheiro úmido que lembrava terra molhada e folhas em decomposição. A escuridão do corredor era tão densa que parecia ter vida própria, engolfando-o como uma névoa espessa.
Uma coisa era clara, algo mudou em Dead naquela noite
No dia seguinte, todos haviam combinado de ir para o tal vilarejo que o senhor tinha avisado ontem
Danni ainda muito apreensiva pelos comentários que Júlia e seu irmão, Peter fizeram sobre, mas decidiu concordar mesmo assim
Todos os amigos estavam na frente da casa já prontos para ir, só faltava Pelle
Myrella - Cadê teu irmão ein? A gente vai acabar ficando aqui o dia todo! - Myrella falou frustrada e impaciente
Jiyong - Calma princesa! A gente arruma uma maneira de passar o tempo até ele chegar... - Jiyong disse se aproximando de Myrella colocando as mãos nos seus ombros mas Myrella rapidamente puxou os dedos do mesmo para trás o fazendo gemer de dor e se afastar
Danni - Eu não sei onde o Dead tá! Vai da dentro procurar Júlia?
Júlia bufou de raiva antes de assentir com a cabeça concordando em ir dentro de casa atrás de Dead. A ruiva abriu a porta e desapareceu dentro da casa de madeira enquanto seus amigos esperavam lá na frente
Fiuk- O Danni... Peter... - Fiuk com sua voz fraca puxou seus irmãos para um pouco mais longe dos demais, por sorte nenhum havia notado pois estavam mais ocupados se frustrando com o atraso de Dead
Danni - Oi Filipe, qual o problema?
Fiuk - Então... Vocês sabem que eu divido quarto com o Dead e o Jørn, certo? - Ambos assentiram com as cabeças olhando para o mais velho
Fiuk- Então... Ontem a noite eu escutei um barulho e fui atrás do som, e o Dead tava no corredor completamente apavorado e eu não sei te dizer que isso tem ligação com hoje! - Fiuk disse baixo. Dead tem um histórico não muito confiável de surtos, alucinações, mudanças de humor e normalmente essas mudanças quando muito fortes eram mortais tanto quanto para Dead, quanto para os outros.
Danni - Olha... Jørn contou algo pra Júlia ontem, que acabou me contando hoje. Dead disse que viu a porta do 6° quarto, o que tá trancando abrindo e fechando! Não sei se tem muito a ver... - Danni disse baixo se aproximando mais dos seus irmãos para aquilo que eles estavam conversando não se espalhar
Fiuk - Exatamente! Ele disse que estava ouvindo barulho e sussurros, e pelos olhares que ele tava para esse quarto...
Peter - Já entendemos onde você você quer chegar - Peter falou por cima
Essa viagem já estava dando muita dor de cabeça, fosse pelo incidente com o velho e agora isso. Se Dead realmente estivesse passando por outro momento psicótico isso significava que todos iriam ter que voltar pra casa. Peter suspirou já disposto a propor isso mas Danni falou antes
Danni - Eu sei o que você vai falar! Mas o Dead tava tão animado pra essa viagem... Ele nunca sai de casa... - A mesma falou apreensiva com o pensamento de desistir dessa viagem que seu irmão tanto queria
Peter - Achei que fosse você que queria ir embora daqui
Danni - E eu quero! Mas talvez se trocarmos ele de quarto... Ou só esclarecer as coisas pra ele seja melhor...
Fiuk - Daniele, você não quer ficar aqui. Eu não quero ficar aqui. Peter que alugou essa casa não quer ficar aqui! Por que deveríamos ficar por causa do Dead?
Danni - Porque ele é o nosso irmão...
A frase pareceu pesar entre eles por um momento, era óbvio que eles precisavam sair dali pra própria segurança deles mesmo e do irmão, mas Dead se recusaria a sair, ele provavelmente só iria fazer questão de trocar de quarto. Era muito mais provável arrastar ele de volta para casa e quando finalmente chegasse em Nova Descoberta tivesse um surto de raiva
Fiuk- Você tá disposta a passar mais 5 dias aqui pelo seu irmão dodoizinho? - Fiuk perguntou com um leve sorriso
Danni - Sim... - Danni sorriu de volta, Peter entretanto era mais guiado pela razão naquele momento mas decidiu concordar. Pelo menos por hora
Peter - Tanto faz...
Dentro da casa Júlia procurava em cada canto atrás de seu namorado. Durante o dia aquela casa parecia bem mais aconchegante do que a noite, o cheiro de terra e pinheiro parecia agradável, lembrava Júlia de um antigo sonho seu de se casar e viver em uma casa longe de tudo com seus filhos
Júlia chamava por Dead mas não ouvia resposta, o único som era sua voz ecoando pela casa juntamente do ranger do piso de madeira. A mesma adentrou a cozinha o procurando mas novamente, sem nenhum sinal dele
Ela andou para o banheiro, mas ele também não estava lá. O ar fresco da manhã entrava pela janela aberta, mas a casa antiga parecia respirar um ar pesado, carregado de um silêncio inquietante. Júlia caminhou pelos corredores de madeira escura, o crepitar das tábuas sob seus pés ecoando como um aviso.
O cheiro de madeira velha pairava no ar, misturado a um aroma indefinível, a mesma balançou olhando a sacada de trás da casa procurando pelo loiro, novamente sem sucesso
Ela chamou por Dead, sua voz ecoando pela floresta vazia, mas só o silêncio respondeu. A casa antes aconchegante, agora parecia se esticar, cada vez maior, como se Dead tivesse desaparecido nela, seus cantos escuros se tornando cada vez mais longos, grandes e vazios. Ela finalmente subiu a escada de madeira, o segundo andar sendo o único lugar que ela ainda não havia procurado, cada degrau rangendo como um gemido, suas sapatilhas pretas acompanhadas de seu vestido rosa com moranguinhos sendo a única cor naquele ambiente
No andar de cima, o cheiro de mofo se intensificava, e a sensação de ser observada a oprimia. Algo de errado estava naquele andar, algo estava lá, algo que não havia no resto da casa
O corredor estava escuro e apenas um fio de luz fraca se espreitava pela última janela do corredor, e lá no final, estava Dead.
Júlia hesitou, o coração batendo forte no peito, um arrepio percorreu sua espinha, e ela sentiu um aperto na garganta, como se a própria casa estivesse segurando seu fôlego. Por que raios Dead estava agachado, sozinho, no final do corredor encarando uma porta?
Ela ela deu passos lentos com cautela. Dead estava agachado no chão, 1 metro de distância da porta do quarto trancado, seus olhos fixos na madeira escura, um olhar vazio e distante. Seus lábios se moviam, mas as palavras eram inaudíveis, como se ele estivesse sussurrando, mas óbvio que ele falava algo. Seus dedos tamborilavam nervosamente no chão, e seu corpo tremia levemente, como se estivesse sendo sacudido
Júlia sentiu um nó na garganta. Era como se ele estivesse em transe, preso em um mundo que ela não conseguia ver. O ar ficou denso, pesado, como se uma névoa escura tivesse se instalado na sala
Júlia - Dead? - Ela chamou, sua voz rouca, quase inaudível.
Ele não se mexeu, não mostrou uma reação, nem parecia ter ouvido sua voz. Seus olhos continuaram contra a porta, Júlia se esgueirou para olhar seus olhos mas não havia reconhecimento neles, era apenas um vazio assustador
Júlia- Dead... - Ela chamou novamente e dessa vez dessa vez hesitantemente colocando sua mão no ombro de Dead, mesmo pelo tecido da sua roupa, Júlia ainda conseguia sentir a frieza da sua pele
Dead - Já vou descer - Ele murmurou, a voz distante. Ele poderia ter parado de sussurrar mas seu olhar não saiu do lugar que ele encarava nem por um segundo
Júlia não conseguiu conter o medo que a consumia. Ela se aproximou, mas ele se afastou, como se a sua presença o incomodasse.
Júlia - O que aconteceu? -Ela perguntou, sua voz tremendo
Dead - Nada - Ele respondeu rapidamente
Júlia- Mas Dead...
Dead - Já falei que já vou! - Ele falou rápido e ríspido
Ele apenas se levantou e se afastou da porta, não demonstrava vazio dessa vez. Demonstrava raiva
Júlia observou-o se afastar, a sensação de que algo estava terrivelmente errado crescendo dentro dela. O medo se transformava em uma insegurança, e ela sentia que a casa, como um ser vivo, observava cada movimento seu
Dead desceu rapidamente as escadas e Júlia o seguiu com uma certa distância para mandar a segurança, Dead abriu a porta com força o suficiente para a fazer bater e fazer um barulho que fez os outros reconhecem sua presença
Jørn- Finalmen-
Dead - Não me enche Jørn! - Ele falou alto olhando para Jørn com um olhar de raiva antes de ir em direção aos seus irmãos
Jørn não entendeu tal reação agressiva de Pelle, abriu a boca para falar algo mas desistiu quando viu Júlia parada no arco da porta
Júlia tinha um olhar de preocupação e insegurança, mesmo Dead no seu dia mais ciumento e irritado não passava aquele olhar de ódio. Jørn andou para perto dela e envolveu seu corpo em seus braços enquanto lançava um olhar de reprovação para Dead
Dead não se importava nem um pouco, continuava arrisco. Danni sua irmã com uma leve preocupação colocou sua mão no ombro do irmão, Dead sentiu um leve tremor mas assim que olhou pra trás e viu, não somente sua irmã, mas todos os outros com olhares curiosos e ele se amansou um pouco
Mercúrio - Beleza isso foi estranho, mas vamo logo pra seja lá onde
Todos concordaram e seguiram por uma trilha ali mesmo que seguindo Peter que tinha visto no Google Maps, levaria pro vilarejo
A floresta era densa e pesada, os raios de luz eram filtrados pela folhas nas árvores o que a deixava levemente escura, mas ainda assim, clara o suficiente para ter certeza que ainda era dia. Era óbvio que se você saísse da trilha iria se perder então todos andavam muito perto
Júlia olhava para Dead com desconfiança, ocasionalmente se encontrava encarando Dead de uma forma curiosa e insegura, se perguntava o que estava acontecendo com ele. Jørn por outro lado segurava a mão de Júlia e apertava toda vez que a mesma olhava pra Dead como uma forma de repreender
Jørn- Não olha pra esse maluco do caralho, já tá surtando - Jørn sussurrou colocando a mão no rosto de Júlia beijando o topo de sua cabeça enquanto fitava Dead com raiva
Dead andava em silêncio do lado de Øystein, Øystein não tinha comentado nada mas tinha um sorriso no rosto enquanto andava. Øystein achava de um nível de entretenimento ver seu amigo surtando, não sabia explicar. Talvez isso o fizesse um mal amigo, mas nada o fazia dar mais risadas do que ver Dead com raiva de alguma coisa
Seung - Eita, pera ai princesa! Vai acabar caindo! - Seung disse exageradamente, andando para frente e pulando sobre uma pequena descida e estendendo a mão pra Danni segurar sua mão e descer
Danni - Seung para com isso... Eu to grávida e não deficiente... - Ela falou segurando a mão do mesmo e descendo com a segurança que ele queria - Fora que tá no início da gravidez ainda...
Seung - Cuidado nunca é de mais! - Ele disse rindo
Jiyong - Tá vendo? Por que você não é assim?
Myrella - Porque eu te odeio, não é óbvio?
Jungkook - KKKKKKKKJKKJKKKKKKKKKKKKKKK
Peter - Para de rir amor
Fiuk - Nossa, esses mato aí me da uma vontade de fumar maconha...
Jiyong- ENTÃO BOY! - Os olhos de Jiyong se iluminaram com aquele comentário e ele correu para Fiuk com um sorriso no rosto e bateu em sua mão
Fiuk e Jiyong começaram a andar de braços enrolados pelo caminho. Quem ficou sobrando? Mercúrio
Até Myrella andava agarrada a Júlia, os casalzinhos, Mercúrio queria sua irmã ali
O caminho continuou por mais algum tempo antes de finalmente avistarem outras pessoas. Jørn como líder ativo resolveu que seria melhor se separarem em grupos para conseguir comprar o máximo de coisas possíveis para levar de lembrança obviamente e abastecer a casa
Jungkook revirou os olhos, odiava como todo mundo obedecia Jørn sem nem pensar duas vezes, mas pelo menos assim conseguia algum momento a sós com seu namorado
Os grupos eram:
1° Danni, Seung, Júlia e Dead
2° Myrella, Øystein e Jørn
3° Peter e Jungkook
4° Mercúrio, Fiuk e Jiyong
O primeiro grupo foi em direção a umas barracas sem muitas expectativas. Danni e Júlia brincavam batendo mãos umas nas outras durante a trilha para as barraquinhas, Seung sorria ouvindo o som das suas risadas preencher o lugar, Dead agora mais calmo, tinha um leve sorriso no rosto
Quando chegaram na barraca, Dead foi o primeiro a enxergar que nela vendiam bijuterias. Lugar estranho para vender esse tipo de coisa
Dead - Ei bonitinha! Tá de quanto o anel? - Ele perguntou apontando para o todo da barraca
- Tá de 15 reais! - A moça respondeu
Dead sem pensar duas vezes comprou o maior que tinha e mais bonito, as meninas sem entender apenas soltavam risadinhas se perguntando se Dead tinha virado viado a ponto de usar anel de menina como aquele
Dead - Júlia ... - Ele falou segurando a mão esquerda da mesma com suavidade. Júlia arregalou os olhos e automaticamente parou de rir, Dead delicadamente colocou o anel no seu dedo anelar antes de olhar seu rosto e sorrir
Dead - Pra você surtarda! - Ele falou sorrindo, Júlia deu um riso fraco agradecendo sem jeito
Seung andou para frente pra comprar um pra Danni e Danni rapidamente o impediu, eles não namoravam, pra que anel? Danni mal conseguia olhar pra antiga aliança de seu namoro com Øystein que ainda estava no seu quarto, lá na casa de seu pai Banner
Danni - NÃO SEUNG! NEM INVENTE!
Seung - Aahhh mas meu mano Dead comprou pra dar pra nega dele! Eu compro um pra minha também!
Danni - Mas Seung a gente não namora...
Seung - Eu compro um bracelete! - Seung falou com mesmo sorriso de sempre
Danni suspirou desistindo de o convencer, Dead segurava a cintura de Júlia enquanto esperava os dois se resolverem
Júlia não se sentiu nem um pouco bem com aquela tornozeleira eletrônica no seu dedo, parecia que o ato "romântico" de Dead tinha a deixado ainda mais insegura e aflita, mas decidiu ignorar isso
Após Seung finalmente comprar o bracelete e colocar no braço de Danni eles seguram passos até uma feira de frutas ali do lado, compraram frutas e continuaram andando pelo pequeno vilarejo com seus pequenos, minúsculos, comércios
O segundo grupo era o grupo dos "responsáveis". Eles tinham uma ideia bem clara do que queriam comprar e não iriam comprar outra coisa
Øystein suspirou com raiva do barulho local, que eram literalmente dos "habitantes"...? Não sabia se aquelas pessoas realmente moravam ali oi só frequentavam esse lugar para comprar comidas mais frescas
Jørn - Tá com raivinha criança? - Jørn falou bricando cutucando a nuca de Øystein
Øystein irritado como sempre bateu na mão de Jørn que continuou sorrindo de toda situação. Myrella não estava perto deles, finalmente estava longe de Júlia então poderia comprar todo doce que queria sem a repreensão da mesma pela sua diabete, estava tão focada que nem reparou Jørn e Øystein olhando para ela com uma expressão curiosa
Jørn- Que isso aí Myrella? - Jørn perguntou olhando pros biscoitos e pirulitos na mão dela
Øystein- Você sabe que eles nunca vendem essas coisas né? Já deve tá vencido po
Myrella - Tome conta da sua vida!
O terceiro grupo, ou melhor, dupla. Não tinha muito o que se falar, Peter e Jungkook guiados pela energia romântica que emanava um dos outros, apenas comprou coisas uns pros outros, focados apenas no seu próprio relacionamento
O quarto grupo, era com certeza o mais irresponsável. Tinham literalmente colocado 3 maconheiros com um objetivo e era óbvio que eles não iriam cumprir direito
Jiyong, Mercúrio e Fiuk se empurravam e riam enquanto andavam pela estrada de pedra. Os moradores dali todos os encarando com desdém mas eles não se importavam
Na verdade, todos os moradores encaravam não somente eles, mas todos os outros. Talvez se Danni e Júlia não estivessem inseguras recebendo atenção por Dead e Seung tinham notado. Talvez se Peter e Jungkook não estivessem tão ocupados concentrados no seu relacionamento egoísta. Ou Myrella que prejudicava sua própria saúde. Ou Øystein e Jørn que não se continuam, não conseguiam cuidar de suas próprias vidas. Ninguém ali era inocente
A gola da camisa de Fiuk foi puxada bruscamente para trás, quando o mesmo se virou viu Jørn revirando os olhos juntamente do resto dos seus amigos
Jørn- O bando de maconheiro safado burro da porra! Mandei vocês comprar tempero! Tão indo pra onde?
Jiyong- Vender! - Jiyong abriu um sorrisinho mostrando um pacote de maconha que ele tinha na mão. Após fazer isso tanto Fiuk como Mercúrio começaram a rir, Jørn revirou os olhos e se virou para ele mesmo comprar o tempero
Seung- Ó mano acende aí
Jiyong- Jaé - Jiyong acendeu um baseado dando uma profunda tragada antes de passar para Seung que fez o mesmo
Jørn estava passando o dinheiro na mão da vendedora enquanto comprava o básico dos temperos: Sal, Cuminho, Açafrão... Júlia estava escorada no peito de Dead que fazia carinho nos cursos cabelos vermelhos da mesma. Peter abraçava sua irmã de costa a alisava a barriga dela enquanto Jungkook tirava uma foto das mãos do seu namorado na barriga de sua cunhada. Jiyong, Seung, Fiuk, Mercúrio e Øystein se humilhavam todos dividindo o mesmo cigarro e Myrella comia escondida os doces que havia vomofafo previamente
Quando Jørn acabou de pagar, o grupo assentiu se virando para ir embora de volta a trilha mas o mesmo senhor de idade do dia anterior estava lá com uma pequena porção de pessoas. Jiyong que estava com beck na mão se engasgou com a fumaça e escondeu seu cigarro atrás das costas
Stan- Vocês vieram aqui no mercado! - Ele disse com um sorriso, mas o brilho do seu olhar não pareceu compartilhar nenhum tipo de alegria aos demais
Jørn- Sim a gente veio...
Stan - Então? Estão gostando da casa?
Peter- Sim sim - Peter atravessou para ficar na frente de sua irmã para a proteger de quaisquer olhares mas fazer isso só atraiu a atenção do grupo
? - Você está grávida? - Uma das senhoras que acompanhava Stan perguntou. Júlia pensou que deveria ser esposa dele, e pensou também se um dia chegaria a essa idade com Jørn ou Dead. Peter entretanto suspirou
Stan - Sim, ela está!
A velha sem nem ao menos pedir permissão empurrou Peter e esticou as mãos em direção a barriga da jovem mas Seung passou a frente
Seung - Sim, sim. Ela tá, por que? - Seung perguntou cruzando os braços se mantendo na frente de Danni, ele se lembrou dos comentários inseguros de Danni na noite passada e tomou um posicionamento enquanto isso
? - Ah... Sim... Eu posso sentir a barriga? - Ela perguntou ainda com as mãos estendidas
Danni abriu a boca para responder mas Peter, Júlia, Seung e Jiyong responderam em um tom único "Não!" Que fez a velha dar um passo para trás com uma decepção no rosto, e um tom de raiva oculto
? - Ah... Por que?
Seung - Porque eu sou o pai e eu não permito você tocar, simples assim... - Ele disse dando de ombros continuando de braços cruzados na frente de Danni
Danni franziu as sobrancelhas e olhou pra ele, ela não tinha certeza disso. Na verdade achava que nem Seung tinha certeza aquilo mas não iria se opor contra isso
Stan - Ora, ele é um pai ciumento! - Ele disse com uma risada abafada
Jørn- Olha a gente deveria ir, a gente veio comprar coisas e o que tinha que comprar já comprou então é melhor já irmos
Stan - Suponho que sim, já está anoitecendo... E não é bom ficar fora de noite - Ele disse aquele frase com um sorriso que fez Júlia se arrepiar somente de olhar mesmo que fosse somente um sorriso inocente
Peter - Certo... - Peter puxou a mão da sua irmã, ao mesmo tempo que se sentia grato por Seung ter defendido sua irmã quando ele mesmo não teve palavras, ele estava roubando o seu lugar como irmão de defende-lá
? - Vejo que você é o pai mas não o marido... - A velha falou observando o jeito como Peter segurou a mão de Danni, Peter gritou de volta:
Peter- ELA É MINHA IRMÃ SUA VELHA! - E saiu dali arrastando sua irmã
A panelinha dos maconheiros deu risada daquilo e todo grupo o acompanhou. Dead segurava a mão de Júlia enquanto andava mas um forte puxão no seu braço direito fez a ruiva parar de andar e se virar rapidamente para trás vendo que a velha segurava seu braço com força
? - Que anel bonito... - Ela disse com um largo sorriso enquanto segurava sua mão
Júlia- O- Obrigada? - Ela disse puxando o braço para trás, Dead se virou segurando os ombros da mesma
Dead - Lindo né? Comprei pra minha namorada!
A expressão da velha pareceu mudar quando viu o semblante de Dead e ela soltou a mão de Júlia
? - Esse anel vai compartilhar o que tem em um no outro
Júlia- Ah puxa! Obrigada!
? - Isso não é uma coisa boa...
Ele disse se afastando, não somente Stan mas todos aquele grupo de pessoas que estava próximo a ele sorriam de uma maneira que Júlia achou assustadora. Dead revirou os olhos achando que a velha estava querendo separar o casal do ano então puxou sua namorada de volta a o seu grupo de amigos de volta para casa
A caminhada durou um pouco mais do que deveria, muito por causa do peso das coisas que os mesmos tinham comprado, tanto quanto pela fadiga da viagem. A floresta ainda estava clara, mas não como antes
Myrella andava por último na fila comendo o resto dos seus doces escondida do olhar de Júlia. Peter ainda segurava a mão da sua irmã fortemente durante a trilha
Jungkook- Ó amor! Eu postei olha! - Jungkook falou mostrando a foto que tinha tirado mais cedo de Peter segurando a barriga de sua irmã
Peter - Cadê? - Ele falou animado soltando a mão da sua irmã para conferir o celular de Junkook
Danni abriu um sorriso e continuou andando. Dead estava estranhamente feliz agora, o que fazia Júlia ter um certo medo afinal, mais cedo ele estava completamente estranho. Dead andava pela trilha e balançava junto da sua namorada em passos lentos e desajeitados enquanto sua risada preenchia o ambiente
Danni observava seu irmão até sentir algo que nem mesmo ela saberia explica. Um calafrio que seguia seu pescoço e acariciava os seus braços, um vento gelado que passava pela mesma que apontava em uma direção. A floresta
Danni encarou a floresta com uma expressão de medo, não era possível enxergar praticamente nada mato a dentro. Quanto mais profundamente os seus olhos procuravam alguém, algo, alguma coisa dentro da floresta, mais afundada ela se sentia
A flora se misturando com a escuridão do entardecer, o barulho dos animais que habitavam nela, tudo parecia prender mais o olhar da mesma. Ela procurava algo, mas não sabia o que, tudo o que ela via era somente vegetação, mas ainda assim, algo não parecia estar certo com aquele lugar
Mesmo que a floresta estivesse em silêncio, somente com barulho dos grilos e outros animais, Danni parecia ouvir uma enorme sinfonia de apavoro. Algo não estava certo naquele lugar
"Daniele?". Danni se virou para ver Myrella com uma expressão confusa olhando para ela
Danni- Nada! Eu acho que eu ouvi alguma coisa só... - Ele disse olhando para Myrella por um tempo antes da floresta novamente
Myrella - Deve ser algum animal, vamos... - Ela disse empurrando levemente Danni para que ela continuasse no caminho da trilha, assim alcançando os outros
Todos entraram na sala e Mercúrio se jogou no sofá se esticando para dormir. Jørn e Øystein foram colocar os alimentos que eles compraram na cozinha, Seung e Jiyong estavam tentando acender a velha lareira
Os meninos tentavam acender a lareija pois a região onde estavam era de muita vegetação, a noite o frio era enorme e como não planejavam dormir tão cedo, seria bom um pouco de aquecimento
Júlia- Ow vou fazer sopa tá bom?
Øystein- Vai lá
Fiuk - Porra Júlia, odeio sopa
Júlia- Oxi problema seu - Ela disse e foi andando para cozinha
Danni estava sentada em uma cadeira de um conjunto que estava na sala. A mesma tinha uma expressão pensativa e aflita, mesmo que quisesse ir pra casa ela não poderia, olha como seu irmão está feliz. Ela olhou para Dead que estava agachado na frente da lareira junto de Seung e Jiyong, o loiro ria de um jeito bobo enquanto se divertia com seus amigos. Danni suspirou movendo sua cabeça para encarar o teto antes de fechar os olhos
Peter - Tá pensando em que? - Peter perguntou puxando uma cadeira e sentando no lado da sua irmã com um sorriso no rosto
Danni - Você acha que tem bicho nesse matagal? - Ela perguntou baixo abrindo os olhos e olhando para seu irmão
Peter - Com certeza! Se brincar até onça tem aqui!
Danni - E bicho homem?
Peter - Hm... Deve ter alguma casa isolada no meio desse mato... Não seria diferente dessa! - Peter falou com uma risada fraca tentando entender o que assombrava sua irmã
Danni - Urgh, Peter... Eu não gosto daqui...
Peter - Só mais 5 dias e a gente volta pra casa, você ainda tem 5 dias pra se divertir aqui!
Danni - Ou 5 dias até eu me matar né
Peter - Fazer uma chamada de vídeo com painho te faria melhor?
Danni - Banner?
Peter - Tony...
Peter ficou um pouco quieto quando Danni falou o nome de seu outro pai. A verdade é que Danni ainda sentia muita saudade de seu pai Banner, mas não tinha muito o que ela podia fazer, Banner a expulsou de casa fazia algumas semanas e desde então a mesma não tinha tido nenhum tipo de contato até agora com ele novamente. Ambos eram inseguros que não mandavam mensagem um pro outro, porém, tudo o que Danni tinha agora era Tony
Peter puxou a cadeira para mais perto de sua irmã e ligou seu celular em chamada de vídeo, Tony rapidamente atendeu e ambos irmãos começaram a conversar com seu pai. Mercúrio de longe observava e fechadava a cara
Mercúrio estava muito magoado ultimamente dado a ausência de sua irmã, não suportava ver Danni interagindo com qualquer um de seus irmãos ou Júlia com Øystein. Uma inveja crescia dentro dele e ele tentava ignorar
Myrella - Abre espaço aí bença! - Myrella falou batendo na nuca de Mercúrio e o mesmo se ajeitou no sofá se sentando, dando espaço para Myrella sentar do seu lado
Fiuk - Vai assistir filme é? Qual? - Fiuk falou se sentando do lado de Myrella no sofá enquanto olhava para televisão de tubo a frente deles
Myrella - Show da fé
Jørn- O sinal da antena não tá pegando e acho que nem vai pegar... - Jørn falou atrás do sofá se escorando e apoiando seus braços nas costas do sofá enquanto olhava para para televisão a frente deles
Øystein- Ótimo... Vamo procurar outra fita... - Ele disse se sentando no chão revirando a caixa cheia de fitas cassetes
Myrella - Tá muito frio! Não vão acender isso nunca é?? - Ela disse jogando o controle da televisão na cabeça de Jiyong que gemeu de dor esfregando o local aonde bateu
Jiyong - Já estamos acedendo amor! - Ele disse alto sorrindo olhando para ela antes de se virar para Seung e Dead sussurrando - A vontade que eu tenho de encher essa menina de paulada às vezes é enorme...
Seung - Irmão, você devia desistir... Essa boyzinha não te quer... - Seung disse tentando pela 7° acender a lareira que estava com uns velhos tocos de madeira, ele tentava na maior paciência do mundo com o isqueiro na mão
Dead - Não desiste não! Eu não desisti da Júlia e olha aí!
Seung - É diferente maninho, tenta aí- Ele disse passando o isqueiro pra mão de Jiyong
Jiyong - A gente tem até o mesmo tipo de mbti! A gente é INTJ! - Jiyong disse impaciente deixando o isqueiro no chão e tentando acender a lareira com dois pedaços de pedra que ele tinha no bolso igual um homem das cavernas
Dead - Como você sabe?
Jiyong - Eu vi no instagram dela
Seung - Quando foi que tu pegou essas pedras?
Jiyong - É de crack, eu tenho que andar com mercadoria, nunca se sabe quando alguém vai querer comprar... - Jiyong falou bufando de raiva desistindo e guardando as pedras no bolso e entregando o isqueiro pra Dead tentar dessa vez
Jiyong - Eu vou ficar maluco boy, vou dale nessa menina, vou ficar igual o Dead batendo em mulher...
Dead - É bom... - Dead falava passando o dedo com rapidez na rodinha do isqueiro tentando acender
Seung - É mais fácil uma mulher bater em tu do que o contrário, fora que tu nunca bateria em uma mulher Jiyong tu é mole de mais pra isso
Dead - Você é pior
Seung - Cala a boca irmão, geral acha que eu sou bandido nas quebradas
Jiyong - Ser um cavalheiro decente e não bater em mulher é ser mole???
Seung- Não disse isso
Dead- Disse sim
Seung - Aff que ódio tô cansado de fingir ser bandido pra manter a pose é muito cansativo
Dead - Uai vocês não são bandidos não?
Jiyong - Tecnicamente sim, a gente usa e vende droga...
Seung - ... Faz assalto a mão armada...
Jiyong - ... Troca tiro com a polícia...
Seung - ... Tem ficha criminal...
Jiyong- ... Faz parte de facção...
Seung - Mas somos caras muito sensíveis e inseguros, a gente não é cria bandido malvado... A gente é mole...
Jiyong- Correção, a gente é triste
Dead continuava tentando acender o isqueiro sem perceber, ele estava confuso de mais com todo esse desafabo do nada, ele tinha se tornado amigo dos meninos do BigBang justamente por eles serem o contrario dele. Homens seguros, independientes, que causavam medo as pessoas mas agora tinha percebido que eles eram... Iguais ele
Jiyong- Pelle meu amigo... Não tem fama, droga, dinheiro ou puta que te faça ser menos inseguro nessa vida
Seung - Nem me fale
Dead - ... Tá bom
Jiyong - E nem todo mundo tem a sorte de ter mulher que aguenta papo de homem mole no pé do ouvido igual você ou o Seung... A gente que é homem quando começa a desabafar... - Jiyong falou pausadamente em tom de voz baixo, ele olhava para lareira mas claramente seus pensamentos estavam longe dali - ...Mulher não gosta cara, desgraça do Pablo ainda lançou Homem Não Chora! Só fudeu mais minha vida!
Seung - Você vai achar uma mulher também meu mano
Jiyong- Aí Dead, tu por acaso não tem outra irmã não?
Dead - Minha irmã? - Dead sentiu raiva daquilo por algum motivo
O sangue ferveu e ele se virou para o lado com o rosto levemente obscuro
Dead - Como é?
Jiyong - Mano a sua mão...
Jiyong apontou para mão de Dead que na ponta de seu polegar e dedo indicador tinham pequenas faíscas de fogo. Ele tinha conseguido acender o isqueiro afinal. Seung arregalou os olhos quando viu e por instinto bateu na mão de Dead para fazer soltar o isqueiro e apagar o fogo da sua mão. As chamas pingaram para a madeira que finalmente se incendiou
Seung - Meu Deus, Dead você tá bem?
Seung perguntou com o rosto estampado de preocupação assim como Jiyong, Seung estendeu a mão para segurar a de Dead deduzindo que o mesmo estava machucado, Jiyong continuava com os olhos arregalados, completamente paralisado enquanto fitava o loiro, embora o cheiro de carne queimada fosse forte, Dead não parecia se importar
Dead - Tá tranquilo... - Ele disse puxando seu braço de volta para si
Seung - Mas Dead seus dedos queimaram
Jiyong - Não tá doendo?
Dead - Não...
Øystein- Ae! Já escolhemos o filme!
Dead - Vão lá assistir eu já vou...
Seung - Certeza?
Dead - Vai lá logo...
Dead pareceria querer ficar sozinho naquele momento, então ambos engatinharam até a frente do sofá. Øystein tinha escolhido o filme "Esqueceram de Mim", Seung amava esse filme, Jiyong encostou a cabeça contra dos joelhos de Myrella e a mesma o empurrou e se levantou do sofá
Myrella - Pode sentar no meu lugar Danni...
Danni que estava do outro lado da sala conversando com Peter concordou, mas Danni insistiu para Peter sentar no sofá que ela iria sentar no chão do lado de Seung
Jiyong - Tu viu Danni?
Danni - Vi o que? - Ela perguntou se sentando no chão e automaticamente Seung enrolou os braços ao redor do braço direito de Danni e se encostou no mesmo, essa ação fazendo Øystein revirar os olhos
Jiyong - Myrella me tratando mal...
Myrella revirou os olhos e partiu para cozinha conversar com Júlia
Danni - Vai desistir do amor Jiyong?
Jiyong - Vou
Seung - KKKKKJJJKKKKKKKKKKKK Mais fácil tu acordar de manhã deixando de ser asiático
Jiyong - Desgraçado...
Danni- Oxi Jiyong faz macumba pra ela
Jiyong - E tu acha que eu já não fiz? Nada funciona com essa mísera, tô ficando puto já
Øystein- Desiste man...
Todos olharam para Øystein confuso, ele que estava calado até agora sentado no chão encostado na parede enquanto assistia televisão
Øystein - É melhor você desistir agora que você ainda não tá tão envolvido, do que se apaixonar de verdade e ela te dar um fora... Macumba não dura pra sempre... - Ele disse cruzando os braços antes de voltar a olhar a televisão
Todo mundo entendeu o que ele disse, todos sabiam a quem ele estava se referindo. Øystein namorou Danni por quase 1 ano, eles devem ter se beijado umas 5 vezes durante o relacionamento inteiro pra Danni terminar com ele quando ele a pediu em casamento. Danni gelou, a mesma tinha raiva, nojo, ódio de Øystein mas ocasionalmente ainda conseguia o suportar, mas naquele momento surgiu uma quase insuportável vontade de bater nele até o afundar no chão. Parabéns Øystein, você deixou todos da sala desconfortáveis com apenas uma frase
Myrella que tinha seguido para a cozinha finalmente adentrou, Júlia estava virada de costas para ela imóvel, Myrella apenas a olhou e falou
Myrella - Aí Júlia, eu não queria ter vindo aqui!
Júlia não respondeu
Myrella - Eu aprecio isso de vocês me convidarem para passar os dias aqui, mas eu realmente não me sinto confortável!
Júlia não respondeu
Myrella - E tem o Jiyong me importunando! Ele pode me amar o quanto for mas ele nunca vai ser bom o suficiente para mim! Caramba ele é um traficante e ele tenta TANTO que me da mais vontade de rejeitar!
Júlia não respondeu
Myrella - Eu queria sumir, voltar pra casa, me trancar no quarto e não sair mais... Ficar somente eu e o Mito da Caverna de Platão...
Júlia não respondeu
Myrella - O que foi? Para de me ignorar!
Myrella andou até Júlia com raiva e impaciente batendo no seu ombro a fazendo virar para a olhar e a visão que a evangélica viu a fez estremecer
Júlia tinha uma expressão completamente apavorada, suas bochechas e olhos estavam vermelhos e pequenas bolsas de lágrimas se acumulavam em seus olhos
Myrella - Júlia? O que aconteceu? - Ela perguntou preocupada balançando os ombros da amiga enquanto encarava o seu rosto pálido
Júlia não respondeu
Myrella olhou ao redor e a sopa estava na panela praticamente pronta, tentou identificar se algo naquele ambiente tinha alguma ligação com o estado da amiga, mas nada, não tinha nada
Myrella - JÚLIA! - Ela gritou
O grito de Myrella tinha sido alto o suficiente para trazer Júlia a realidade, a mesma automaticamente franziu as sobrancelhas empurrando Myrella
Júlia- QUE É CARALHO? GRITANDO NO MEU OUVIDO!
Júlia parecia avulsa e indiferente, muito diferente do seu comportamento segundos atrás, Myrella apenas demonstrou confusão em seu olhar
Myrella - Amiga você tava chorando
Júlia- AN? - Ela colocou aos mãos sobre as bochechas sentindo as lágrimas escorrerem
Júlia - Estranho... Eu não me lembro de nada disso...
Ela falou ficando tão confusa quanto Myrella, Myrella suspirou abrindo um sorriso empático colocando sua mão no ombro de Júlia e acariciando
Myrella - Você só tá cansada amiga, vai pra sala que eu boto a sopa no prato de todo mundo e chamo
Júlia assentiu andando em direção a sala, Dead ainda estava sentado na frente da lareira quieto, mas Júlia tinha aprendido uma lição hoje de manhã. Não perturbe Dead quando ele está quieto
A mesma então se sentou do lado de Jørn no braço do sofá, Jørn beijou sua bochecha e enrolou os braços na sua cintura enquanto assistia o filme. Ele não pareceu notar a expressão diferente de Júlia dessa vez, diferente de Øystein que encarava sua irmã de longe com os braços cruzados
Dead ainda estava sentado na frente da lareira, não importava as vezes que todos os chamavam, ele não respondia, ele não se movia, ele não reagia. Era somente ele e o fogo ali
Myrella - Já botei a sopa no prato de vocês, venham pegar porque eu não sou empregada de ninguém! - Myrella chamou da cozinha e todos foram para lá
Buscando seus pratos e voltando para sala até terminar o filme
Todos tinham tomado suas sopas, terminado o filme e irem dormir mas Júlia não tinha sono
No penúltimo quarto Danni, Seung e Jiyong estavam na cama jogando baralho. A fumaça do cigarro de Jiyong pairava no ar, um véu cinzento que obscurecia a luz fraca do abajur. O cheiro acre do tabaco misturava-se ao odor de suor e álcool, um cheiro nauseante que Danni tentava ignorar, mas que a deixava ainda mais enjoada
Seus dedos finos seguravam as cartas, até o rosto do Rei de Copas e da Rainha pareciam zombar de sua angústia
Jiyong- Aí ganhei
Seung - Ganhou porra nenhuma, não ganha nem mulher quem dirá jogo
Jiyong - ?
Danni - ... - Danni estava calada todo esse tempo. Seung sabia que truco era um dos jogos favoritos de Danni e ela estava calada
Seung - Que foi pretinha? Tá tão quietinha...
Jiyong- De novo com os surtos esquizofrênicos?
Seung - ???? Meu irmão? Eu vou dale em tu porra
Jiyong - Desculpa, tava brincando
Seung - Você parece diferente... - Ele insistiu, sua voz suave e carinhosa - Desde que descobrimos... Você está bem com isso? - A pergunta de Seung, inocente e cheia de boas intenções, foi como um soco no estômago de Danni
Jiyong - A gente sabe como tá sendo difícil pra você... - Ele falou olhando para a negra por cima das cartas - ... O importante é que sempre vamos estar aqui por você bebê... - Jiyong falou alisando o braço esquerdo de Danni antes de voltar a olhar as cartas
Ela apertou os dentes, sentindo um nó se formando em sua garganta. Como ela poderia dizer a eles, ao seus amigos, ao provável pai do seu filho, que ela detestava a ideia de ser mãe? Que a vida que crescia dentro dela, a vida que ele tanto esperava, era um fardo pesado demais para ela carregar?
Danni sentiu um aperto no útero, uma sensação estranha que a fazia querer vomitar. Era como se a vida que se desenvolvia ali dentro fosse um tumor, um parasita que a devorava por dentro, sempre com fome, sempre querendo mais e mais e devorando tudo dentro dela desde os nutrientes até sua felicidade e sanidade, drenava pouco a pouco e nunca. Nunca iria parar
A culpa a corroía, mas a raiva era mais forte. Ela odiava aquela vida que não pediu, não desejou, não planejou. Ela odiava a sensação de impotência, de ter perdido o controle do próprio corpo
Danni - Claro que to bem! Oxi... - Ela mentiu, forçando um sorriso que não alcançava seus olhos Danni - Estou muito feliz, Seung. É um sonho, ele vai nascer com os zoi puxadin igual tu - Seung e Jiyong levantaram uma sobrancelha olhando para ela
Seung - Você não precisa fingir, Danni... - Seung disse, abaixando as cartas - Eu te conheço, você tá diferente...
Danni respirou fundo, tentando controlar a fúria que a consumia - Não estou diferente, Seung. Estou apenas... Cansada... Assustada com essa casa
Seung estendeu a mão, tocando levemente seu braço o acaraciando enquanto mantinha um sorriso tranquilizador
Danni desviou o olhar, incapaz de encarar a compaixão em seus olhos. Ela não queria sua compaixão. Ela não queria seu apoio. Ela queria abrir sua barriga e arrancar aquele parasita de dentro dela. Danni odiava que sentissem pena dela
Jiyong, que observava a cena com um olhar preocupado, jogou as cartas no colchão com um baque seco. Se jogar iria fazer Danni se sentir melhor, então ele jogaria
Ela olhou para as cartas, as faces brilhantes e coloridas, e pensou em todas as coisas que ela não poderia mais fazer. As viagens, as noites de bebedeira, a liberdade de ir e vir, de ser quem ela quiser ser. Tudo isso estava se esvaindo como areia entre os dedos, tudo a abandonando, tudo indo embora. Assim como seu pai...
A culpa a consumia, mas era a raiva que a dominava, a pessoa que ela mais amava no mundo, seu pai, ausente por causa de uma gravidez. Ela se sentia uma falha, uma decepção. Seus sonhos, seus planos, seus desejos, todos eles foram apagados por uma única decisão, uma única noite, ela nem sabia quem era o pai, não sabia quem culpar. Ela se sentia como um navio à deriva, sem rumo, sem esperança, sem ninguém para culpar a não ser ela mesma
O som do barulho do celular de Jiyong ecoando pelo quarto a distraindo de seu pensamentos, o som alto da abertura de Naruto fazendo seus ouvidos doerem por um momento
Seung - Já mandei tu trocar o som dessa porra de celular
Jiyong - É o Daesung e o Taeyang lá da biqueira pera aí...
Jiyong falou se levantando da cama e se afastando da cama, se encostou contra a parede enquanto falava no celular. Seung segurou o queixo de Danni com seus dedos a fazendo olhar pra ele com um sorriso
Seung - Bora lá na cozinha que eu comprei bolo de rolo pra você - Danni soltou uma risada baixa o olhando dos olhos
Danni - Precisava nam...
Seung - Oxi tu já viu princesa triste? Tudo feliz lá na Disney nos trampo dela
Danni não conseguiu segurar a risada, engraçado como um noiado a tratava melhor do que muita gente. Ambos saíram do quarto para ir pra cozinha
No primeiro quarto
Myrella estava dormindo tranquilamente, se sentia satisfeita com todas as comidas que ela comeu hoje. O dia de hoje foi mais tolerável que o normal para ela
Øystein mesmo que frustrado, ainda tinha um sono profundo diferente de sua irmã que encarava o teto
A luz da lua iluminava vagamente o quarto, as figuras que eram possíveis ser vistas para Júlia pareciam se contorcer ao seus olhos, a casa parecia se fechar mais e mais contra a mesma. Pensou em acordar Øystein para se sentir mais segura, mas Øystein dormia tão pacificamente no seu lado da cama que rapidamente desistiu de o acordar, Øystein estava tão estressado com toda a situação de Danni que ele merecia um descanso
Júlia suspirou e encarou o teto em busca de algum conforto, não sabia necessariamente o que sentia mas sentia um desconforto, um bolo se formava em sua garganta que a impedia de dormir ou relaxar. As pálpebras pesavam doíam quando ela piscava, mas ainda assim não conseguia dormir
O anel que Dead havia lhe dado mais cedo coçava em seu dedo, Júlia levantou a mão para o alto para encarar o mesmo. Era um anel muito bonito no final de tudo, mesmo que Dead surtasse de vez em quando... O que tinha de errado? Ele surtava em todo lugar, talvez aqui nas férias ele pode melhorar e finalmente ter algum tipo de evolução e isso consolou Júlia
A jovem fitava o teto, o branco opaco parecendo absorver o pouco de luz que entrava pela janela. O silêncio da noite era tão profundo que amplificava cada batida do seu coração, um ritmo frenético que contrastava com a respiração calma e profunda de Øystein, que dormia serenamente ao seu lado
Um arrepio percorreu sua espinha. Era como se uma sombra fria se estendesse sobre ela, um pressentimento ruim que se instalava em seu peito como um nó apertado, talvez fosse só a energia de Dead que ainda estava sobre ela. Júlia tentou ignorar, mas a sensação persistia, uma presença que pairava sobre a casa, e sobre ela
Júlia se encolheu, os olhos arregalados quando ela ouviu um som, um gemido baixo, quase inaudível. Era como um lamento, um sussurro que ecoava pelos corredores da casa
Ela se virou na cama, procurando a fonte do som. Øystein continuava dormindo, alheio ao terror que tomava conta de sua irmã, tão calmo e sereno. A respiração dela se acelerou, o medo se transformando em pânico. Era um fantasma? Um monstro? Era Maria Florzinha? Estavam no meio do mato, não se surpreenderia se fosse o Curupira
O gemido voltou mais alto dessa vez, Júlia se levantou de um pulo da cama e olhou para Myrella que também dormia calma e serena na cama do canto do quarto, ela respirou fundo, precisava saber de onde vinha aquele som. Com o coração batendo forte no peito, Júlia deslizou para fora da cama, os pés descalços tocando o frio do chão de madeira
A casa parecia maior e mais escura. Cada sombra se transformava em um monstro aos olhos de Júlia, cada rangido das tábuas do assoalho em um grito. Ela seguiu em direção à porta, os passos hesitantes e pesados deixando seu irmão e sua amiga dormindo no quarto
Ela abriu a porta, no corredor a escuridão era ainda mais profunda, as paredes pareciam se aproximar sufocando-a. O gemido ecoava, agora mais próximo, como se viesse de dentro do banheiro no andar de baixo
Júlia respirou fundo, tentando conter o medo que a consumia, o ar frio e úmido da noite lhe arrancando um suspiro involuntário. Era como se algo estivesse vivo, respirando junto com ela, compartilhando seu terror
Com passos lentos e hesitantes ela desceu a escada, cada degrau rangendo alto a fazendo se arrepender de ter descido, se algo ou alguém estivesse ali com certeza a escutaria. Júlia se aproximou do banheiro, a porta estava entreaberta, revelando um espaço escuro e úmido. O gemido agora era mais predominante, abafado e feminino, um lamento agonizante que parecia emanar das profundezas daquela escuridão
Júlia hesitou, o medo a paralisando, mas a curiosidade, ou talvez a necessidade de desvendar aquilo que a assombrava, a impulsionou para frente. Ela respirou fundo, segurando o ar nos pulmões como se estivesse se preparando para mergulhar em águas profundas e geladas
Com um tremor nas mãos, Júlia abriu a porta do banheiro, a luz fraca do corredor iluminando um espaço minúsculo. O chão estava coberto de azulejos frios e úmidos, as paredes cobertas de umidade
E na frente dela estava Seung sem camisa agarrado com Danni no escuro do banheiro. Danni, a primeira a ver Júlia com os olhos marejados, confusos de sono e medo os espreitando atrás da porta gritou por espontaneidade
O grito de Danni pareceu acordar Júlia totalmente de seus sentidos e entender o que estava acontecendo ali
Danni- DANTE CARALHO QUE SUSTO SAI DAQUI
Seung - E aí Dante, tá na área né? - Ele falou sorrindo curvando sua cabeça para trás para ver a mesma
Danni - Aff sai eu broxei
Seung - Broxou como porra se tu não tem pau?
Danni - Você quer discutir comigo agora?
Júlia suspirou e se virou indo embora dali fechando a porta, se sentia frustrada por ter se assustado tanto com um barulho pra no final ser somente sua amiga no banheiro. Mas se sentia aliviada por não ter sido nada
Não se sentia mais tão aterrorizada, a casa parecia tão normal como sempre foi, o ranger do piso só parecia madeira velha, e a escuridão parecia tão natural quanto qualquer outra noite escura. Júlia subiu a escada e no final do corredor viu uma figura parada na frente do 6° quarto
Júlia congelou. A figura se virou, revelando ser Dead e Júlia se acalmou, se aproximou de seu namorado com indiferença e o abraçou
Júlia- Ainda tá acordado Dead? Eu te chamaria pra dormir comigo se eu não tivesse dividindo a cama com meu irmão... - Ela falou baixo levantando seu rosto para finalmente olhar o rosto de Dead
A respiração de Júlia foi interrompida por um momento, o rosto de Dead estava estranho, olhos fundos e vazios, a pele era pálida e fria, como se estivesse morta há muito tempo
Júlia se encolheu, mas não havia soltado Dead de primeira, apenas o continuo encarando esperando alguma reação
Dead - Non audis vagitum omnium qui hic capiuntur, Iulia? - Dead falou baixo como sussurro, melhor dizendo, algo falou por ele, usando sua voz
Júlia não entendeu nada, nenhuma palavra, ela soltou seus braços de Dead e deu um passo para trás. Dead a empurrou com força, fazendo suas costas baterem contra a parede, um som alto que ecoou pelo corredor. Ela caiu sentada no chão o encarando com um grito preso na garganta e os olhos arregalados e marejados de terror. Dead podia ser um agressor, mas aquele não era deu namorado
Dead - Corre Júlia - Ele baixo baixo enquanto a encarava
A imagem do corpo de Dead se distorceu em sua mente, a pele se esticando, os ossos se contorcendo, os olhos brilhando com uma luz amarela infernal. Era como se ele estivesse se transformando em algo monstruoso, algo que ela não reconhecia.
Júlia se virou e correu sem nem pensar duas vezes, rompendo o feitiço de terror que a mantinha paralisada. Ela se lançou para as escadas, os pés batendo com força no chão de madeira, o som de cada passo ecoando na casa
A casa, antes aconchegante e acolhedora, agora parecia um labirinto. A cada degrau que descia, a sensação de pânico se intensificava, mesmo que já tivesse andado e visto cada metro quadrado daquela casa, tudo agora era um borrão e ela pisava em falso sem saber pra onde ir
A madeira das escadas, antes lisa e polida, agora pareciam ásperas e irregulares, como se estivessem cobertas de espinhos. A cada passo, ela imaginava sentir os espinhos cravando em sua pele, rasgando sua carne. Além disso imaginava o que Dead iria fazer se a pegasse, a dúvida entre levar uma surra sem motivo nenhum e algo mais estava a consumindo por dentro. Pela primeira vez Júlia sentiu medo genuíno de Dead
Com passos rápidos e desajeitados, Júlia se jogou contra a porta da entrada, virava a maçaneta com força, mas não importava o quanto que ela tentasse, ela não abria, foi aí que se lembrou. A porta da frente estava trancada. A chave estava comPeter, no andar de cima. Toda noite Peter trancava a porta para a segurança de todos ali dentro, Júlia que agora se sentia mais segura na floresta do que dentro de casa, mas algo além disso era certo. Não havia tempo para voltar
Júlia- Abre desgraça... - Júlia resmungou envolta de completo desespero, se agarrou à maçaneta puxando com todas as suas forças, mas a porta não se moveu
A respiração dela se tornou ofegante, a garganta seca. Ela podia sentir o olhar de Dead queimando suas costas, como se ele estivesse a centímetros de distância, como se estivesse a ponto de se lançar sobre ela, de rasgá-la em pedaços
A janela da sala, a única saída. Ela se jogou contra a janela a abrindo-a com um estrondo. A madeira velha rangeu, a moldura enferrujada se soltou, mas a janela se abriu o suficiente para que ela se espremesse para fora
Júlia colocou sua cabeça e seus ombros para fora da janela dando de cara com a floresta escura e profunda, o vento frio da noite a atingiu como um soco no estômago. A floresta se estendia diante dela, escura e ameaçadora, um labirinto de sombras e silêncios. A chuva fina e gelada batia em seu rosto, como se estivesse tentando apagar o fogo que ardia em seu interior
Júlia se agarrou à beira da janela, tentando se equilibrar. Era uma abertura estreita, a madeira áspera arranhando sua pele. Ela sentiu um tremor percorrer seu corpo, um tremor que a deixou fraca e instável
Ela era maior que a janela, e não conseguia se empurrar para fora. O barulho dos pés de Dead descendo a escada a alertaram que sua presença estava próxima, assim como seu fim
Com um último suspiro, ela se lançou para fora, a barriga raspando na madeira, a pele arranhando, a dor se espalhando por seu corpo como um incêndio mas ela conseguiu sair. O vento frio a envolveu, a chuva gelada a chicoteou.
Ela caiu no chão com um baque, o corpo dolorido, os pulmões ardendo. Mas estava livre
Júlia se levantou cambaleando, a respiração entrecortada, a mente em estado de choque. Ela se lançou para a floresta, correndo sem rumo, sem olhar para trás. A escuridão se fechou sobre ela, a floresta se tornou um labirinto de sombras e silêncios.
A única coisa que importava era fugir. Fugir de Dead
Dentro da casa, Øystein se mexeu na cama envolvendo o braço no lugar onde sua irmã deveria estar. Øystein abriu os olhos sentindo a ausência de sua irmã e se sentou assustado na cama
Øystein- Júlia? - Ele a chamou olhando ao redor no quarto, procurando ela no escuro do quarto
Øystein viu que Myrella ainda dormia tranquilamente na cama. Os instintos fraternos de Øystein gritavam o alertando que algo não estava certo naquele lugar. Øystein deslizou sobre a cama encostando seus pés no chão gélido e caminhando para a porta do quarto
Quando chegou no corredor Øystein olhou para ambos os lados, o corredor sendo levemente iluminado pela luz que emanava dos poucos quartos abertos
Na porta do 5 ° quarto estava Jiyong com o celular na mão enquanto olhava para o corredor confuso
Na porta do 4 ° quarto Fiuk e Jørn estavam descabelados e com sono enquanto pareciam procurar algo
Øystein- Ow cês viram a Júlia?
Jørn- Oxi ela não tá dormindo contigo não?
Øystein- Não
Fiuk - Dead também não tá aqui
Jiyong - Gente vocês não ouviram esse barulho não? Pareceu que tinham jogado algo ou alguém contra as paredes de madeira daqui... - Ele falou desligando o celular e colocando no bolso
Fiuk - Não... Tava dormindo...
Øystein- Vou ver se eles estão lá embaixo
Tudo aquilo apenas deixava o mesmo mais desconfiado. Øystein desceu as escadas, conforme mais degraus ele desciam mais dentro da escuridão noturna ele chegava. Não tinha nenhuma luz aberta lá em baixo
Quando finalmente desceu todos os degraus ele viu Danni e Seung olhando para um lado específico da sala paralisados. Seung estava sem camisa segurando sua regada da inferno coral na mão então ele já imaginou o que eles estavam fazendo. Ele revirou os olhos irritado
Øystein- Ow pode parar com esse queijo aí! Vocês viram a Júlia ou o Dead?
Mas não houve respostas, Danni piscou repentinamente antes de falar com a voz baixa e os olhos marejados olhando para Øystein
Danni - Øystein... A porta - Ela falou com a voz fraca e assustada
Øystein se virou vendo que a porta da frente estava completamente arrombada, a janela com a moldura caída. Øystein deu passos lentos e cauteloso para mais perto da porta
A floresta escura, a noite gelada, os pingos de chuvas caindo e cortando contra sua pela com a velocidade do vento
Øystein- Júlia...? - Ele falou baixo enquanto olhava a floresta
Seung - Eu vou acordar os outros... - Seung falou alto subindo as escadas correndo
Danni se aproximou de Øystein com receio e medo, ela sentia sua angústia, sentia seu medo. Ninguém sabia se alguém tinha entrado ou saído de dentro de casa, não sabiam o motivo, não sabiam nada
Júlia ainda corria floresta a dentro, a vegetação e as folhas batendo contra seu peito e seus braços enquanto ela corria. Seus olhos já haviam se acostumado com a escuridão então conseguia parcialmente enxergar o que estava na sua frente
A luz da lua estava forte, mas ela não adentrava a floresta fechada. Júlia parou de correr cansada por um momento, olhou para baixo finalmente vendo os ferimentos e arranhões na sua barriga causados pela janela quando fugia, agora que ela parou de doer doíam mais
Ela andou devagar pela vegetação e viu a trilha que levava ao mercado, se agachou se escondendo atrás de um arbusto. Tinha certeza que não haveria ninguém lá essa hora pois o mercado se desfazia no final da tarde, mas algo chamou a atenção de Júlia
Na trilha agora tinha uma bifurcação que não havia antes, um novo caminho de trilha que levaria para algum outro lugar, ela não iria arriscar ir para um lugar que ela não conhecia a essas horas da noite
Talvez houvesse alguém lá, mesmo que o marcado desfeito. Júlia se levantou mas congelou quando ouviu uma voz atrás de você
Dead - Júlia... - Ele disse calmo com um sorriso no rosto, o rosto escuro com somente o branco de seus dentes visíveis
Júlia deu um passo para trás com a respiração presa na garganta preparada para correr longe daí
Dead - Não precisa correr amor... Era só uma brincadeira...
Júlia- Pelle...
Dead - Era só uma brincadeirinha! Você não achou que eu ia matar você né? - Dead deu uma risada fraca se aproximando da ruiva com passos lentos e cautelosos, ele se assemelhava a um animal faminto, tão manipulador como sempre
Dead tinha soltado uma risada, mas Júlia não rio. Ela permaneceu séria enquanto olhava para ele preparada para o empurrar e correr a qualquer momento
Dead - Esse é um anel muito bonito sabe? - Ele disse olhando o anel no dedo de Júlia antes de levantar o olhar para o seu rosto. Os olhos azuis encarando sua alma
Dead - Ele é bonito quanto você... - Ele disse encostando as costas de suas mãos na bochecha de Júlia
As mãos geladas, quase como uma pele morta
Danni foi impedida de ir atrás de Dead e Júlia. Ela estava sentada no degrau da escada da frente junto de Peter e Jungkook, as lanternas dos celulares de ambos estavam posicionadas para frente, esperavam caso Júlia ou Dead aparecessem ou voltsssem para casa
O resto do grupo tinha saído floresta a dentro com a lanterna de seus celulares enquanto gritavam por Júlia e Dead
Øystein já estava completamente desesperado com a ausência da sua irmãzinha, procurava ela por todos os lugares daquela floresta
Seung estava tão desesperado quanto Øystein, ele realmente se preocupava com Júlia e Dead era seu amigo. Seung viu uma sombra aparecer por entre as vegetação e levantou seu celular vendo Júlia
Seung - JÚLIA! MEU DEUS! GENTE EU ACHEI ELA! - Ele falou alto
Abaixando o celular do rosto dela e se aproximando mais dela. Chuviscava levemente, Seung segurou o rosto de sua amiga observando sua expressão cansada e vazia
Ele limpava a terra das bochechas da mesma com os polegares junto da água da chuva, os olhos cansados e vazios de Júlia o encarando de volta
Seung - Júlia...? O que acont-
Øystein- JÚLIA!
Øystein correu empurrando Seung para o outro abraçando sua irmã fortemente. Atrás deles estavam Jiyong, Myrella, Fiuk e Mercúrio. Todos com preocupação em seus olhares
Øystein- Júlia... O que aconteceu? - Ele perguntou segurando o rosto da irmã nas suas mãos
Dead - Nada de mais... - Dead falou finalmente aparecendo, as lanternas de ambos iluminando ele, Dead tinha uma expressão de desdém e convencimento em seu rosto
Øystein- Como assim?
Dead - Foi só uma brincadeira...
Myrella - Como assim? - Dead deu de ombros
Dead - Uma brincadeirinha de putaria entre a gente, nada de mais...
Jørn- Você arrombou a porta da casa, quebrou a janela, tudo por uma brincadeira de putaria?
Øystein- Não! - Øystein exclamou soltando o rosto da sua irmã e olhando pra Dead com uma raiva crescendo dentro de si - Não me interessa que porra você fez seu otário! Olha pra minha irmã!
Øystein falava alto dando passos curtos e pesados na direção de Dead apontando o dedo no seu rosto. Øystein podia não ser o melhor amigo do mundo, o melhor namorado do mundo, e nem uma pessoa muito boa. Mas ele se considerava o melhor irmão do mundo, isso era um fato. A raiva, o ódio, a frustração crescia dentro dele quanto mais ele falava
Øystein - Olha bem pra ela, Pelle! Olha bem! Você acha que ela tá bem seu idiota?!
Dead - Ela não reclamou em nenhum momento...
Øystein- CALA A BOCA PELLE!!
Øystein deu um passo pra frente socando o rosto de Dead que foi impulsando para trás. A raiva era claramente visível no rosto de Øystein, ele estava fumegando de ódio naquele momento. Todos cobriram o rosto em espanto com a reação de Øystein, Dead continuava tampando o rosto com as suas mãos, Mercúrio e Jiyong correram para segurar Øystein porque ele claramente iria bater mais Dead
Jiyong - Calma mano... Eu também tenho uma irmã, eu sei como é...
Mercúrio - A gente te entende Øystein... Mas você tem que se acalmar...
Øystein- NENHUM DE VOCÊS ENTENDEM NADA! ME SOLTA! - Øystein começou a surtar se debatendo nos braços dos seus amigos enquanto ainda tentava bater em Dead
Jiyong e Mercúrio realmente tinham irmãs... Mais velhas. Jiyong tinha uma irmã 5 anos velha que ele e Mercúrio era tinha Wanda, sua irmã gêmea, mas mesmo assim, Wanda era a mais velha. Eles entendiam como era ter uma irmã em um mundo de homens mas ninguém entendia como Øystein se sentia, tendo uma irmã mais nova, em um mundo de Deads. Ninguém o entendia
Seung abraçou Júlia e segurou seu rosto contra o seu peito para a proteger de ver o seu irmão naquela situação. Seung também tinha irmã, assim como os outros, uma irmã mais velha, mas mesmo assim se sentia na obrigação de ajudar Júlia
Mercúrio e Jiyong afastaram Øystein de perto de Dead, Øystein ainda gritava e rosnava ameaçando matar Dead. Fiuk cutucava o ombro de Dead para ver se ele estava bem, o loiro levantando o rosto mostrando um sorriso cínico, os dentes sujos de sangue. Aquela visão fez o sangue de Myrella congelar
Ambos voltaram para frente da casa e assim que Danni viu, se levantou rapidamente conferindo se sua amiga e seu irmão estavam bem. Seung andava abraçado com Júlia, Danni segurou o rosto de sua amiga com preocupação em seus olhos
Danni - AMIGA O QUE ACONTECEU????
Júlia não respondeu, Danni viu Øystein sendo arrastado pelos meninos, reparou como Øystein tentava se livrar dos braços de Jiyong e Mercúrio sem sucesso nenhum, os seus olhos seguiram a duração que Øystein olhava e foi aí que ela viu... Fiuk segurava o braço de Dead enquanto andavam, Dead tinha sangue escorrendo de sua boca, o líquido vermelho brilhante pingando no chão enquanto era visível Fiuk transferindo reclamações ao irmão
Danni - Ai meu Deus, Pelle... - Ela falou correndo em direção do irmão tentando limpar o sangue de seu rosto
Dead olhou pro rosto da sua irmã e deu uma risada baixa, mesmo sendo uma risada baixa, aquele som pareceu ecoar na floresta, Danni sentiu um calafrio pelo seu corpo vendo o semblante do seu irmão
Øystein - PARA DE RIR IDIOTA! - Øystein berrou se livrando dos braços de Jiyong e Mercúrio e partindo em direção de Dead, Danni sem saber o contexto da situação se pós na frente de seu irmão para o defender
Øystein parou de correr e ficou parado na frente de Danni, sua expressão mais calma e Danni preocupada com os braços abertos
Øystein- Danni... Sai da frente - Ele falou baixo, os olhos oscilando entre o rosto da mesma e de Dead
Danni - Eu não posso...
Øystein - Você sabe o que ele fez com a minha irmã?
Danni - Não... O que ele fez? - Ela abaixou levemente os braços
Júlia observava aquela situação de longe enquanto ainda estava envolta nos braços de Seung, Myrella se aproximou abraçando a amiga pelas suas costas tentando transparecer mais conforto
Mercúrio e Jiyong estavam posicionados atrás de Øystein preparados para o agarrar se ele tentasse surtar novamente. Peter e Jungkook agora tinham se levantado, Peter correu em direção a seus irmãos e Jungkook andou até Jørn, ambos com uma expressão impaciente
Peter- Ei, ei! O que tá acontecendo aqui?
Fiuk - O Dead ele... - Fiuk tentou falar, a voz baixa e hesitante, era óbvio que ele estava com raiva do que seu irmão fez, mas tinha vergonha de falar, não queria que soasse que ele estava o condenando
Jørn- Ele quebrou a porta e a janela, fugiu no meio da noite por uma "brincadeira de putaria" e agora a Júlia tá toda mufina e não fala o que ele fez - Jørn falou com a voz firme e grossa de quem estava dando um sermão enquanto queimava Dead com seu olhar
Peter e Danni estavam surpresos, olharam para Dead com indignação antes de olhar para Øystein novamente
Peter - Tá tudo bem Øystein... A gente vai conversar com ele
Øystein- E por que EU não posso conversar com ele? - Ele falou se aproximando de mais, Mercúrio e Jiyong rapidamente seguraram os ombros do mesmo o puxando para trás
Peter - Já falei que resolvo isso!
Øystein bufou empurrando Jiyong e Mercúrio para trás e entrando dentro de casa com raiva, Jørn chamou o chamou, tentava o acalmar, claro, sem sucesso. Seung virou corpo para o lado, puxando Júlia junto enquanto ainda a abraçava, Myrella andando atrás
Jungkook se aproximou de Peter e puxou a manga da sua camisa
Jungkook - Vamos amor
Peter- Já vou Kook - Ele falou com braços cruzados olhando para Dead
Jungkook - Vamos agora... Você resolve isso depois...
Peter - Já disse que depois vou! - Peter falou frustrado olhando para Jungkook, a voz grossa e séria. Peter realmente estava com raiva naquele momento
Jungkook engoliu seco e virou de costas entrando na casa, seu orgulho ferido e profanado. Assim só ficou os irmãos fora da casa
Fiuk soltou o braço de Dead, os 3 irmãos olhando para 4° com expressões de raiva e preocupação
Peter - Pelle você ficou maluco foi? Você bateu a sua cabeça na parede ou o que?
Fiuk - Me diz que é um mal entendido
Danni - Sem piadinha, fala sério o que aconteceu
Dead deu de ombros e deu uma risada, levou as costas de sua mão esquerda a boca tentando limpar o sangue
Dead - Jørn já explicou muito bem
Peter - Como que você pode tá rindo de uma situação séria assim?
Dead - Por que vocês estão tão sérios?
Fiuk - VOCÊ ARROMBOU A PORTA E SUMIU COM A JÚLIA NO MEIO DA MADRUGADA! COMO NÃO VOU LEVAR ISSO A SÉRIO? - Fiuk falou alto puxando seus cabelos com as mãos
Fiuk tinha um velho hábito de ansiedade de arrancar fio por fio de cabelo da sua cabeça, Danni segurou os pulsos do mesmo o fazendo parar enquanto olhava para Dead com os olhos marejados de decepção
Dead - O que foi princesa? O irmãozinho te decepcionou? - Ele falou fazendo bico com uma voz de deboche enquanto olhava para Danni
Peter e Fiuk encararam Dead com frustração ouvindo sua provocação. Antes que pudessem falar alguma coisa, ouviram o barulho do tapa. Danni tinha batido no rosto do irmão, a marca ficando vermelha rapidamente
Dead tinha virado o rosto para o outro lado com a força do impacto, ele virou o rosto com uma expressão de raiva
Dead - Sua puta!
Danni - Você é uma decepção de irmão! Você não tem ideia de como a gente se preocupa com você! E você só faz merda! Eu te odeio Dead!
Danni falou com os olhos marejados correndo para dentro se casa frutrada e decepcionada, ao longe conseguia ouvir Fiuk e Peter brigando com seu irmão, mas ignorou
Dentro da casa, uma roda formada por Mercúrio, Jiyong e Jørn cercavam Øystein que ainda estava possesso de raiva. Myrella conversava com Jungkook em um canto sobre algo que Danni não conseguia ouvir
Júlia estava sentada em silêncio no sofá, ajoelhado na sua frente estava Seung
Seung - Você tá bem mesmo Júlia?
Júlia- Eu estou...
Seung - Você tá machucada... Tá doendo?
Júlia- Um pouco...
Seung - Ele... Ele mexeu com você? - Seung falou baixo e hesitante, Júlia apenas deu de ombros com aquilo
Danni se aproximou sentando do lado da amiga, envolveu seu braço ao seu redor e encostou sua cabeça no ombro
Dead entrou dentro da casa escorado pelos seus dois irmãos. O clima do ambiente que já não era dos melhores, mudou drasticamente para pior, um silêncio se instalou na sala e ele foi arrastado para o andar de cima, para o banheiro especificamente. Dead ainda estava sujo de sangue e Fiuk reclamava com seu irmão por suas atitudes
Øystein bufou empurrando os rapazes da sua frente e puxando o braço de sua irmã para o banheiro trancando a porta
Júlia- Que é?
Øystein- Vai tomar um banho AGORA!
Júlia- E você vai ficar aqui vendo?
Øystein- A gente é irmão, a gente costumava dividir quarto, o que eu tinha que ver eu já vi
Ele falou revirando os olhos e virando a irmã de costas pra ele, as mãos de Øystein realizaram levantando a camisa de sua irmã e a empurrando dentro do box do banheiro
Øystein - Pronto, se vira aí então... - Ele falou irritado se sentando no vaso do banheiro de costas para o banheiro
Júlia ligou o chuveiro e seu irmão suspirou profundamente encostando contra a parede. Não iria admitir que estava preocupado, não sabia como. Mas sentia
Øystein sentia raiva, ódio, repulsa de Dead, tudo porque tinha mexido com sua irmã
Seu coração pulsava mais forte do que deveria em seu peito, a raiva estava entalada em sua garganta, faltava ar de seus pulmões pois hiperventilava rápido de mais, se ele estivesse em pé provavelmente cairia pois o sangue estava fervido, a pressão estava baixa
Júlia- Øystein... - Ouviu a voz de sua irmã o chamar calma e mansa
Øystein - Oi meu amor...
Øystein se levantou rapidamente olhando para sua irmã no box, a cortina cobria seu corpo nu enquanto olhava para o irmão com os cabelos molhados, a água escorrendo pelo seu rosto e uma expressão de angústia
Júlia - Pega uma roupa pra mim?
Øystein- Pego princesa, calma aí
Øystein abriu a porta do banheiro e subiu correndo para o andar de cima. Na porta do quarto que dividia com sua irmã, conseguia escutar os gritos que vinham do banheiro do andar de cima, as vozes de Peter e Fiuk gritavam enquanto davam um esporro em Dead, palavrões e xingamentos eram ouvidos de longe
Øystein respirou, não podia levar aquilo pro coração, não podia se estressar, não podia se deixar levar pelos seus sentimentos de raiva mais uma vez
A madeira da escada rangia sob seus pés, conforme ele andava pelo quarto, pegou a mala de sua irmã e jogou em cima da cama procurando uma peça de roupa, mas não qualquer peça de roupa, uma roupa confortável e folgada para que sua irmã se sentisse segura. Øystein jogava as peças de calcinha da sua irmã sobre a cama, em uma situação normal ele sentiria nojo, mas o desespero da situação falava mais alto, ele nem parecia se importar, ele pegou a que em seu pequeno conhecimento, parecia confortável.
Seus pés subiam e deciam, mesmo que ele continuasse no mesmo lugar, cada passo, o cheiro de pinho da cabana se intensificava, misturado ao vapor quente do chuveiro que sua irmã, Júlia, acabara de usar. Ele carregava um fardo leve, um amontoado de roupas, mas o peso em seu peito era insuportável, não pelas roupas, mas pelos seus sentimentos
Desceu as escadas rapidamente, o barulho de madeira estalando pelo ambiente. A luz fraca do lua, juntamente da lâmpada, iluminava a sala, tingindo o ambiente de um tom melancólico. A porta ainda estava arrombada e a janela quebrada, Jørn, Jungkook e Myrella olhavam para a porta se indagando o que poderiam fazer para consertar, porém sua atenção foi concentrada em outra coisa
Danni, com os olhos vermelhos era abraçada com delicadeza por Seung, como se ele quisesse absorver toda a dor da mesma. Seus dedos masculinos acariciavam levemente o braço de Danni enquanto ele a abraçava, transmitindo um calor que Øystein sentia que nunca poderia ter
Os olhos de Danni, assim como suas bochechas estavam vermelhos, Øystein não sabia, mas Danni chorava tanto quanto a preocupação que sentia de sua amiga, tanto quanto a frustração que sentia pelo seu irmão, como pode seu irmão fazer isso? Traira confiança de todos e ainda cuspir na cara de todos com sua arrogância. Seung tinha uma expressão preocupada mas ainda se continha para transmitir segurança para Danni, transmitindo uma segurança que Øystein nunca teve a chance de oferecer.
Tudo o que Seung fazia, Øystein sentia não ser capaz de reproduzir, não der capaz de fazer igual, não ser capaz de ser o eficiente. Øystein não era o suficiente
Seung roubou seu melhor amigo, roubou sua namorada, e agora estava quase roubando sua irmã também. Øystein o odiava profundamente, mesmo que não falasse
Øystein parou no topo da escada, observando a cena. Era como se um furacão tivesse passado por dentro dele, arrancando-o por dentro, deixando apenas destroços, porém em vez do vazio, só tinha testado frustração. A dor era aguda, dilacerante, uma mistura de raiva, ódio e uma inveja profunda que o consumia por inteiro.
Ele via Danni, a garota que ele amava, a garota que ele sonhava em ter em seus braços, sendo confortanda por outra pessoa. Até Jiyong que estava na frente de Danni falando que tudo ia ficar bem transmitia mais conforto do que ele se sentia capaz de dar. Tudo estava lá, tudo estava tão perto, mas estavam fora de seu alcance.
Ele se lembrava da primeira vez que viu Danni, o perfil do onlyfans que agora estava apagado, as fotos que ela postava de tradgoth ou de corpse paint o cativaram. Ele saiu com seu amigo Dead em busca dela e casualmente a perseguiu na rua até a mesma entrar na casa de Júlia gritando "JÚLIA O EURONYMOUS E O DEAD DO MAYHEM APARECERAM", logo após descobrindo ser irmão de Júlia, tudo parecia estar escrito pelo destino. Ela estava radiante, com um sorriso que iluminava Recife inteiro
Mas Danni estava com Seung, e ele, Øystein, era apenas um observador, um fantasma que rondava a felicidade deles como um espírito obecessor. Ele se esforçava para esconder seus sentimentos, para se manter distante, mas a inveja era como um incêndio que queimava por dentro
A felicidade de Danni, a felicidade de Seung, era um reflexo de sua própria infelicidade, uma ferida aberta que sangrava sem parar. Ele sentia um nó na garganta, uma sensação de sufocamento, como se estivesse preso em um mar de dor, e ainda tinha a gravidez, tudo o deixava mais e mais afundado na mais profunda inveja. Ele ainda achava que o bebê era dele, mesmo que ele não se lembrava de ter feito sexo com Danni, quais eram as possibilidades dele ter feito e não se lembrar?
Øystein respirou fundo, tentando conter a frustração que sentia dentro de si. Ele seguiu em direção ao banheiro, os pés pesados como se estivessem presos ao chão
E assim, ele deixou a sala, carregando consigo o peso que sentia. A madeira da escada rangia sob seus pés, como se estivesse a acompanhá-lo em sua jornada de sofrimento
Ele entrou no banheiro entregando a roupa para sua irmã em silêncio a esperando trocar de roupa, no momento que Júlia finalmente vestiu todas as peças de roupa e Øystein a puxou para a sala
Danni - Júlia você tá melhor?? - Ela perguntou com preocupação olhando para a mesma
Júlia- Tô sim amiga...
Seung - Precisa de ajuda com alguma coisa?
Øystein- Você não acha que você devia se preocupar com a sua própria família? - Øystein sabia que aquela frase tinha soado agressiva, mas não se importava nem um pouco
A frase de Øystein tinha soado raivosa para Seung, pobre inseguro encolheu os ombros de ansiedade com aquela resposta. Júlia e Danni encararam Øystein com desaprovação mas Jiyong se encheu de raiva
Jiyong - Como é? Tu falou o que? Fala aí de novo! - Jiyong falou dando um passo na frente e se curvando na direção de Øystein
Øystein- Você me ouviu! Não só ele, mas você também! Isso é assunto de família e não de vocês! Na verdade eu acho que nem nesse país vocês deveriam estar né?
Júlia- Øystein! - Ela falou batendo no ombro do irmão
Øystein falou sem hesitar em momento nenhum, nem escondia seu racismo, Seung se estremeceu por um momento e fechou os punhos ouvindo isso. Jiyong soltou uma risada irritada antes de colocar a mão no cós da calça por baixo da camisa
Jiyong- Tu quer resolver na bala?
Ele falou e Júlia colocou a mão na frente do rosto com temor da situação, Seung segurou o braço do amigo e Danni fez o mesmo com o outro braço de Jiyong, Øystein entretanto não se importou, se levantou batendo seu peito com Jiyong
Øystein- Tu resolve na bala? Teu cano não é tão longo né? Asiático é foda, tem que apelar pra outras coisas
Jiyong- O que você tá querendo dizer com isso?
Øystein- Ah vocês não compensam em muita coisa né? Devia se conformar com uma vida vendendo importado, pastel de cachorro e fugindo da imigração
Jiyong- Escuta aqui rapariga do caralho, tu dúvida que eu te encho de bala aqui e agora?
Seung - JIYONG TU TÁ MALUCO???
Danni - Jiyong... Calma, ele não pensa antes de falar
Danni falou olhando para Jiyong no fundo de seus olhos, Jiyong encarou a negra na mesma intensidade, Jiyong estava com raiva transparecendo raiva. Quem Øystein pensa que é pra ser cruel com Seung? O cara não faz mal a ninguém, até quando ele vai fazer assalto ele pede desculpa! E agora Øystein estava simplesmente soltando falas racistas
Jiyong a encarou por alguns segundos antes de soltar um longo suspiro escondendo a alça do revólver dentro da calça
Jiyong - Fodase você sua bixa!
Jiyong falou irritado caminhando para fora dali chutando a mesinha de centro chamando a atenção de todos ali
Myrella - Vai quebrar é?
Jiyong - VAI SE FODER MYRELLA SUA PUTA!
Myrella - ?????
Jørn - EI BOY TÁ FICANDO DOIDO????
Danni e Seung correram atrás de Jiyong subindo os degraus da escada
Seung - Jiyong! Não precisa disso cara!
Jørn- O que aconteceu?
Danni - Øystein tava sendo cruel e racista com os meninos
Jungkook - Racista?
Danni - Com asiáticos
Jungkook - ØYSTEIN SUA PUTA, VEM FALAR ISSO AQUI NA MINHA CARA
Jungkook andou pra frente de Øystein cruzando os braços com uma expressão de raiva na sua face
Jungkook - Qual seu problema com asiático ein?
Øystein - Tirando o fato de que vocês todos são viados e roubam os empregos da gente aqui...
Júlia- Øystein! Você virou o Bolsonaro agora? Que coisa horrível de se dizer!
Jungkook - Acho que você tá bixando assim porque os asiáticos daqui dessa casa são mais homens do que você né?
Øystein se levantou empurrando Jungkook para trás
Øystein- O que você tá insinuando?
Jungkook - Virar racista não vai fazer ninguém gostar mais de você! Sua irmã acaba de passar por uma experiência traumática e você tá se importando consigo mesmo!
Júlia se assustou quando sentiu os braços quentes de Jørn envolverem seus ombros a movendo para fora do sofá, Jørn olhava para Øystein com raiva por ele ser tão egocêntrico e narcisista a ponto de não enxergar nada ao seu redor, Jørn voltou para frente da porta arrombada se mantendo ao lado de Myrella e Mercúrio enquanto abraçava Júlia
Øystein- VOCÊ NÃO SABE DE PORRA NENHUMA E EU NÃO ADMITO SER CHAMADO DE RACISTA POR UMA BIXA COMO VOCÊ!
Jungkook - Você não se garante nem no argumento e nem no murro seu otário! Até Bebel é um irmão melhor pra mim do que você é pra Júlia!
Øystein- O QUE VOCÊ DISSE???
Øystein partiu pra cima de Jungkook, não admitiria alguém dizer que ele era um mal irmão, Júlia era tudo o que ele tinha e agora pessoa por pessoa parecia estar afastando sua irmã de si, Øystein empurrou Jungkook contra a parede mas não adiantou de muita coisa. Jungkook deu um tapa no rosto de Øystein com a mão pesada
Øystein não desistiu e foi novamente pra cima dele, Jungkook puxou os cabelos longos de Øystein para trás o forçando a olhar pra ele
Jungkook - Eu acho bom você não ser racista com ninguém aqui de novo
Ele falou puxando o cabelo de Øystein com força até a mecha ser arrancada do escalpo, Øystein gemeu de dor rapidamente colocando a mão no buraco enquanto Jungkook jogava o cabelo dele no chão e andava para longe, o clima na sala era de briga e um silêncio ensurdecedor. Jørn fechou a porta e colocou a mesa na frente para impedir que nenhuma pessoa abrisse aquela porta pelo lado de fora
Ainda se perguntava como Dead teve força pra conseguir arrombar aquela porta, não fazia sentido
Øystein- Júlia eu posso falar com você?
A voz de Øystein soou baixa e mansa atrás do casal, Jørn e Júlia olharam para trás vendo Øystein com um olhar triste
Jørn- Conversa aí com ele amor, vou beber água
Jørn se afastou deixando os irmãos terem um momento de privacidade, era bem tarde na madrugada, por volta de 3 da manhã
A floresta lá fora estava silenciosa enquanto os pingos fracos de chuva caiam, Jørn se perguntava o sofrimento que sua namorada passou naqueles momentos de desespero, ele tinha certeza que não tinha sido somente uma "brincadeira de putaria", não acreditava nisso. Ele queria poder brigar com Dead e descontar todas suas frustrações com ele, mas ele sabia dos transtornos mentais do mesmo, fazer isso era contra sua conduta
Jørn entrou na cozinha pegando um copo d'água e se encostando contra o balcão da cozinha, suspirou profundamente apertando o copo de vidro nas suas mãos enquanto pensava sobre a noite estressante. Essa viagem em si já estava sendo estressante de mais, muitas coisas aconteceram e hoje era somente o 3° dia, tinha que priorizar a segurança de todos, tinha que ser um homem
"SEJA UM HOMEM JØRN!"
Jørn se assustou com a voz dos seus irmãos em seus próprios pensamentos, já tinha perdido a conta quantas vezes ouviu aquela frase saindo da boca de Clint ou de Natasha, cresceram sem pais, foram obrigados a crescerem rápido de mais. Jørn não se lembrava mais do seu pai, mas tinha vagas lembranças de sua mãe. Sua aparência, sua presença gentil, e o timbre da sua voz sempre calmo e sereno, muito diferente de seus irmãos
"Tenho que parar de ser assim" Jørn pensou dando mais gole em seu copo d'água, "Parar de querer proteger todo mundo", ele carregava o mundo nas costas, sempre corrigindo seus amigos, sempre cuidando de todo mundo, sempre correndo atrás de prejuízo, SEMPRE PRIORIZANDO OS OUTROS, QUANDO VAI SER MINHA VEZ DE TER O QUE EU QUERO?
Jørn gemeu de dor abrindo sua mão escutando o barulho do vidro do copo quebrando em sua mão, os pedaços afiados encravados em sua palma, cortando sua pele, o sangue escorrendo no piso de madeira
Jørn- Porra!
Ele disse se agachado pegando os pedaços de vidro no chão e os colocando sobre a pia. Jørn ligou a água da torneira, deixando o líquido limpar sua ferida enquanto cuidadosamente arrancava os cacos de vidro de sua mão um por um
Jørn- Que desgraça... Parece que tudo tá dando errado hoje... - Ele falou soltando um gemido de dor e irritação
Jørn resmungava baixo antes de ver um vulto de canto de olho, ele rapidamente virou a cabeça vendo uma imagem passar rapidamente na frente da porta da cozinha em direção ao banheiro do térreo
A figura tinha a silhueta de uma mulher e embora não conseguisse ver com propriedade, ainda conseguiu ver as mechas vermelhas do cabelo da imagem. Jørn deu passos lentos em direção ao banheiro, deixou a água da torneira correr mesmo com sua ausência. Jørn abriu a porta do banheiro para dar de cara com aquilo que ele temia. Nada
O vulto poderia ter passado rápido, sem dar o ar de sua graça mas Jørn se lembrava daquela figura, reconheceria aquele tom de vermelho em qualquer lugar em uma mulher
Jørn- Mãe? - Ele falou baixo olhando cada canto daquele banheiro. Nada, não havia nada
Jørn suspirou, olhou para sua mão e percebeu que a mesma ainda sangrava, se virou rapidamente vendo Øystein e Júlia conversarem em um canto e voltou para a cozinha estancar o sangue
Você não pode negar o que sente, você não pode esconder aquilo que te assombra
Øystein - Júlia me perdoa por favor, o Jungkook tem razão... Eu acabei de importando mais comigo mesmo do que você, me desculpa
Júlia- Tudo bem Øystein...
Øystein- Vamos dormir na sala hoje? Não quero você dormindo no mesmo andar que o Dead hoje, seja lá qual é o problema dele hoje... Não quero ele perto de você
Júlia - Ok...
Øystein- Eu vou pegar o travesseiro e lençol tá bom? Já volto - Øystein falou beijando a testa da sua irmã enquanto a segurava pelos ombros
Júlia abriu um pequeno sorriso e se afastou para se sentar no sofá enquanto esperava o irmão voltar. Øystein subiu rapidamente os degraus da escada para o segundo andar, mesmo que o seu quarto fosse o 1° e o de Danni o último, ele conseguia escutar a voz de Jiyong com raiva xingando e falando alto, Øystein sentiu uma leve ponta de arrependimento, não se arrependia de ter sido um arrombado, se arrependia porque sabia que Danni não ficaria do lado dele em toda aquela situação. Øystein ignorou os pensamentos entrando no quarto para pegar o que precisava e descer novamente, ignorando os gritos do último quarto
Jiyong - EU NÃO QUERO ME ACALMAR SEUNG! - Ele falou alto no quarto enquanto andava em círculos
Seung - Mas se estressar só vai piorar a situação mano... Eu tô bem, não me magoei com aquilo
Danni e Jiyong- SE MAGOOU SIM! - Eles falaram ao mesmo tempo olhando para Seung
Seung - Mas tá de boa, eu não levei pro coração
Jiyong - A QUESTÃO NÃO É ESSA! - Ele falou enquanto continuava andando mexendo os braços com ansiedade e ocasionalmente tremendo os ombros
Danni - Ó Jiyong, eu concordo com você, mas você não acha que tá exagerando?
Danni falou fazendo Jiyong olhar para ela com uma expressão de ansiedade
Jiyong - Você não entende...
Seung - Tá tudo bem... Tô dizendo que tá tudo bem...
Danni- Então olha nos olhos da gente e fala que aquilo não te afetou nem um pouquinho! - Danni falou olhando para Seung, Jiyong se jogou contra Danni sentando no colo dela enquanto olhava para Seung. Danni se perguntou quando que ele conquistou esse liberdade com a mesma mas ignorou
Seung olhou para ambos com uma falsa expressão de tranquilidade, abrindo um sorriso
Seung - Eu... - Ele começou a falar mas não conseguiu terminar a frase, olhou para outra direção com angústia em seus olhos
Jiyong - TÁ VENDO?
Ele falou se levantando do colo da mesma e continuando a andar com passos pesados pelo quarto, sentia que a qualquer momento poderia afundar aquele piso, sentia a raiva ferver dentro de si mesmo, não somente pela frustração de não ter sido capaz de defender seu amigo, mas também por se sentir afetado por aquilo. Jiyong odiava qualquer tipo de preconceito, qualquer tipo de bullying. Ele abriria a boca para defender um evangélico se o mesmo sofresse bullying de alguém
Jiyong- Aí se eu pego aquele viado! Odeio ele! Odeio a família inteira dele! Falsos progressistas! Só pensam neles mesmos malditos egocêntricos! - Ele falou alto com raiva, Seung agora mufino, calado no seu canto enquanto Danni não sabia quem confortar - Meu sonho é encher todos eles de bala!
Jiyong falou e Danni arregalou os olhos olhando para ele
Danni - Jiyong! Você tá exagerando! Eles não são tão ruins assim, não culpe a família inteira dele por um ato de-- Ela foi interrompida com Jiyong segurando o rosto da mesma a fazendo calar a boca, o seu toque não era agressivo o suficiente para doer, muito pelo contrário, ela um aperto em seus bochechas já para não machucar, mas a fazer parar de falar
Jiyong- Eu tô exagerando? Eu odeio essas piadinhas de preconceito, de bullying! Você não sabe o que meu grupo passou! Não sabe o que o Seung passou! - Ele falou movendo a cabeça em direção a Seung que olhava a cena enquanto estava calado em seu canto, completamente desanimado - Não sabe o que eu passei no exército pra pegar aquela maldita reservista! Nada! Vocês não sabem de nada!
Seung - Jiyong, já tá bom né...
Jiyong olhou para o amigo e pareceu se acalmar e soltou as mãos do rosto de Danni que o olhava com uma expressão de confusão e preocupação, que porra de surto foi esse? Jiyong se afastou abaixando a cabeça
Jiyong - Desculpa... Desculpa amiga... Eu só tava pensando de mais...
Danni - Tudo bem...
Jiyong - Espera aí!
Ele falou se afastando procurando algo em sua bolsa, Danni se aproximou de Seung segurando sua mão e olhando para o rosto do mesmo
Danni - Você tá bem?
Seung assentiu com a cabeça abrindo um sorriso olhando para a garota, ele encostou o rosto em seu ombro tentando esquecer tudo aquilo que aconteceu
Jiyong - Esse aqui é bom!
Jiyong falou tirando um CD de dentro da sua bolsa em seguida colocando em um velho aparelho de som que ele tinha encontrado na casa, melhor dizendo, um velho aparelho de som que tanto Jiyong quanto Seung encontraram enquanto procuravam algo para roubar de dentro da casa
Danni - Que CD é esse? - Jiyong abriu a boca para responder mas Seung respondeu antes
Seung - Deftones...
Jiyong - Eu me amarro boy!
Danni deu uma risadinha enquanto Jiyong colocava o CD para tocar, a primeira música sendo Sextape
Floating on the water ever changing
Picture hours out from that
Into with all our dreams
Danni - E você amor? Não gosta não?
Seung - Ah eu acho legalzinho mas tanto faz pra mim...
Jiyong - Amigos, por favor me desculpem... Eu deixei me levar e não irá mais acontecer
Seung - Tá de boa mano
Danni - É Jiyong... Se preocupa com isso não
Jiyong- Não pareceu muito convincente não!
Ele falou brincando se ajoelhado na frente dos mesmos apoiando seu rosto na perna esquerda de Seung e Danni
The ocean takes me into watch you shaking
Watch you weigh your powers
Tempt with hours of pleasure
Jiyong- Melhor agora?
Danni - Sai de cima de mim, agora
Jiyong - Vou pra cima do Seung entãokkkkkkk
Seung - KKKKKJJJJJKKKKKKKK
Jiyong empurrou o amigo na cama ficando por cima dele, Danni revirava os olhos embora secretamente achava aquela cena divertida. Seung puxou o braço da preta a fazendo deitar na cama junto deles
Danni - FICOU MALUCO????
Seung - Se diverte aqui os noias
Jiyong - TAKE ME ONE MORE TIME! TAKE ME ONE MORE WAVE! - Jiyong gritou se deitando entre os amigos na cama
Danni- Mds Jiyong para de ser cringe ai que vergonha
Seung - Take me one last ride!
Danni - Isso amor canta mesmo, canta mais divo rei
Jiyong- ? E eu não sou assim não?
Danni - Você é insuportável
Jiyong - No fundo você me ama
Danni - E eu vou admitir pra que? Você já é arrogante o suficiente
Jiyong- EN EN RAPAI - Jiyong falou abraçando Danni de lado enquanto ela gritava empurrando aquele encosto
Danni - SAAAAAAAAII!! Seung faz alguma coisa
Seung - TONIGHTKKKKKKKKKKK TONIGHTKKKKKKKKKK
Jiyong - THE SOUND OF THE WAVES COLLIDE!!! - Jiyong gritou no pé do ouvido de Danni fazendo ela bater nele e tentar matar ele asfixiado com travesseiro enquanto Seung dava risada
Perca sua mente e ouça seus sentidos. Você ouve o que a casa te faz sentir? Você sente o que ela quer que você sinta? Aquilo que você tenta esconder, aquilo te consome, aquilo que te observa
A casa
Você não enxerga aquilo que a casa te mostra?
Júlia - Jørn! Você se machucou aonde?
Júlia perguntou arregalando os olhos quando viu Jørn saindo da cozinha com a mão ensangüentada enrolada em um paninho, Jørn deu de ombros abrindo um leve sorriso
Seja um homem Jørn
Jørn- Não foi nada, o copo escorregou da minha mão
Myrella - Mas se escorregou era pra ter cortado o teu pé e não a mão
Jørn - Errh... Sabe que eu nem sei como aconteceu direito...
Øystein- Pera ai paizão, a gente vai dormir... - Øystein falou forrando o lençol da cama no sofá para Júlia se deitar
Jørn - Não!
Jørn falou alto fazendo Júlia, Myrella, Mercúrio e Jungkook olharam para ele com curiosidade. Jørn normalmente seria o primeiro a mandar todos irem dormir, uma boa noite de sono era algo que ele prezava para todos, mas agora ele se sentia inseguro, se sentia pequeno. Não tinha certeza do que tinha visto, não se sentia bem com a responsabilidade de tudo caindo sobre o mesmo, mas caramba seja um homem Jørn!
Jørn- Já são 3 da manhã! Pra que dormir? Vamos virar!
Mercúrio- Ué... Isso não é muito "jørniano"
Myrella - É, ele tem razão
Jungkook - Tá tudo bem Jørn?
Seja um homem Jørn! Seja um homem!
Jørn- Tá tudo ótimo! Eu só acho que seria legal a gente se descontrair um pouco!
Mercúrio- Se o paizão aí tá falando, quem sou pra discordar? Vou pegar as cachaça, vem Jungkook...
Jungkook muito desconfiado pelas ações de Jørn concordou com a cabeça e foi para a cozinha, Jørn olhava para Júlia com um sorriso desajeitado no rosto, ele queria abraçar ela e enterrar o seu rosto em seu ombro até se sentir seguro novamente, mas seria tão imaturo fazer isso. Júlia já tinha passado por tantos problemas hoje e ele estava agindo como uma menininha Jørn! Já mandei você parar! Você precisa ser homem agora que a mamãe se foi! Tem que ser igual o Clint!
Júlia- Jørn?
Jørn - Ah? Sim, me perdi nos meus pensamentos por um momento...
Øystein- E ai meu irmão, você tá bem? - Øystein perguntou se aproximando e colocando o braço ao redor da sua irmã
Jørn- Estou! Estou sim! E vocês dois?
Ambos irmão deram de ombros ao mesmo tempo, os dois acharam engraçado terem feito isso ao mesmo tempo. Øystein olhou para Júlia com um sorriso carinhoso no rosto e sua irmã soltou uma pequena risada
Ambos tinham seus defeitos, tinham suas personalidades fortes e raivosas mas ainda assim, o amor que sentiam um pelo outro era mais forte. Øystein deu um cheiro no topo da cabeça de sua irmã e a mesma encostou a cabeça no ombro de seu irmão, Jørn observava a cena feliz, se sentia aquecido de certa forma vendo que ambos estavam bem
Øystein- Bora botar um breguinha então?
Júlia- VAMO!
Jørn- Vou pegar os CDs com os noiado lá em cima
Jungkook- PRECISA NÃO
Ele falou saindo da cozinha
Jungkook - Eu vou por que aproveito e já falo com o Peter
Jørn- Belê
Jungkook subiu as escadas rápido indo em duração ao quarto de Dead, sem nem pensar duas vezes ele abriu a porta fazendo Peter e Fiuk se assustarem
Fiuk- Porra Jeon! Você me assustou! - Ele falou sussurrando
Dead estava deitado na cama baixa do beliche com o cabelo preso em um coque, as mãos amarradas contra a madeira do beliche, dormia pacificamente com a boca levemente aberta
Jungkook - ???? Vocês ficaram malucos?? Por que ele tá amarrado??
Peter- No dia que você tiver um irmão com necessidades especiais você vai entender...
A voz de Peter tinha soado passivo agressiva, o que foi sua intenção? Jungkook rapidamente reconheceu e se aproximou de ambos que estavam ajoelhados na frente da cama alisando a testa de Dead
Peter - Ele tava surtando, se machucando... Demorou muito pra fazer ele pegar no sono
Fiuk - Pegar no sono? A gente dopou ele!
Jungkook - VOCÊS ESTÃO MALU-
Jungkook parou de falar quando viu as marcas de unhas na parede do lado da cama, Fiuk e Peter compartilhavam dos mesmos arranhões nos braços, Jungkook deduziu que Dead tinha feito neles
Jungkook - Ele tá tão ruim assim?
Peter- Sim... - Peter suspirou fechando os olhos e apoiando os dedos no rosto enquanto olhava para Dead deitado
Fiuk - A gente deveria ir embora...
Dead - Filipe?
Dead falou com a voz baixa fazendo todos se inclinarem para trás
Dead - Por que eu tô amarraro?
Fiuk - Pra sua própria segurança Pelle
Dead - Eu não quero ir embora
Peter - Oi??? Você perdeu o direito de querer alguma coisa quando correu atrás da Júlia pela floresta, arrombou a porta, chamou nossa irmã de puta e arranhou a gente igual um animal selvagem!
Dead - Peter por favor!
Peter - Não!
Jungkook - Peter e se ele surtar quando chegar em casa? A gente pode ficar mais um tempinho
Fiuk - Ele tem um ponto Peter...
Peter suspirou e gemeu de frustração antes de concordar
Isso não é o que você quer, é o que ele quer, é o que a casa quer
Peter - Tudo bem Dead! Se isso vai te fazer bem! Tudo bem! Agora vai dormir... Esse remédio não fez efeito?
Fiuk- Vai fazer daqui a 20 minutos
Dead - Tá bom Peter... Você é um ótimo irmão
Peter se sentiu mais suave por um momento, era isso o que ele sempre quis ouvir, sempre quis irmãos, sempre quis sair daquela mesmisse isolada e solitária da casa do seu pai. Agora Peter tinha 3, Dead não era tecnicamente seu irmão, mas ele o considerava e era isso o que importava
Peter- ... Obrigado Pelle
Jungkook - Amor, Jørn pediu pra ir pegar os CDs de brega com o Seung e o Jiyong, vamo lá comigo?
Peter - Tá bom... Fiuk olha ele aí, até ele dormir?
Fiuk - Beleza
Jungkook ajudou Peter a se levantar do chão e segurou sua mão, ambos andaram até o quarto de sua irmã e pararam lá na frente ouvindo sons
Jungkook - Tá ouvindo?
Peter revirou os olhos irritado com a desconfiança do namorado com a sua irmã, mas mesmo irritado era possível escutar algo dentro daquele quarto. A música abafada de alguma banda que Peter não conhecia porque ele só escutava Girl Group de kpop, sons de risadas e gemidos exacerbados
Jungkook - Tá vendo? Eu falei que a tua irmã é uma puta! Ela tá é trepando com os dois lá dentro!
Peter - Não fale assim da minha irmã seu viado!
Peter envolto de raiva empurrou Jungkook contra a porta o fazendo cair sentado no chão abrindo a porta. Danni, Seung e Jiyong se sentaram na cama assustados, todos completamente vestidos e assustados com aquilo, a música ainda tocava "Aí que música horrível!" Peter pensou fazendo uma careta
Jungkook - VOCÊ FICOU DOIDO PORRA???? - Ele perguntou se levantando do chão
Danni- Gente... Eu não quero interromper nada que vocês estão fazendo não mas... Oi???
Jungkook - Jørn pediu os CDs de brega emprestado
Seung - Funk ou velho?
Jungkook - Os dois
Seung - Beleza
Peter- O JUNGKOOK TAVA COLOCANDO COISA NA MINHA CABEÇA DIZENDO QUE VOCÊS TAVAM TRANSANDO
Jiyong - Os 3? Ai que nojo
Seung - Que horror Jungkook
Danni- QUE NO-
Danni quase vomitou mas Seung e Jiyong tamparam a boca da mesma ao mesmo tempo antes de olhar para ambos novamente
Jungkook - DESCULPA! EU ESCUTEI ESSES GEMIDOS AÍ
Jiyong - A gente tava tentando imitar os gemidos das músicas do Deftones cara, pelo amor de Deus
Jungkook - Ah...
Peter- Amor vem aqui rapidinho
Você tenta evitar aquilo o que você sente, aquilo que você almeja, aquilo que você deseja, mas quanto mais tempo você negar a si mesmo, mais rápido será exposto, mais rápido será expurgado. Ninguém enxerga através de você, mas você sabe que ainda está lá
Danni se levantou e acompanhou o irmão enquanto os asiáticos pegaram os CDs e desceram escadas a baixo. Peter segurou a mão da irmã e levou a mesma em direção ao quarto que Dead dormia
Danni arregalou os olhos marejados se posicionando para correr dentro do quarto no momento que ela viu seu irmão amarrado, mas Peter e Fiuk a seguraram
Fiuk - Deixa ele aí
Danni - Mas ele tá igual um bicho!
Peter- Você quer ficar arranhada assim também?
Peter mostrou os arranhões que Dead tinha causado nele e Danni passou levemente as pontas dos dedos no machucados
Danni- Credo! Achei que era o Jungkook que tinha feito
Peter- Antes fosse
Danni e Fiuk - Que nojo!
Ambos fecharam a porta desceram a escada, a música de brega tocava baixo
Descendo as escadas. Júlia e Jørn dançavam juntinhos abraçados, Jungkook estava irritado em um canto como sempre bebendo sua cachaça, Øystein tentava ignorar todo mundo assistindo televisão, Mercúrio e Myrella trocavam conversas filosóficas sentados na mesa do canto, Seung e Jiyong cuidavam dos CDs e do som
Peter andou até seu namorado e puxou as mãos do mesmo sem aviso nenhum, esse gesto bobo fez Jungkook sorrir e dançar enquanto dançava, Danni foi pra perto do seu macho e o empata foda do amigo e Fiuk se sentou do lado de Øystein acendendo um baseado e assistindo um documentário sobre animais na maior concentração do mundo
Jørn- Júlia eu te amo...
Jørn falou sorrindo olhando para ela, ele já estava totalmente alcoolizado, queria calar as vozes da sua cabeça e tinha conseguido finalmente. Júlia deu uma risadinha
Júlia- Obrigada Jørn, eu também amo você mas você tá bêbado
Jørn- E isso é problema?
Júlia- Não! - Ela falou rindo
Jørn encostou a cabeça no ombro da mesma, a diferença de altura o fazendo ficar todo torto. Júlia era a única pessoa na vida de Jørn que nunca o empurrou para o lado das responsabilidade, nunca exigiu nada, muito pelo contrário, Júlia muita vezes assumia o papel de controlar as coisas. Jørn se sentia seguro ao lado dela
Não vista essa roupa, por favor
Meu coração pode pensar que é despedida
Mercúrio - EITA CARAIO ESSA BOA! DANÇA COMIGO MYRELLA!
Myrella - EU??? Jurou! Quero não!
Mercúrio - Ah! Qual é? Minha irmã não tá aqui pra dançar comigo! Juro que não vou me esfregar em você!
Mercúrio falou com um sorriso bobo no rosto que foi o suficiente pra fazer Myrella suspirar irritada e concordar. Mercúrio dançava de um jeito todo desajeitado, nem encostava em Myrella, ela deu risada achando a atitude dele engraçada, isso fez Jiyong revirar os olhos de longe
"Vamos fingir que o Sol ainda não chegou
E ficar nessa cama pro resto da vida"
Jørn repetiu as frases da música com sorriso no rosto enquanto balançava de um lado pro outro com a sua namorada, embora tivesse um sorriso no rosto, ele estava lentamente se derretendo ali mesmo
"Não diz que acabou
Porque só de pensar já dói"
Øystein e Fiuk cantarolavam baixo e desafinados no sofá enquanto compartilhavam um baseado e assistiam o documentário na televisão
"Eu sozinho nesse quarto sem você
Só com o cheiro de nós
Só com o cheiro de nós"
Peter e Jungkook cantavam juntos harmoniosos enquanto dançavam juntinhos e soltavam risadas
"Fica aqui, pelo amor de Deus não vai"
Danni, Seung e Jiyong cantarolavam perto da caixa de som enquanto dedilhavam os próximos CDs
Meu medo é te deixar ir, gamar em outra boca e não voltar mais
Jørn se curvou se arqueando contra Júlia, seu corpo magro e esguio tremendo levemente nos braços de sua amada. Jørn estava chorando enquanto apertava suas mãos na roupa de sua amada, seu interior queimava em insegurança e vulnerabilidade
Júlia - Jørn?
Jørn não respondia, apenas continuava ali chorando enquanto cantava a música, Danni foi a primeira a perceber, levantou a sobrancelha se perguntando o que poderia estar acontecendo ali, achava que Jørn estava bêbado, mas Jørn nunca ficava bêbado
Fica aqui, pelo amor de Deus não vai
Se eu ver você dando pra outro, o amor que era só meu
Eu vou chorar demais, eu vou beber demais, eu vou penar demais
Fica vai
Jørn continuava chorando, Júlia assustada com aquilo puxou o mesmo pro andar de cima sem que os olhares curiosos percebessem seu choro
Jørn - Júlia! - A voz embargada soava cansada e triste
Jørn- Júlia eu tenho que ser um homem Júlia!
Júlia- O que você tá falando Jørn? Você já é um homem! Vai me dizer agora que você é uma mulher trans?
Júlia perguntou entrando no quarto e sentando Jørn na beira da cama, Jørn inclinou a cabeça para o ombro de Júlia e a puxou para o seu colo enquanto ainda chorava
Jørn- Você não entende!
Júlia- Eu vou entender se você me explicar!
Jørn- Eu não tô sendo homem o suficiente pra ninguém! Não estou sendo homem o suficiente pra você!
Júlia- QUE PORRA TU TÁ FALANDO???
Júlia se levantou indignada com as atitudes alcoólicas do namorado, sabia que ele não deveria ter bebido tudo aquilo
Jørn- Júlia não me deixa sozinho...
Ele falou baixo olhando para a mesma com os cabelos cobrindo o sei rosto, uma expressão de insegurança e vulnerabilidade
Júlia colocou as mãos no rosto de Jørn colocando seu cabelo para trás, Jørn não costumava deixar o rosto descoberto então raramente alguém conseguia ver as feições do seu rosto
Dante olhou bem para o rosto do namorado, o rosto vermelho de tanto chorar, a marca do bigode nascendo já pronto para ser raspado, as sobrancelhas grossas e mal feitas castanhas e os olhos profundos esbanjando tristeza, os longos cílios que Jørn tinha todos molhados por conta das lágrimas
Júlia - Qual foi problema?
Jørn- Eu não me sinto... O suficiente
Júlia - Você é suficiente! Você é mais do que suficiente! Todo mundo aqui precisa de você!
Jørn- Eu... Eu preciso me sentir suficiente...
Júlia não sabia muito bem o que responder então segurou o rosto do namorado contra o peito enquanto alisava seus cabelos transmitindo segurança
Jørn- Júlia não me deixa por favor... - Ele falou baixo
Júlia- Jørn! Eu nunca vou te deixar! - Ela disse com uma risada baixa
Jørn- Não me deixa sozinho nesse mundo igual a mamãe...
Júlia- Mamãe?
Júlia levantou a sobrancelha segurando o rosto de Jørn olhando para baixo encontrando com seu olhar. Jørn nunca tinha falado sobre seus pais, tudo o que ela sabia era que seu pai morreu e sua mãe... O que aconteceu com a sua mãe?
O ambiente ficou mais gelado, as brisas frias entravam pela janela fazendo a ruiva se arrepiar e se encolher, aquele clima não parecia está normal, e naquele momento específico parecia ter ficado pior
Júlia - Jørn? O que aconteceu com seus pais?
Ela perguntou com certa insegurança e curiosidade, a atmosfera era sombria e silenciosa. Jørn olhou para ela com os olhos marejados, respondeu gaguejando
Jørn- Meu pai... Caiu de andaime na contramão (atrapalhando o sábadokkkkkkkkk desculpa)
Júlia- Ah... Sinto mu-
Jørn - Tá tudo bem... Não me lembro dele, mas me lembro do enterro
Júlia- E sua mãe?
Jørn pareceu ficar mais sério por um momento, a expressão pálida em seu rosto estampado um olhar vazio e despreocupado
Jørn - Minha mãe?
Ele repetiu a frase, o olhar de Jørn foi interrompido olhando para trás de Júlia. Ela reparou como sua expressão mudou, o corpo paralisou e as lágrimas presas em seus olhos começaram a escorrer, ele abriu a boca em puro terror mas não saiu grito nenhum ainda
Júlia- Jø-
Jørn - Me desculpa!
Ele falou alto se movendo para trás e escondendo o rosto enquanto gritava " Me desculpa! Me desculpa!" Júlia se arrepiou olhando para trás buscando o que assombrava Jørn, mas ela não conseguiu achar
Júlia se aproximou de Jørn assustada se perguntando o que havia acontecido, ela subiu na cama se escorando sobre o corpo encolhido dele na cama
Júlia- Jørn! O que você viu? O que você viu?
Jørn - Me desculpa! Me desculpa!
Júlia- Calma Jørn, eu to aqui com você... Vai ficar tudo bem...
Ela disse enquanto abraçava o namorado o namorado tentando lhe dar algum tipo de conforto, ela olhava ao redor do quarto procurando o que tinha o assustado. Sem sucesso
"Você não é mais um menino Jørn, e nunca mais será. Você é um homem agora..."
Seja um homem
være en mann
esse hominem
vara en man
להיות גבר
كن رجلا
남자가 되다
estu viro
男になる
... . .--- .- / ..- -- / .... --- -- . --
01010011 01100101 01101010 01100001 00100000 01110101 01101101 00100000 01101000 01101111 01101101 01100101 01101101
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F r w n h z u b z r z
No andar de baixo
Danni estava desconfiada enquanto se perguntava o que estava acontecendo com Jørn. Peter, Jungkook, Mercúrio e Myrella dançavam alegremente enquanto Fiuk e Øystein assistiam o documentário e compartilhavam o cigarro
A sala de madeira, com suas paredes escuras era um refúgio contra a noite fria e pingos de chuva, a porta arrombada sendo fechada com o apoio da mesa. A lareira, no centro da sala acessa deixando o ambiente mais quente, iluminava os rostos dos amigos reunidos. A música suave de brega preenchia o ambiente
O meu relacionamento
Tá virando noticiário na favela
Eu não sei mais o que faço
Tá parecendo uma novela
No sofá, Øystein e Fiuk estavam completamente absortos na televisão vendo o documentário sobre macaco, sempre que um dava um tragoem seu cigarro de maconha passava para o outro, era difícil se concentrar em algo além daquilo. Seus olhos brilhavam com a luz da tela, conectados por uma cumplicidade silenciosa. Eles pareciam estar em um mundo à parte, alheios à tudo ao redor. Bom pra Øystein
No centro da sala, Mercúrio e Myrella se moviam em uma dança sem passos, apenas dois abestalhados desfrutando do momento. Mercúrio com sua energia vibrante e exagerada de sempre, girava e se contorcia, puxando Myrella para perto pelos braços e em seguida a afastando, fazendo esse mesmo passo diversas vezes
Mercúrio- Vamos Myrella! Se solta aí aff
Mercúrio exclamou, com um sorriso
Myrella, com sua postura séria e reservada, tentava acompanhar o ritmo frenético do macho
Myrella - Não consigo acompanhar você, Mercúrio! Que ódio, dança direito! Não sabe nem agir como um ser humano normal! - ela respondeu, com um sorriso contido
Acontece que a mina ai do lado
Bagunçou meu casamento
Me olhou da janela, piscou
E dançou aquele brega do momento
Peter e Jungkook, abraçados, dançavam em um ritmo mais lento. Seus olhos se encontravam em um olhar de amizade
Peter- Eu te amo - Peter sussurrou sorrindo. Nem parecuabque tinham brigando fazia poucos minutos
Jungkook - Eca! Eca! Viado! - Jungkook respondeu, apertando Peter em seus braços com um sorriso no rosto
Danni, hesitava contra a mesa onde o som estava tocando música, ainda estava pensativa sobre o que estava acontecendo entre Júlia e Jørn. Seung insistia para dançar com ela
A mesma com um sorriso carinhoso depois de ter suspirado profundamente finalmente cedeu.
Seung - EITA GLORIA! - Ele falou puxando as mãos dela para dançar
Danni - PERA AÍ CARAIKKKKKKK E VAI ME DERRUBAR ÉKKKKKK
Danni falou rindo e Seung fez aquele bico característico dele, em uma expressão dramática fingindo estar ofendido
Jiyong - A não! Não vou ficar de vela não!
Danni - Bem que você podia entrar no personagem e tocar fogo na sua cabeça né
Jiyong- Ah, deixa eu dançar com vocês... - Ele falou fazendo bico
Danni - ???? DE JEI-
Seung - Claro pirraia!
Jiyong não perdeu a oportunidade de se juntar a ambos. Com um sorriso malicioso, ele se posicionou atrás de Danni abraçando a mesma enquanto ela continuava de costas
Danni - Que nojo Jiyong! Você nunca toma banho? Só vive com esse cheiro de cigarro no teu coro! - Ela disse olhando para ele por trás dos ombros
Jiyong- Seung tá pior e você não fala nada!
Seung - Pior né vei?
Danni se inclinou para frente sentindo o cheiro de maconha no pescoço de Seung e se afastou fazendo uma cara de nojo e de enjoo
Danni - Asiático não toma banho não é?
Seung - Desculpa, a gente fuma todo dia, mas vamo parar
Jiyong - Kkkkk juro-
Seung - ...
Jiyong- Verdade diva, vamo parar sim...
Danni não conseguiu segurar a risada, não conseguiu fingir que odiava Jiyong daquela fez e acabou abrindo um sorriso. Seung se inclinou encostando a cabeça no ombro esquerdo de Danni enquanto segurava suas mãos. Jiyong encostou a cabeça no ombro direito enquanto abraçava a mesmo. Os três balançando levemente enquanto cantavam exageradamente a letra da música
"Mas esse brega é louco
Cheio de maldade!
Ela sumiu, me deixou na vontade!
Cadê ela? Quero ela!
Eu vou atrás dela na comunidade!"
Jungkook, observando a cena, franziu a testa fazendo uma cara de nojo. A proximidade entre Seung, Danni e Jiyong despertou uma desconfiança que ele não conseguiu esconder, não iria perder uma oportunidade de julgar a sua cunhada com os olhares
Peter - Para com isso, Jungkook - Peter sussurrou, percebendo o olhar do namorado
Jungkook - Sabia que ela pegou meu irmão né? Ela é pu-
Peter- Cala a boca Jungkook - Ele o cortou falando na frente
Jungkook- Mas Peter...
Peter - Sem "mas"
Jungkook - TÁ! Mas ainda assim ainda preferia que ela fosse ficante premium do meu irmão...
Peter- Seu irmão namora, cala a boca
Jungkook contrariado, desviou o olhar, mas a cena continuou a incomodá-lo. A dança, com suas nuances e emoções, era um reflexo dos relacionamentos complexos que se desenrolavam naquele espaço
Mas esse brega é louco
Cheio de maldade
Ela sumiu, me deixou na vontade
Cadê ela, quero ela
Eu vou atrás dela na comunidade!
Todos na sala menos Myrella, Øystein e Fiuk cantavam alto e exageradamente
No andar de cima do quarto de Júlia. Jørn agora mais calmo beijava a mesma enquanto se movia para dentro e para fora dela. A atmosfera do ambiente era divertida mesmo que momentos antes não fosse
Dante arfou arqueando suas costas enquanto Jørn estava por cima do seu corpo. O moreno estava com o rosto enterrado no pescoço, ecoava pequenos grunhidos e gemidos abafados em sua pele
Ambos soltavam pequenas risadas acompanhados de vários outros sons que emitiam. A cama balançava conforme Jørn se movia mas gentil como sempre, Jørn sempre foi lento e educado não importasse a ocasião
Jørn- Júlia... Eu quero passar o resto da minha vida com você sabia gracinha? - Ele falou levantando o rosto para olhar para mesma, tudo isso sem que em momento nenhum parasse de se movimentar
Dante - Você tá bêbado!
Ela falou rindo, Jørn afundou seu rosto no seu pescoço apertando sua cintura antes de ejacular, seu corpo ficando todo fraco e mole logo em seguida o que fazia a mesma rir, ela empurrou ele para o lado. Jørn todo molenga tirou a camisinha jogando no lixeiro do lado da cama, ele fechou os olhos tentando se manter sóbrio
Júlia- Vai dormir já é goza e dorme?
Jørn- Eu tô bêbado... Deixa eu ficar sóbrio que te acordo rapidinho...
Ambos pararam quando ouviram o barulho do bater da porta, a voz de Danni soando baixa e preocupada
Danni - Oh Júlia... Eu vi que vocês tavam meio pá... Tá tudo bem?
Júlia estava prestes a abrir a boca para responder para que a mesma finalmente fosse embora, mas a voz de outras pessoas falaram por cima
Jiyong- Por que você de importa ein? Já falei que não quero você conversando com ninguém da família Lima...
Danni - E EU NÃO VOU FALAR POR QUE JIYONG???
Seung - Gente pera aí...
Jørn deu risada da discussão que acontecia por trás da porta
Jiyong - Porque eu não gosto do Øystein, não gosto dessa família
Danni- A sim perdão, esqueci que você é meu pai
Jiyong- Você concordaria se não fosse tão burra
O casal escutou barulho de tapas e a voz de Seung levemente irritada
Seung - Pera aí! Pera aí! Para de se bater aí! O JÚLIA! VEM AQUI!
Jørn- Vai lá amor
Júlia- Puta que pariu...
Ela falou se levantando e abrindo levemente a porta do quarto, os observando pela brecha. Seung estava no meio dos amigos empurrando um para longe do outro que tentavam se bater, todos pararam olhando para mesma na escuridão do quarto
Danni - Tudo bem amiga?
Júlia assentiu com a cabeça
Seung - É que a gente viu o Jørn chorando, a gente queria saber se ele estava bem
Júlia- Ele está
Ela respondeu curto e grosso, não entendia o porquê de ter soado tão defensiva e grossa, não tinha conseguido controlar e não se arrependeu de não ter controlado. Jiyong suspirou com aquilo dando uma risada sarcástica
Danni - Amiga... Você tá bem?
Júlia- Estava antes né, antes de vocês chegarem aqui
Seung - ? A gente atrapalhou alguma coisa?
Danni e Seung franziram as sobrancelhas sem entender a reação agressiva da amiga
Júlia- O que vocês acham? Vocês tão sempre atrapalhando
Ela falou fechando a porta com certa agressividade, nenhum entendeu nada
Jiyong- Tá vendo? Ela é tão ruim quanto o irmão!
Ele falou chutando a porta do quarto em seguida recebendo sermões dos amigos. No momento que Júlia se virou para trás de volta para o seu quarto, ele estava diferente
A luz leve da lua já não iluminava mais o quarto, ele estava escuro e com uma luz forte e vermelha, lembrava a câmara escura que serviam para revelar fotos ultimamente. Na sua cama não estava mais Jørn, em vez disso, estava Dead com os braços cruzados olhando para a mesma
Dead - Você está ficando tão ruim quanto eu...
Júlia - Cala a boca...
Júlia apareceu entender somente agora o que ela acabará de fazer tratando seus amigos daquele jeito
Júlia - Não foi... Eu não queria!
Dead - Ah, você queria sim!
Ele falou sorrindo. Dead se levantou da cama e caminhou até a mesma com passos lentos e calmos enquanto o mesmo sorriso continuava no seu rosto
Dead - Você queria sim...
Júlia- Cala a boca!
Dead - Você adora tratar as pessoas mal! Adora responder! Adora fazer com que você seja a vítima da situação!
Júlia - Cala a boca Pelle...
Dead - Ah Dante... Você é igual eu, igual seu irmão...
Júlia- Eu não sou igual você...
Dead - Se você não fosse não teria tratado seus amigos mal! É assim que você é de verdade! É desse exato jeito! Igual a mim! Igual seu irmão! Igual o seu pai! Você só se importa consigo mesmo!
Júlia- CALA A BOCA PELLE! CALA A BOCA! CALA A BOCA!
Júlia gritou jogando seu corpo contra a parede e escondendo seu rosto com as mãos. Seu corpo inteiro tremia de ansiedade pelas respostas de Dead, ela sentiu uma mão passar pelo seu ombro o que a fez se assustar mas logo se acalmou
Jørn- Júlia? O que tá acontecendo??
Ela olhou para o namorado com os olhos marejados e o abraçou. Dead não estava no quarto
Dead nunca esteve no quarto
A noite tinha se passado
Júlia acordou a mente confusa e pesada, o seu corpo se contraia contra os seus ossos, sua mente vagava pelo quarto embora não sentisse nada. Ela olhou para Jørn que dormia sem camisa tranquilamente do seu lado, ela o olhou por um tempo antes de se levantar, os passos pesados e lentos ecoando contra o piso de madeira
Ela abriu a porta olhando ao redor do corredor, a luz do sol ilumava o mesmo, era um ambiente aconchegante e acolhedor
Júlia desceu as escadas, a camisa grande de Jørn cobria até metade das suas coxas, a estampa de alguma banda de rock underground que provavelmente só Jørn e outras 50 pessoas conheciam no mundo inteiro. Øystein e Fiuk dormiam abraçados no sofá, provavelmente não acordariam tão cedo, Myrella estava sentada no último degrau lendo algum pdf de livro no seu celular, ela olhou para cima notando a presença da amiga
Myrella - Oi Júlia, bom dia amor
Júlia - Myrella...
Ela respondeu, mas não parecia ter escutado ou se importado com a voz da amiga, ela nem olhou para amiga, apenas seguiu em direção a porta que ainda estava arrombada por causa de Dead
O vento frio da manhã bateu em seu rosto deixando seus olhos marejados, sua pele estava pálida o que fazia suas bochechas corarem
Mercúrio corria pelo terreno na frente da casa junto de Jungkook, ambos jogavam bola, as risadas eram altas e contagiantes. Júlia pisou para a varanda e viu Peter e Dead sentados no deck de madeira na varanda
Dead estava com a respiração pesada, o rosto estava exageramente vermelho, os olhos brilhavam e ele parecia estar assustado. Peter falava alguns sermões para o irmão enquanto tentava o fazer se alimentar, Dead olhou rapidamente para Júlia e desviou o olhar se enfiando no peito do irmão
Aquilo a deixou com raiva, como podia ele querer a vítima dessa situação? Ela bufou ignorando sua presença, Danni estava sentada em uma pedra com Jiyong e Seung ao lado, a morena acenou para a amiga com sorriso no rosto, Júlia se aproximou em direção a eles
Seung - Ah oi Júlia
Danni - Oi amiga...
Júlia assentiu com a cabeça e na mesma hora que Jiyong viu que Júlia estava ali, o seu sorriso se desfez e ele cruzou os braços. Seung bateu com o cotovelo no amigo para ele mudar o comportamento
Júlia- Oi...
Ela disse mas sua mente não estava naquele lugar, estava muito longe dali
Jiyong - Ai, vamo jogar bola...
Ele disse puxando Seung para se me levantar
Seung - Tô indo jogar bola, já volto
Seung deu um beijo no topo da cabeça de Danni e Júlia e se afastou para jogar bola
Danni - Eu quero te mostrar uma coisa vem cá!
Ela puxou o braço da amiga andando para dentro da floresta. Júlia não hesitou e nem reclamou, não teve reação
Seu rosto apático olhava ao redor pela floresta até parar na frente de um rio sem correnteza
Danni parou na frente da amiga sorrindo com o rosto cheio de expectativa, mas Júlia estava apática sem conseguir entender o que ela estava fazendo
Júlia- O que é isso?
Danni - Um rio! Eu tinha visto quando tava andando por aqui e pensei que seria uma boa nadar aqui com você...
Ela disse apontando os braços na direacak da amiga e abraçando. Júlia assentiu amarrando a longa camisa do namorado na cintura e entrando na água, Danni tirou seu short e entrou na água junto da mesma
Ambas andaram um pouco para o fundo, a água batia em sua cintura molhando a camisa que Júlia amarrara justamente para não molhar, mas ela não se importou, assim como Danni que não se importava com sua camisa branca molhada ficando transparente e transparecendo seu sutiã. Danni deu uma risada andando em círculos ao redor de Júlia que abria lentamente um sorriso com a interação
Júlia- Por que o Dead tá chorando lá na frente com o Peter?
Danni - Ele pareceu acordar do surto dele agora, tá se sentindo culpado e tá chorando...
Júlia- Sério?
A expressão da mais velha mudou para uma mais preocupada enquanto ela segurava os braços da amiga
Danni - Ah sim... O Dead disse que algo pareceu tomar conta no corpo dele e obrigado a fazer algo que ele não queria, ela não sabe o que aconteceu, mas sabe que não queria
Júlia- Entendo...
Danni - E você? Como tá sendo com o Jørn? - Ela perguntou abrindo um leve sorriso se aproximando da amiga e apoiando os braços nos seus ombros, Júlia colocou a mão na cintura da mesma em baixo da água
Dante - Ai amiga, o Jørn ele tá meio triste sabe?
Danni - Sério? Por que?
Júlia- Ele tá com saudade da mãe...
Danni - Jørn tem mãe?
Júlia- Tinha aparentemente...
Danni - Ai amiga, sabe o que você pode fazer? Vocês tem uma filha juntos, fala pra ele que ele pode não ter tido uma mãe muito presente na vida dele mas que ele tem você e que você vai ser uma ótima mãe pra Jøsefina! Pelo menos a angústia que ele sente, a filha não vai sentir, isso pode deixar ele bem sabe?
Júlia- Verdade... Você é tão inteligente...
Júlia falou em um tom de brincadeira apertando levemente a bochecha da amiga antes de sua mão voltar para sua cintura
Júlia- Jørn tá sendo um ótimo namorado pra mim... Acho que vou casar com ele um dia e ser a pessoa mais fiel do mundo...
Danni - Felicidades ao casal
Júlia- E você e o Seung?
Danni- Ah, eu gosto do Seung, ele é um ótimo amigo mas ainda não sei se quero estar em um relacionamento com ele... - Ela começou girando lentamente com a amiga pelo rio - Ele é muito legal, não quero trair ele, então evito relacionamento sabe?
Júlia- Mas com meu irmão você não pensou duas vezes né? - Ela falou brincando embora no fundo tivesse um tom de seriedade
Danni - Eu peguei o irmão porque não podia mais pegar a irmã!
Danni falou rindo, era uma frase com tom de brincadeira. Danni se inclinou para frente dando um beijo em Júlia, era um selinho inocente e sem maldade, algo que a mesma considerava apenas uma brincadeira carinhosa entre ela e a sua amiga, algo que até já haviam feito. Danni se afastou rindo embora Júlia continuava com o rosto apático e confuso
Algo dentro de Júlia ficou totalmente contra aquela ação, ela sentiu repulsa da amiga e seu olhar escureceu drasticamente
Júlia- Você é uma vagabunda sabia, disso?
Danni - Oi?
Ela falou com uma expressão confusa, embora ainda manteve um sorriso no seu rosto, achava que a sua amiga estava brincando, e ela estaria, mas não naquele momento, não naquele lugar, não naquela casa
Júlia - Você é uma vagabunda Daniele! Uma cachorra! Uma puta!
Danni - Dante...?
Júlia- Você nunca pensa antes de nada! Tudo isso porque você precisa de validação das pessoas ao seu redor! Você não consegue ficar com uma pessoa só por muito tempo porque você é uma cachorra! - Ela falou se aproximando de Danni apontando seu dedo no seu rosto, Danni andava para trás, mas não o suficiente para a água sair da minha de sua cintura
Danni - Dante eu... Eu não entendo...
Júlia- Claro que não entende você é burra e egoísta de mais pra isso! Você traiu meu irmão várias e várias vezes e nunca pensou em como ele se sentia!
Danni - Amiga, o nosso relacionamento não era bom, eu não me sentia bem, não me sentia confortável, não me sentia feliz... Eu posso tá errada em ter traído ele mas...
Júlia- "MAS" NADA! Você nunca pensa na reação dos outros! Eu acabei de falar que não trairia o Jørn e você me beija!
Danni tinha encostado em uma pedra atrás dela não tendo para onde se afastar já que Júlia estava na sua frente
Danni - Me desculpa, era um selinho sem maldade, apenas pela nossa amizade...
Júlia- Você tem uma ideia muito estranha de amizade! O Seung é seu amigo, Bebel, Mercúrio, Tao, Chen, Gong Yoo... E agora você tá grávida de um deles e nem sabe qual...
Danni - Amiga... Você não acha que tá exagerando?
Júlia parou por um momento mudando sua expressão - Tem razão... Me desculpa...
Ela disse se aproximando de Danni e a mesma permitiu sua aproximação, no fim de tudo Júlia ainda era sua amiga, sua melhor amiga, e ela confiava nela. Talvez um desentendimento com seu irmão acarretou aquela discussão, mas isso não significava que elas se odiavam
Júlia envolveu o braço ao redor dos ombros de Danni em uma posição reversa a quão se encontraram a minutos atrás, Danni abriu um leve sorriso mas rapidamente não enxergou muita coisa
Júlia empurrou sua amiga pelos ombros para dentro do rio, a mais velha batia seus braços na água tentando voltar para superfície mas Júlia não permitia, o ar de seus pulmões lentamente se esvaindo enquanto sua amiga a tentava afogar. Mesmo de baixo d'água, Danni se sentia observada, ela abriu os olhos de baixo do rio e observou uma figura pequena, que mesmo no escuro do rio, ela a observava
Momentos antes, de volta a entradada casa. Os meninos jogavam bola, Mercúrio fazia embaixadinha antes de levar um empurrão de Jungkook caindo no chão
Jungkook - Para de ser viado! Porra de embaixadinha! Quero jogar bola! Jogar B O L A
Seung - Jogar bola com 4 pessoas só Jungkook? 2 em cada time?
Mercúrio - 1 pessoa só né, 1 pra ser goleiro
Jungkook - Ah fodase também! A bola é minha! Ninguém joga então!
Jiyong - A bola é de Bebel
Jungkook - Sim, mas ele é meu irmão e eu peguei dele, fodase, é minha
Jungkook tentou ir embora com a bola mas Mercúrio segurou sua perna fazendo os dois cair
Seung - Aí Jiyong tá melhor de ontem?
Jiyong - Eu não tenho o que melhorar, você que tem, você que foi xingando... Você tá melhor?
Seung - Não precisa se preocupar tanto com os outros o tempo todo, você se esquece de você
Jiyong - Eu não esqueço de mim!
Seung - Claro que se esquece, falou da tua reservista ontem pra Danni e mudou de assunto
Jiyong - Ai eu não quero falar sobre eu, um marmanjo sofrendo bullying no exército quando fui pegar minha reservista pra ela, po ela tá grávida...
Seung - Eu sempre falo com as minhas inseguranças com ela
Jiyong - Claro né, você come ela, o mínimo que tem que fazer é se importar
Seung - E você é amigo dela, devia fazer o mesmo e se abrir pra outras pessoas que não é somente eu, ou o Daesung, ou o Taeyang
Jiyong - Não sei...
Jungkook - SAI DE CIMA DE MIM MERCÚRIO!
Mercúrio - Faz assim, chama todo mundo e divide o time pra jogar bola
Jungkook - AFFTÁ BOM, vou lá chamar
Jungkook se levantou chamando Peter e Dead que estavam sentados no deck
Seung - Aí Jiyong, vai lá chamar as meninas que eu vou dentro da casa chamar os cara
Jiyong- Beleza
Seung entrou dentro da casa enquanto Jiyong andou floresta adentro. Seung fez questão de acordar todo mundo batendo panela na cozinha, ele queria que todos jogasse, Øystein e Fiuk acordaram e foram reclamando lá pra frente, Myrella sem largar o celular fez o mesmo
Jørn- Oi boyzinho, tu viu a Júlia?
Seung - Saiu com a Danni, Jiyong foi buscar
Jørn- Ata beleza...
Jørn concordou despreocupado e foi para entrada da casa
Ainda no rio, Danni debatia seus braços de maneira histérica de baixo d'água enquanto sua amiga ainda a tentava afogar, os olhos dela estavam fechados e ela batia os braços e as suas pernas sem sucesso algum. Júlia não estava sã naquele momento, ela olhava para baixo, via o corpo da sua amiga lentamente sucumbindo e tudo o que ela conseguia pensar era que aquilo era seu senso de justiça, que ela estava fazendo o que era o certo
Jiyong resmungava algumas palavras até finalmente avistar o rio. Ele viu as costas de Júlia e os braços de Danni balançando atrás dela, ele demorou alguns segundos até entender o que estava acontecendo. Ele correu e entrou dentro do rio sem se importar com as suas roupas ou nada, ele estava no mais puro desespero
Jiyong - JÚLIA??? JÚLIA CARALHO, QUE PORRA VOCÊ TÁ FAZENDO???? VOCÊ ENLOUQUECEU????
Ele gritou, sua voz tremendo de desespero e preocupação. Ele puxava os ombros e os braços da ruiva para trás, mas naquele momento ela parecia ter mais força do que já teve em toda sua vida, ela nem olhou para ele, apenas continuou empurrando o corpo de Danni contra a água
Jiyong gritava mandando ela parar enquanto puxava os braços de Júlia, mas ela não se mexia. Os braços de Danni lentamente pararam de se mexer e caíram na água fazendo um barulho de impacto, o oxigênio finalmente tinha acabado dentro de Danni e ela parou de se mexer
Jiyong no mais puro desespero bateu no rosto de Júlia a fazendo cair no rio. Ela se encostou na margem e ficou encarando ele com a mão no local da batida
Jiyong - PUTA QUE PARIU, MEU DEUS DO CÉU, O QUE VOCÊ FEZ?? - Ele falou levantando Danni e o corpo gelado e morto dela fazia peso para baixo, os olhos fechados e a boca levemente aberta que escorria a água do rio. Jiyong tentou carregar ela mas ele era muito magro e não aguentava o peso
Jiyong - CARALHO EU NÃO AGUENTO CARREGAR ELA! JÚLIA O QUE VOCÊ FEZ?? - Ele falou olhando para ela apoiada na margem do rio, Júlia olhava para ele com uma expressão estranha enquanto cobria o local da batida, uma expressão que ele achou que fosse... Satisfação?
Jiyong tentou carregar a amiga, mesmo que muito pesada e saiu correndo em passos desajeitados ocasionalmente cambaleando até a frente da casa
Todos que estavam lá rapidamente se desesperaram quando viram aquilo
Øystein só faltou arrancar os cabelos quando viu aquilo, Myrella soltou o celular caindo no chão, Mercúrio e Jungkook colocaram a mão na boca já entendendo o que aconteceu
Seung paralisou ali mesmo, não disse uma palavra, não mostrou uma reação, apenas encarou como se o tempo tivesse parado. Dead, Peter e Fiuk correram até ele desesperados
Peter - MEU DEUS, O QUE ACONTECEU???
Jiyong- ELA SE AFOGOU! Ai eLa Se AfOgOu!!!!
Ele falou com a voz trêmula de choro. Fiuk tomou a irmã dos braços dele, e Peter dava leve tapinhas no rosto dela enquanto Dead chorava
Peter - COMO ASSIM ELA SE AFOGOU??
Jiyong - A JÚLIA TAVA AFOGANDO ELA!
Øystein- AÍ MEU DEUS DO CÉU CADÊ A JÚLIA????
Jiyong - ELA TÁ LÁ ENCOSTADA NA MARGEM DO RIO
Jørn- ELA TÁ BEM?????
Jiyong - TÁ! ELA TA!
Øystein puxou o braço de Jørn e o arrastou floresta a dentro. Não demorou muito para que Øystein e Jørn encontrassem Júlia encostada na beira do rio com as mãos na cabeça arrancando seus cabelos
Jørn ia entrar dentro da água mas Øystein o empurrou e entrou ele mesmo ali, Júlia estava assustada com um olhar triste e desesperado, ela sabia o que tinha feito mesmo que sem controle de suas ações, ela sabia que tinha matado sua amiga
Øystein - Júlia? Júlia! - Ele falou levantando o rosto da sua irmã
Ela o olhou assustada, o abraçando logo em seguida
Øystein- O que você fez?
Júlia- Foi um acidente...
De volta a casa, Fiuk tinha colocado o corpo corpo gelado e imóvel da sua irmã sobre o deck enquanto todos a cercavam
Peter - Danni... Daniele acorda... - Ele falava dando leves tapas no rosto da mesma sem nenhuma reação
Os meninos todos já choravam no mais puro desespero, Myrella colocou a mão na cabeça de Danni orando. Jungkook empurrou os dois e começou a fazer pressão no peito dela
Jungkook - Pera aí, toda semana eu faço isso...
Mercúrio- Faz como?
Jungkook - Eu irmão de Bebel né, toda semana essa porra burra quase morre
Jungkook falou encostando os lábios no de Danni, a respiração dele misturado com a dela. Dead mesmo que chorando deu uma risada de nervoso imaginando o nojo que ele devia tá sentindo da irmã, assim como a irmã sentiria quando soubesse disso. Do lado Jiyong e Seung rezavam o Pai Nosso
Peter - Ué... - Peter falou fungando enquanto chorava - Vocês não eram macumbeiros?
Seung - CALA A BOCA! Assim na terra como no céu...
Jiyong - O pão nosso que cada dia nos das hoje...
Danni cuspiu a água no rosto de Jungkook que o fez se afastar com nojo limpando o rosto
Jungkook - Puta que pariu, caralho...
Danni - ??????
Geral se abaixou pra alisar ela, Danni se sentiu claustrofóbica e tentou empurrar todos eles
Danni - Credo, sai, eu toa molhada fudida que agarrado da porra é esse????
Peter - Mana você MORREU
Danni - Oi????
Øystein, Jørn e Júlia voltaram. Ambos correram para falar com Danni
Júlia- MEU DEUS VOCÊ TÁ VIVA
Danni - Tô uai
Jiyong - SAI DE PERTO DELA SUA MALUCA LISA DE GAROTA INTERROMPIDA SAI DAQUI
Øystein- ????? Ei irmão, tá ficando maluco????
Jiyong- ELA QUE MATOU A DANNI AFOGADA
Todos olharam para Dante com olhares curiosos, ele sabia o que tinha feito, mas não admitiria porque ele não sabia o porque de ter feito aquilo
Dante - Não, eu... Foi um acidente
Fiuk - Danni, é verdade?
Danni deu de ombros olhando para o irmão com uma expressão confusa
Danni - Não me lembro...
Jørn- Jiyong! Você tá deixando a sua briga com o Øystein influenciar nas coisas que você vê! Isso é uma acusação muito séria!
Jiyong - ???? Mano VAI TOMAR NO CU! EU QUERO QUE TODOS VOCÊS SE FODAM TAMBÉM!!
Jørn- Baixe o tom de voz que ninguém tá gritando com você
Jiyong - É PRA EU CALAR A BOCA É??? AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRRRRRGGGGGGGGGHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!! OLHA EU GRITANDO AQUIK
Danni - KKKJJJJJKKKKKKJJJJ
Seung - Para de rir meu Deus, você MORREU
Seung falou se sentando do lado de Danni enxugando o suor da testa tentando não voltar a chorar
Peter - Seguinte, não quero saber de briga aqui, vou te levar lá pro mercado porque o vei que alugou a casa pra mim disse que se alguém passasse mal era levar pra lá
Danni - Mas eu tô bem
Peter - Fodase você vai
Danni - ?
Peter - Bora Júlia você também
Jiyong - NÃO DEIXA ELAS JUNTAS NÃO!
Øystein - CALA A BOCA MASCOTE DA PIPOCA TITITI
Jiyong e Øystein começavam a se bater, Øystein batendo fraco porque nunca nunca brigou na vida e Jiyong apanhando tentando sacar o revólver da cintura
Jungkook chegou e separou eles dois e de quebra deu um murro na cabeça dos dois
Jungkook - JÁ FALEI PRA VOCÊ PARAR DE SER RACISTA E VOCÊ SE AQUIETE RAPARIGA
Danni - Eu não quero ir não man, tô toda fudida molhada, meu sutiã aparecendo
Fiuk - Quero saber não
Fiuk puxou a irmã pelos pés para carregar ela enquanto ela reclamava e se debatia. Ocasionalmente ela parou
O grupo inteiro andou floresta adentro já que o caminho não permitia entrar de van
Myrella ainda orava pois sentia que algo de errado estava acontecendo naquele lugar
Peter e Dead estavam perto da sua irmã que era carregada por Fiuk, Jungkook pela primeira vez não reclamou, Bebel é um acéfalo e toda vez que iam pra praia ele quase morria afogado toda vez, foi obrigado a aprender primeiros socorros por causa do irmão, entendia o desespero
Seung ainda estava fungando e chorando baixinho pela situação traumática que ele não soube o que fazer, Jiyong passava suavemente a mão no ombro do amigo enquanto mantia uma expressão de raiva no rosto, mesmo que aliviado pela amiga não ter morrido
Mercúrio estava em uma chamada com a irmã contando tudo o que aconteceu, a chamada falhando, Øystein bateu no ombro dele mandando ele parar com isso
No fim da fila, Jørn, Júlia e Øystein andavam juntos. Os meninos andavam abraçada com ela, ela estava confusa e se sentindo culpada pelo o que aconteceu
Ela sabia o que tinha acontecido, o que ela tinha feito, mesmo que não soubesse o porque. Eles andaram até chegar no mercado, não demorou muito até achar Stan que estava conversando com um grupo de pessoas
Peter - Ow Stan, minha irmã e a amiga dela quase morreram afogadas, você disse pra eu vim aqui caso algo aconteces-
Stan - Que maravilha!
Peter - ?
Stan - Não que elas quase morreram, por Deus não, tô falando que bom que vocês não deixaram isso passar e vieram atrás de ajuda
Peter - A sim, então
Stan - A tua irmã tá grávida, leva ela pra Moema, a tua irmã eu vejo mesmo
Peter- E tu é médico por-
Um grupo de pessoas começou a falar mais alto que Peter o guiando para uma casa isolada no meio da floresta. Lá Stan mandou Danni ir para uma sala específica e Júlia para outra, os irmãos de ambas tentaram entrar juntos mas foram barrados, por algum motivo, aquilo era privado
Júlia se sentou em uma cadeira na frente de Stan, se sentia desconfortável por não usar uma roupa adequada para aquele momento, mas ele não pareceu se importar
Ele apenas abriu um sorriso, mesmo que seu sorriso fosse doce, ela sentia que ele já sabia de tudo, que ele enxergava a sua alma mesmo que ela continuasse em silêncio
Stan - Então querida... O que você fez? - Ele perguntou se sentando na cadeira na frente da mesma enquanto a observavava com um sorriso tênue no rosto
Júlia- Eu??? Eu não fiz nada! - Ela falou se tremendo levemente por conta do frio que sentia
Ele inclinou a cabeça para o lado com o sorriso nunca deixando seu olhos, aquele cômodo tinha cheiro de madeira, mas não a madeira da casa onde estava, era uma madeira mais limpa e polida. Os móveis mesmo que velhos eram limpos e conservados, Júlia não conseguiu não se perguntar o porque ele mantinha a própria casa tão acolhedora enquanto a que ele alugava tão acabada
Stan - Jovem... Você está vendo essa casa aqui? Eu moro aqui e alugo os outros quartos, assim como aluguei aquela casa para vocês...
Ele falou em um lento e calmo, ele falava com tanta convicção e calmaria que a deixava calma, mesmo que por um pouco
Stan- Não tem muitas pessoas aqui, então tudo acaba chegando até mim de um jeito ou de outro! Eu já sei o que você fez
A luz dourada do sol entrava através das janelas projetando sombras alongadas sobre o assoalho de madeira envelhecida. O ar fresco da floresta traz consigo o cheiro de pinho e terra úmida, aquele sentimento daquele quarto era estranhamente mais reconfortante do que o exterior. Júlia se mexeu na cadeira, as mãos trêmulas e apertadas no colo, as unhas cravando na pele
Júlia - Eu... eu não sei o que aconteceu. Eu quase... - A sua voz estava embargada, mal conseguindo falar
Ela ergue os olhos, procurando alguma reação, alguma condenação, mas encontra apenas o sorriso sereno do homem. Ele já sabia, ele não estava mentindo afinal
Stan - Não se culpe, querida. O que aconteceu, aconteceu, você não fez nada de errado...
Júlia arregalou os olhos incrédula. A culpa estava a corroendo por dentro, e ouvir aquelas palavras parecia um insulto, ainda mais de alguém que falava com tanta serenidade e calmaria
Júlia: Mas... eu tentei machucar ela! Eu queria...
As palavras saem como um estalo na sua cabeça. Dizer aquilo em voz alta, falar o "Eu queria", a fazia perceber que talvez realmente não teria sido um acidente
Stan - Você queria? Você sentiu? O que ela te fez para fazer aquilo?
Ele levantou andando para trás de Júlia que estava sentada. O sorriso em seus lábios se mantém o mesmo.
Júlia- Ela... Ela teve um caso com meu irmão sabe, não fez bem pra ele e ela me beijou... - Ela disse olhando para o seu rosto atrás da mesma, ele deu de ombros voltando para sua casa
Stan - E isso te deu raiva?
Júlia- Sim... Eu tinha acabado de falar para ela que eu sou fiel ao meu namorado e ela me beijou! Quem ela pensa que é?
Stan deu de ombros olhando para ela com um sorriso
Stan - E ela merecia morrer por causa disso?
Júlia - Claro que não! Ela é minha melhor amiga! Eu só estava com um pouco de raiva na hora mas agora não estou mais! A culpa foi minha por-
Stan - Por ter sentindo raiva?
Júlia - Sim...
Ela falou baixo e insegura, aquela deveria ser a resposta certa independente de tudo, certo?
Stan - Mas essa é a verdade, minha querida.Você é um ser humano como qualquer outro! Intensa, apaixonada, cheia de vida, você sente coisas. E ali, você sentiu raiva
Júlia- Aonde você tá querendo chegar?
Ela tinha levantando uma sobrancelha. Ela entendia que ele queria chegar em algum lugar mas conforme suas palavras vinham e viam, não chegavam a lugar nenhum. Ele suspirou dando uma risada baixa, seus olhos andaram pela a mesma que estava entre os mesmos antes de voltar para o olhar de Júlia
Stan - Essa casa onde vocês estão... Ela é um espelho. Um espelho que reflete o que tem de refletir, todos seus extremos
Seja raiva
Ela não conseguiu tirar da sua cabeça a imagem dela mesma afogando sua amiga, a raiva consumindo seu olhar
Seja inveja
Ou Øystein fumengando de inveja toda vez que seus olhos passavam por Seung
Medo
O pensamento de Peter inseguro nos primeiros dias na casa jurando ter escutado algo, jurando que o dono da casa tinha olhado torto para a barriga da sua irmã
Luxúria
Ou Jiyong o tempo todo jogando investidas em cima de Myrella
Gula
Fiuk que fumava exageradamente em qualquer oportunidade que ele tinha, a gula não é somente a comida, mas sim em consumir algo mesmo depois de se saciar
Inseguranças
Seung sempre inseguro com as mais pequenas coisas. Seja pelos comentários racistas de Øystein, até em como consolar Danni em uma situação ruim
Agressão
Não se esquecia de Dead correndo atrás dela na floresta, quebrando a porta, tudo para pegar a mesma. E até mesmo aquilo que ele fez já dentro da floresta
Carência
E claro que ela não se esqueceria de seu namorado, de repente tão carente, tão necessitado de algo
Stan - ...Algo que é refletido, esculpido em sua forma prima...
Júlia estremece, a culpa e o medo se misturando em um turbilhão. Ela se sente presa, encurralada por suas próprias emoções
Júlia: Mas... eu não quero ser assim!
Stan - Você não tem escolha. A natureza te fez assim, é quem você é, e sempre foi... Mas eu posso te ajudar...
Ele disse se inclinando para frente, o olhar curioso de Júlia se acendeu e ela se inclinou para frente
Stan - Você pode colocar isso para fora, a sua raiva, a inveja, a carência, a agressão, tudo...
Ela não tinha certeza se ele sabia que se essas emoções específicas estavam atreladas ao seu irmão e namorados, mas ela faria de tudo pra fazer quem ela se importa se desprender daquilo, principalmente Jørn. Pobre órfão
Stan - Vê essa foto aqui?
Ele apontou para uma foto em quadro que estava em cima de sua cabeça
Forçando os olhos, Júlia conseguiu reconhecer que era Stan, o dono da casa, bem mais novo acompanhado de uma mulher e crianças pequenas, haviam homens e mulheres, entre elas estava aquela velha que haviam encontrado no mercado outro dia, ela segurava uma criança, um menino pequeno
Stan - Em 1970 quando minha família veio morar aqui, todos eram pessoas tristes, horríveis e miseráveis, a casa piorou mas eventualmente tudo parou e evoluímos como pessoas melhores
Júlia- Então você espera que eu tente matar minha amiga afogada mais uma vez pra aí nunca mais tentar novamente?
Stan- Você não consegue controlar sua raiva? Mesmo que espelhada?
Júlia - ...
Stan - Ainda é você, quando tudo isso passar, você jamais sentirá raiva novamente, ou carência... Essa casa... ela está aqui para te libertar
Ele se afastou abrindo a porta e falando para ela sair, como sempre muito calmo e educado deixando-a sozinha com seus pensamentos perturbadores e conflitantes
Fiuk tinha descido Danni dos seus braços e ela andou até a sala necessária, antes de fechar a porta ela pode ver os olhares curiosos e preocupados de seus irmãos e a raiva de Seung e Jiyong por não poderem entrar juntos. Ela fechou a porta e se assustou quando viu a velha do dia da visita ao mercado sentada em uma cadeira de balanço
? - Você se afogou né?
Danni - Sim, mas como você sabe?
? - Meu filho tinha visto tua amiga te matando e veio correndo me contar, senta aí na rede
Ela falou apontando pra uma rede no quarto e Danni assentiu totalmente curiosa e com um pé atrás
? - Meu nome é Maoma, mas não se deixe levar pelo significado do meu nome
Ela disse esmagando algumas ervas em cima da mesa sem olhar para Danni
Danni - E o que significa?
Maoma - Do tupi, enganosa...
Ela disse olhando para Danni dando de ombros e voltando a fazer o que estava fazendo
Após esmagar as ervas, ela as colocou em um copinho em seguida misturando com água quente, ela olhou para Danni entregando o chá em suas mãos
Maoma - Vocês não estão nada bem nessa casa né?
Danni - A gente tá ótimo
Maoma - Garota, não se faz de sonsa! Você é tão sensitiva quanto eu e sabe muito bem que tudo naquela desgraça de casa tá dando errado!
Danni engoliu seco. Mesmo que fosse óbvio que essa velha indígena pocahontas do caralho tivesse um entendimento um pouco maior sobre o espiritual, ainda assim não é todo dia que alguém joga isso na sua cara
Maoma - Tá de quantas semanas?
Danni - ... Eu não sei... Eu ainda não fui no médico, só fiz o teste de gravidez, deu positivo e tô levando a vida né
Maoma - Posso?
Ela perguntou levantando as mãos para tocar sua barriga pedindo sua permissão, mesmo que hesitante, Danni concordou dando um gole daquele chá que a foi oferecido. Maoma gentilmente colocou as mãos sobre o ventre da mesma tentando sentir algo
Maoma - Acho que tá de umas 10 semanas, já tá bom você ir procurar se cuidar mesmo que você não queira a criança
Danni- Oi??? Quem disse que eu não quero?
Ela tinha se engasgado com chá. Mesmo que ela não quisesse, não queria que as pessoas saíssem por aí afirmando o óbvio
Maoma - Eu não sou idiota, sabe?
Danni - A sim...
Maoma - Olha... Esse lugar, essa casa... Não é um lugar bom pra vocês
Danni - Ótimo, vamos embora
Maoma - Eles vão tentar de novo se você ir embora agora, já é tarde de mais pra isso
Danni não entendeu nenhuma palavra do que ela havia dito, e não escondeu sua confusão
Danni - Como assim? Eles quem?
Maoma - Sua amiga vai tentar te matar de novo lá em Recife na primeira crise que ela tiver
Danni - Perdão...?
Maoma - O seu irmão vai continuar paranóico, o seu amigo vai continuar chorando pela mãe que nunca teve e o seu irmão vai ter que dormir amarrado durante um bom tempo se você sair agora
Danni sentiu um frio percorrer a sua espinha, não entendia como ela conseguia ter todas essas informações, não entendia como isso poderia tá acontecendo tão de repente
Maoma - Você tem que esperar até passar, mas eu posso te ajudar com isso
Danni - Você pode?
Maoma - Sim eu só quero uma coisa em troca, eu também quero sua ajuda
Danni se inclinou para frente dela dando um último gole do seu chá a olhando curiosa e preocupada
Maoma - Eu quero o seu bebê...
As palavras dela mesmo que sinceras e calmas, pareceram soar como facadas. Danni arqueou para trás sentindo agora o peso das mãos da indígena que pesavam sobre sua barriga
Maoma - A alma dele mais precisamente
Danni se encheu de raiva por causa daquilo, não importava se ela soubesse que ela detestava maternidade, não se fala isso pra ninguém. Danni a empurrou se levantando da rede bruscamente
Danni - VOCÊ FICOU MALUCA?? ISSO LÁ É COISA DE SE PEDIR? SE FODA VOCÊ E TEU FILHO INTROMETIDO QUE TAVA ME BRECHANDO TOMAR BANHO COM A JÚLIA!
Ela falou abrindo e batendo a porta, seus irmãos obviamente perguntaram o que houve mas ela não respondeu.
De volta a casa, os meninos deixaram Daniele deitada em seu quarto para ela e o bebê descansarem de um dia cansativo. Na sala, Júlia estava sentada sobre k sofá com vários olhares curiosos sobre si esperando uma explicação
Myrella- Júlia... Fala pra gente o que aconteceu no rio, de verdade
Júlia- Foi... Foi um acidente... - Ela disse com a voz fraca
Jiyong- NÃO FOI! EU VI O QUE VOCÊ FEZ! PARA DE MENTIR!
Jiyong falou bufando de raiva do outro lado da sala enquanto Seung tentava acalmar seu amigo
Øystein- Ei irmão! Eu já falei que eu vou bater em tu porra! Não tá vendo como minha irmã tá assustada e você continua falando isso!
Jiyong - Vai me bater é? Queria ver você tentar!
Jørn- Paro!
Jørn, a voz de autoridade na casa falou alto fazendo todos ficarem em silêncio por um momento, ele se baixou para ficar da mesma altura que Júlia no sofá, ele olhou para ela com seus olhos calmos e serenos de quem confiava em toda sua fibra em sua namorada
Jørn - Júlia, você que tentou matar a Danni afogada?
Jiyong - Tentou não né, conseguiu
Júlia o olhou de volta, no fundo dos olhos dele, lá conseguia enxergar o que Stan havia lhe falado, carência. Não conseguiria viver sabendo que seu namorado no fundo estaria para sempre carente de algo que ela nunca poderia oferecer, nunca poderia suprimir, nunca poderia dar. Ela fez o que precisava fazer para tudo ficar bem no final, ele iria a agradecer no final, Danni iria agradecer, até Jiyong agradeceria. Ela mentiu
Dante - Jørn foi um acidente, a gente tava no rio e ela pisou em um buraco lá e eu estava tentando puxar ela de volta...
Ela falou com a voz fraca e os olhos marejados, Jiyong automaticamente bufou e saiu para fora da casa, Seung foi atrás do seu amigo tentando o ajudar. Os irmãos da Danni estavam indiferentes sobre aquelas informações, não sabiam em quem acreditar; Jørn e Øystein sorriram aliviados por acreditar na inocência da pessoa mais importante na vida dos mesmos. Jungkook, Mercúrio e Myrella observavam um canto indiferentes com tudo, eles acreditavam em ambas conversas mas duvidavam mesmo assim
Jørn se inclinou abraçando a sua namorada a passando algum conforto, suas pálpebras fechavam lentamente até ver o vulto de uma figura ruiva refletido pelo espelho no canto da sala, a figura antes dele, ele reconhecia aquela mulher em qualquer lugar. Ele se afastou de Júlia assustado olhando rapidamente para o espelho procurando aquilo que lhe assombrava
Júlia- O que foi Jørn? Qual o problema?
Jørn olhou para ela bufando, o medo crescente em seu rosto
Jørn- Nada...
Júlia sabia o que ele sentia, sabia o que estava passando. Mas se sentia feliz sabendo que muito brevemente o sofrimento do seu namorado acabaria
Fora da casa Jiyong bufava com raiva sentado sobre o banco na frente da casa, poucos minutos depois Peter e Fiuk saíram se aproximando deles com uma expressão curiosa e de compaixão
Peter - Jiyong, você pode explicar de novo pra gente o que aconteceu?
Jiyong - Pra que? Se ninguém acredita em mim
Seung - Eu acredito em você mano, eu sempre acredito em você só me faz te entender porque essa história não faz muito sentido
Fiuk - Eu acredito em você Jiyong...
Fiuk falou em um tom sério que fez os outros rapazes olharem para ele com uma expressão estranha. Jiyong suspirou preparado para contar mais uma vez o que tinha visto
Jiyong - O Seung pediu pra eu chamar as boyzinha pra jogar bola, elas tava no rio, aí eu 'balão pirraia, tô indo', fui indo né, cheguei lá boy embaçou tudo
Peter - Fala igual gente normal que eu te entendo
Jiyong estalou a língua sendo obrigado a falar em seu português br original
Jiyong - Eu fui no rio atrás delas, de longe eu a Júlia de costas, não entendi direito o que tava acontecendo mas ela tava afogando a Danni, corri pra empurrar ela e ela nem olhou na minha cara! Só parou quando a Danni parou se mexer e eu bati na cara dela
Os meninos suspiravam aflitos, Jiyong tinha mais pontos de história do que Júlia com sua história de pisar em buracos
Dentro de casa, Jørn e Øystein tinham se unido para tentar fazer algo que Júlia gostasse na cozinha, deixando assim ela sozinha na sala. Dead se aproximou lento e inseguro ao lado dela
Dead - Júlia... - Ele falou com a voz baixa, quase inaudível, ele estava com vergonha de se aproximar dela depois de tudo que ele fez
Júlia- Pelle? - Ela perguntou insegura e com medo, nunca se sabe o que ele pode tentar fazer
Dead - Eu queria pedir desculpas...
Ele falou baixo e ansioso, suas mãos tremiam e ele não conseguia olhar em seus olhos
Dead - Me desculpa pelo o que eu te fiz ontem... Eu sei que eu não sou o melhor namorado do mundo, eu nem sou uma pessoa muito boa...
Ele falou levantando a cabeça mas ainda evitando seu olhos, seus olhos estavam marejados e seu rosto estava vermelho, o som dele fungando era mais alto que as suas próprias palavras
Dead - Eu sei que eu sou uma pessoa muito agressiva e realmente me desculpa por te bater, me desculpa por te tratar mal, eu sei que não tem motivos e nunca terá pra eu te bater mas...
Júlia estava sem palavras enquanto ele falava, ele realmente estava se desculpando por tudo de ruim que ele já fez pra ela?
Dead - Essa é a maneira que eu sei reagir! Quando eu morava na Paraíba com a minha mãe e meu padrasto antes de fugir de casa pra morar o Øystein que eu conheci na internet... Bem... - Ele não soube como explicar, ele não soube como falar, ele nem se sentia confortável em soltar aquela informação na roda, mas sentia que era necessário - ... Eu tinha motivos pra sair de casa e eu saí, e esse é o único jeito que eu sei como reagir quando algo da errado porque é isso o que eu vivi
Ele falou deixando as lágrimas escorrerem levemente pelo o seu rosto pálido, ele ainda evitava seu olhar mas ele parecia ser sincero. Assim como Stan disse, essa casa era um espelho, um reflexo; e Dead agora era um espelho mais nítido do seu padrasto
Dead - Eu sei que isso não é desculpa e muito menos motivo, mas me desculpa por isso tá bom? Eu vou tentar mudar! Mas você precisa me escutar agora...
Ele falou finalmente olhando para Dante, seu tom de voz deixando de ser triste e emocional para um mais sério e ansioso
Dead - Eu... Não foi eu que fez aquilo com você ontem...
Ela sentiu um frio gelado bater em suas costas, ela se sentiu ansiosa e insegura seja lá o que aquilo significava
Júlia- Como assim Per?
Dead - Era algo... Sobre mim... Você sabe igual como você se sentiu quando afogava a Danni
Quando afogava a Danni... Dead sabia como ela se sentia afinal, como se algo
Dead - Está dentro de mim...
Ela congelou ali naquele lugar, Øystein e Jørn voltaram da cozinha e Dead se afastou andando para fora de casa, não queria que ninguém o visse daquele jeito. Øystein e Jørn falavam sobre assuntos mundanos com Júlia mas ela não prestava atenção em nada
No quarto de cima, após algumas horas Danni finalmente acordou, estava cansada e dormiu bastante por causa disso, afinal não é todo dia que você morre afogada né? Ela abriu seus braços esfregando as costas de suas mãos contra seu rosto tentando a acordar por completo
Ela não enxergava nada além de figuras escuras pelo quarto por seus olhos não terem se acostumado totalmente com a luz do abajur o iluminando, as figuras escuras foram lentamente tomando forma, lentamente formando os móveis, os objetos do quarto e... Pessoas?
Danni exergou pessoas que claramente não eram nenhum de seus amigos no quarto e ela arregalou os olhos pronta para gritar, mas uma das figuras masculinas rapidamente se aproximou tentando a acalmar
? - Aí meu Deus rapariga, não vai gritar vai?
Danni - RAPARIGA É A SUA MÃE SEU ARROMBADO DO CARALHO
? - Eu sou português
Danni - Ata
A figura feminina se aproximou dela com uma expressão confusa
? - Ué? Não morreu ainda
Danni olhou cada um deles de cima a baixo com uma cara de nojo, todos vestiam roupas bem antiquadas, Danni usava roupas antigas, mas nada "Brasil Colonial" o suficiente
? - Agora ela tá vendo a gente normal, antes era só a presença, legal
Danni- Oi????
? - Aí deixa eu me apresentar! Eu sou Catharina de Vries! Morri em 1701 quando os holandeses foram expulsos de Pernambuco! Morri nessa casa quando meu marido fugiu e me deixou aqui! Tu acredita?
Danni - PERDÃO???? KKKĶKKJJJJJJJJKK O QUE TÁ ACONTECENDO????
? - Eu sou Francesca Ferrari e esse é o Manuel Pereira...
Manuel - A gente morreu em 1760 quando imigrantes da Europa tava estavam a vir para cá, a gente morreu de doença mesmo não te preocupas
? - Leonardo, morri nos anos 70
Chatharina - Aí vocês tem essa mania feia de se apresentar sem falar o nome e o sobrome, que nojeira
Leonardo - Eu acho esnobe
Francesca - Aí tem um garotinho indígena aqui também! A gente não sabe o nome dele, ele morreu a mais de 30 anos e nunca falou, cê acredita?
Ela falou sorrindo enquanto Danni estava tendo o pior dia da sua vida, já não bastava ver assombração parcialmente, agora via completamente, inteiramente, é ainda podia conversar
Danni - Ai isso não pode tá acontecendo...
Francesca - Você quase morreu hoje né? Provável ser por causa disso
Chatharina - Jij bent wel heel slim, hè? Jullie Italianen zijn er heel goed in om voor de hand liggende dingen te herhalen en te zeggen om je slim te voelen... Onwetende mensen, gedreven door het katholicisme...
Francesca - Lasciami in pace! Siamo stupidi? E tu sei olandese? Se fossero stati intelligenti come dicono di essere, non sarebbero stati espulsi dopo la sconfitta contro il Portogallo! Portogallo! Che diavolo ha questo paese?
Danni - OI???????
Manuel - Ignora, acontece toda semana...
Leonardo - Olha o molequinho ali!
Ele falou apontando para porta onde tinha uma criança de uns 9 anos olhando para dentro
Danni- Escuta... Minha vida já era um inferno antes só vendo e sentindo vulto, agora eu posso CONVERSAR? Não, não... Como desfaz?
Catharina- Acha que só porque a gente tá morto acha que sabemos de tudo? Se soubéssemos estaríamos no céu né
Manuel - Não precisa engolir a rapariga por causa disso
Leonardo- Ignora, ela é holandesa, odeia todo mundo com descendência portuguesa
Danni - Eu tenho descendência africana e judia
Francesca - Vixi...
Todos eles fizeram cara de nojo dando um passo para trás, Danni se levantou e olhou pela janela, já estava de noite. A escuridão dominava a floresta e a única luz além da lua eram seus amigos na frente de casa fazendo churrasco, as brasas iluminando a entrada
Francesca - Quem diria que esses amarelos iriam ser tão incluídos na nossa sociedade nos dias atuais...
Catharina - Eu sabia! Eu falei pras minhas amigas da Noruega que essa raça de olhos puxados um dia iam se misturar com a gente
Danni olhou para elas de lado como se elas tivessem falado a coisa mais horrível que ela tinha escutado em anos
Danni - Eu preciso sair daqui...
Ela falou colocando um pé para fora do quarto antes de ouvir a voz masculina a prevenindo
Manuel- Tu devias ficar de olhos bem abertos com teu irmão e tua amiga
Danni - Oxi por que?
Leonardo - Eles não tão muito bem não
Danni deu de ombros, não sabia se devia levar em consideração ou não, ela acabou de ter uma conversa com um bando de fantasma do Brasil Colonial, ela se virou no corredor e o garoto ainda estava ali, sentia uma pena lhe correr vendo alguém tão jovem morrer
Danni - Você é uma gracinha, sabia? Mesmo que pareça uma versão indígena do mlk do filme O Grito
? - Eu não sei o que é isso
Danni - Vixi... Foi mal... Quando eu botar filme lá na televisão da sala com os meus irmão você assiste beleza?
? - Eu não sei o que é televisão...
Danni - Eitakkkkkkk complicado
Ela falou andando para longe, não se sentia nem um pouco normal falando com espírito, a gota d'água tinha sido isso. Ela desceu as escadas já pronta pra contar pra Júlia que agora ela conseguia conversar com fantasma
Danni - Júlia? Júlia! Ju-...
Ela a encontrou na cozinha, um espaço agora transformado em um palco de pesadelo. A luz fraca da cozinha, filtrada pelas cortinas sujas, banhava a cena em um tom esverdeado e doentio
Júlia estava lá, mas não era a Júlia que Danni conhecia, era outra coisa
Seus olhos antes castanhos, agora eram poços de um amarelo com pouquíssima pupila, como o âmbar que aprisiona a luz de um sol moribundo. Júlia estava mastigando algo, mas assim que ela a viu parou imediatamente. Danni sentiu o sangue gelar nas veias
A cozinha estava em um estado de caos. Portas de armários abertas, embalagens rasgadas e comida espalhada por todos os lados e um cheiro nauseante de carne crua a querendo fazer vomitar
O olhar de Júlia continuou em Danni, e um sorriso distorcido, uma expressão maligna e sombria de sua amiga, curvou seus lábios. Gotas de um líquido vermelho e espesso escorriam pelo queixo de Júlia, manchando sua blusa. Ela estava comendo carne crua, retirados diretamente da geladeira que provavelmente seriam usados no churrasco mais tarde
Júlia - Você ja acordou? Que bom amiga!
Ela falou com o mesmo sorriso em seu rosto, ela se manteve abaixada, os olhos amarelos envoltos de bolas escuras e pretas em seus olhos e a boca suja de sangue
Danni sentiu as pernas fraquejarem, o mundo girando ao seu redor. O medo a paralisou. Cada músculo do seu corpo parecia ter sido petrificado, incapaz de reagir àquela visão. O tempo parecia ter parado, os segundos se esticavam em uma eternidade de horror, cada batida do coração de Danni um tambor frenético em sua caixa torácica
Júlia - Você não tá com raiva de mim por causa de hoje de manhã né?
Danni - Não Júlia... - Ela falou com a voz fraca e trêmula
Júlia- Você sabe que foi um acidente né?
Danni - Sim... Sim eu sei...
Júlia- Senta aqui pra comer comigo, como sempre fazemos...
Danni - Eu não tô com fome...
Júlia - Mas você tá grávida! Precisa comer pelo bebê... Você tem que alimentar seu parasita! Ele é bem mais eficaz que a anorexia né? Tudo o que você come vai pra ele...
Finalmente, com um esforço, Danni conseguiu romper a paralisia. Virou-se bruscamente, os olhos fixos na cena que jamais esqueceria, e correu enquanto escutava a risada distorcida de Júlia de fundo
Tudo a perseguiu enquanto subia as escadas, cada degrau uma tortura, cada passo um desafio à sua sanidade. Mas ela estava segura
Júlia, alheia à fuga desesperada de Danni, continuou na cozinha se alimentando, enquanto sua amiga entrou no seu quarto e trancou a porta. Os fantasmas não estavam mais ela, se se encostou contra a porta e se sentou no chão, sabia que o pesadelo estava começando somente agora, tinha que esperar o ciclo terminar como Maoma tinha lhe explicado, se voltasse pra Recife agora, tudo ficaria assim para sempre
? - Moça...
Danni gritou assustada antes de ver o espírito da criança do seu lado, ela se acalmou vendo que era somente ele
? - Por que você tá chorando?
Ela percebeu agora que estava chorando de medo, Danni limpou as lágrimas e olhou novamente para criança e foi sincera com seu estado atual
Danni - Minha amiga tá possuída, todo mundo nessa casa tá passando pelo pior dia da vida, e a gente nem pode fugir!
? - Pode não, mesmo não, se não da errado
Danni - É eu sei... Já me explicaram... Qual seu nome?
? - Eu não lembro...
Danni - Como você não lembra????
Ele deu de ombros
Danni - Vou te chamar de Toshio, é a criança do filme lá
Toshio - Legal, ninguém me chama por um nome faz tempo
Danni - É... Eu vou ficar aqui por um tempo, aí os outros fantasmas se acostumam a te chamar assim
Toshio - Tá bom... Se serve de consolo, a sua amiga não vai te fazer nada não
Danni- Como você sabe?
Toshio - Tem gente pior que ela na casa, gente que ela tem medo
Danni - Quem que...
Danni ouviu o grito dos meninos no andar de baixo e se estremeceu, ela já esperou pelo pior então rapidamente abriu a porta
Danni - Ai criança! Fica aí tá bom!
Toshio - Mas eu já tô mort-
Ele tentou explicar que ela não precisava se preocupar já que ele já estava morto, mas Danni já tinha corrido escada a baixo em direção dos gritos, lá encontrou todos os rapazes na cozinha incrédulos que ela estava completamente bagunçada e suja de sangue
Mercúrio - QUE PORRA ACONTECEU AQUI???
Jørn - Deve ter entrado algum bicho e comeu tudo vei
Peter - Bicho que abre a geladeira?
Jiyong- Bicho que abre pote e come o que tá dentro?
Jungkook- Bicho que abre embalagem e come salgadinho?
Seung - Bicho que abre armário?
Jørn- TÁ BOM CARAI NÃO PRECISA HUMILHAR TAMBÉM NÉ!
Danni - Gen-
Danni tentou falar algo mas assim que Seung viu ela ali, ele enrolou os braços ao redor dela preocupado
Seung - MEU DEUS QUE BOM QUE VOCÊ TÁ BEM!
Jiyong- Alguém invadiu essa casa pirraia
Øystein- CADÊ A JÚLIA???
Júlia - Oi?
Ela falou saindo do banheiro escovando os dentes. Danni se encolheu e abraçou Seung de volta, encarava a amiga com medo
Ela não estava com a mesma camisa suja de sangue, seus olhos estavam castanhos novamente, seu rosto estava perfeito, nada fora do normal
Danni se encolheu olhando sua amiga completamente normal, como se nada daquilo tivesse acontecido
Øystein- Você tava aonde?
Júlia- No banheiro ué...
Fiuk - Você não viu não, quem entrou e fez isso?
Júlia - Não ué
Os rapazes suspiraram e examinavam a cozinha, Danni encarava Júlia assustada enquanto era abraçada por Seung. Ela sabia o que tinha visto, ela sabia o que ela fez, mas agora tudo não parecia mais fazer sentido
Francesca - Ela fez aquilo
Danni - AÍ CARALHO!
Danni se assustou tremendo nos braços de Seung, todos na cozinha olharam para ela desconfiados, inclusive os fantasmas que ninguém ali
Danni - Nada não... Eu senti um bicho pousando em mim
Fiuk - A sim...
Chatharina- Eu não tô vendo bicho nenhum
Manuel- Sua burra, só ela escuta e vê a gente, ela tá pagando de louca
Jørn- Enfim... Vamos terminar de arrumar isso e começamos a trancar a janela, isso deve ter sido algum bicho
Todos começaram a recolher a sujeira e colocar em seus devidos lugares. Dante estava encostado na parede enquanto observava a cena, Danni se manteve distante enquanto a observava
Francesca - Eu vi o que ela fez, você não tá ficando maluca
Danni - E o que aconteceu depois? - Ela perguntou baixo
Chatharina - Ela entrou no banheiro, não conseguimos entrar pra ver o que ela fez lá dentro
Manuel - Isso é estranho, a gente sempre consegue entrar
Danni - Eww, vocês vêem a gente tomando banho?
Leonardo - A gente tem mais o que fazer sabia?
Danni - Vocês estão mortos
Francesca - Enfim... Tem algo muito errado com essa tua amiga...
Os pensamentos de Danni foram interrompidos quando Júlia se aproximou dela com uma expressão curiosa e preocupada
Júlia- Amiga você tá falando com quem?
Danni - ... Tô falando sozinha...
Jungkook - O caralho viu, quando for amanhã a gente sai pra comprar coisa
Danni arregalou os olhos com aquilo, como poderia alguém sair daquela casa e a deixar sozinha? Sozinha com Júlia, ela se estremeceu de medo somente por pensar naquilo
Danni - Você e quem?
Jungkook - Sei lá... Quem quer ir?
Jørn- Eu vou!
Dante xingou em seus pensamentos, novamente Jørn estava tentando assumir a responsabilidade de cuidar de todos, ela pensou em falar algo mas do que adiantaria? Ela suspirou, estava grata de poder continuar na casa, grata sabendo que seu namorado futuramente iria se curar de todos os males que viveu em apenas 1 semana. Grata a casa
Mercúrio - Aí! Eu quero ir! Vai ser divertido!
Seung - Eu e o Jiyong a gente vai também!
Danni - OI????
Vamos supor uma situação hipotética, se eles demorarem no centro, comprando comida, quem dormiria no quarto com Danni? Ela estaria sozinha e desprotegida contra Júlia, o que estava acontecendo com Júlia? Achava que era só algum surto como Maoma tinha lhe explicado, mas aquilo era mais que um surto, aquilo era outra coisa
Seung - A gente volta cedo amor, não se preocupa... - Ele falou sorrindo segurando seu rosto, por trás de Seung os fantasmas observavam Danni todos com expressões curiosas
Leonardo - Pode ficar tranquila que qualquer coisa a gente te avisa
Øystein- EU VOU TAMBÉM ENTÃO!
Øystein tinha que bancar o machão, se Seung fizesse qualquer coisa, ele iria tentar o superar e fazer melhor, ainda mais quando que de alguma forma sua irmã estivesse envolvida. Danni suspirou, que pesadelo, que palhaçada essa viagem tinha se tornado. Todos eventualmente subiraram para seus quartos e começaram a se acomodar para dormir
Øystein- Senta aqui Júlia...
Øystein falou sentado na cama com as pernas abertas gesticulando para ela sentar no meio, Júlia obedeceu. Øystein começou a trancar os curtos cabelos da irmã tentando passar algum tipo de conforto
Dante - Desde quando tu sabe trançar cabelo? Tu é branco
Øystein- Júlia eu sou pardo e a minha mãe é preta, o que você esperava?
Dante - Vai me engolir é?
Øystein- Vou, levanta os braços pra ficar mais fácil de descer pela minha garganta
Dante - Seu nojento!
Ela falou batendo na perna do irmã o enquanto dava risada, ela se encostou contra o peito de Øystein olhando para algum ponto do quarto enquanto ele trançava seu cabelo
Øystein - Como será que pai tá com Morbius, Juninho e Jøsefina lá em Porto de Galinhas?
Júlia- Melhor que a gente, com certeza...
Øystein- Já sabemos quem é o filho favorito né?
Júlia- Loki não tem filho favorito!
Øystein- Todo pai tem, minha mãe só tem eu de filho e mesmo assim o favorito dela é o Seung, tudo porque ele é um fiel melhor que eu...
Júlia- É claro que a sua mãe te ama Øystein...
Ela falou com os olhos pesando de sono, seus olhos doíam um pouco de tanto o manter aberto, e seu irmão mexendo no seu cabelo a deixava ainda mais sonolenta
Øystein- Eu sei que ela me ama... - Ele falou baixo, nem ele mesmo acreditava nisso
Øystein- É só que tudo o que eu tenho, que já não é muito, parece que tá sendo roubado... Roubado por um assaltante... - Ele falou com a voz pesando de raiva e inveja
Júlia não respondeu, ela já estava dormindo nos braços de seu irmão. Øystein suspirou se afastando e deitando ela na cama, a cobrindo logo em seguida. Os olhos do mais velho viram Myrella dormindo na cama se solteiro no canto do quarto, os óculos sobre o peito e a boca aberta escorrendo saliva. Ninguém o escuta de verdade ali
Jungkook estava no quarto terminando de conversar com Bebel, ouvia as risadas altas de Mercúrio no quarto, ele provavelmente estava falando com a irmã, ele não julgo mais pois ele mesmo fazia a mesma coisa com o irmão. Jungkook entrou no quarto e mais uma vez, Peter estava sentado na cama perdido em seus pensamentos
Jungkook - Aí... O que foi dessa vez Peter?
Peter - Como assim o que foi? Minha irmã MORREU hoje e comeram toda a comida da nossa casa! Como eu deveria estar?
Jungkook - Ela QUASE morreu, Bebel quase morre toda semana! Para de se preocupar...
Ele falou revirando os olhos se sentando do lado do namorado
Peter- Tá... Mas e se o Jiyong estiver certo?
Jungkook - E se ele estiver errado? Por que a Júlia tentaria matar a Danni afogada? Elas são amigas de infância se tivesse de matar, matava criança!
Peter - Não é tão fácil assim de explicar e entender as coisas Jean...
Jungkook - Não me chama de Jean, meu nome é Jungkook
Peter - Jean Jungkook
Jungkook - Tá bom PETERSON
Peter - Por que você tá brigando comigo? Eu tô preocupado...
Jungkook - Você tá sempre preocupado... - Ele falou suspirando e se deitando na cama deixando o namorado perdido em seus pensamentos
No quarto dos meninos, Filipe estava completamente desesperado vasculhando suas coisas em busca de algo, Jørn segurava uma seu celular encarando uma foto de seus pais ainda juntos e vivos com uma expressão triste em seu rosto, Dead estava sentado no canto do quarto abraçando seus joelhos
Fiuk - PORRA! Cadê a maconha que eu deixei aqui? Eu deixei escondido! Só quem sabia era vocês! Quem pegou?
Ele falou com raiva e seus olhos estavam desesperados em abstinência, Jørn levantou o olhar confuso e triste
Jørn- Sei não mano, nem fumar eu fumo
Fiuk - E você Dead? Você pegou?
Ele perguntou com raiva em sua voz, o loiro negou com a cabeça olhando para o irmão com uma expressão assustada, os olhos marejados enquanto apertava os joelhos. Fiuk se acalmou por um momento se aproximando do irmão preocupado
Fiuk - O que foi?
Dead - Eu tô com medo... - Ele falou com a voz fraca e tímida
Fiuk preocupado se abaixou para ficar da mesma altura que seu irmão, Jørn entretanto, estava preocupado com seus próprios problemas
Fiuk - Medo de que?
Dead - Eu não sei...
Ele falou quase como um sussurro se encolhendo mais, Fiuk se sentou do lado do seu irmão esperando que aquilo lhe desse conforto
No 5° quarto. Danni, Seung e Jiyong estavam deitados na cama olhando para o teto, nenhum com sono, hoje o dia foi horrível. Jiyong se encolheu na cama se virando para olha para Danni, ele se lembrou das palavras de Seung mais cedo sobre ele desabafar com a amiga, ela quase morreu hoje e iria morrer sem saber nada sobre ele
Jiyong - Ow, lembra do que eu falei sobre o dia do exército?
Danni - Lembro
Ela olhou para ele, Seung suspirou olhando para o amigo com um olhar que o encorajava continuar
Jiyong - Quando eu fiz 18...
Danni - ??? Quantos anos tu tem??
Jiyong - 22...
Danni - Ata, continue
Jiyong - Quando eu tinha 18 né, eu fui pegar minha reservista sozinho e foi horrível
Danni - E tem alguma experiência que é boa?
Jiyong - PERA AI CARAI TÔ ABRINDO MEU CORAÇÃO AQUI
Seung - KKKDKKKKKKKKKKDKKDKKKKKK
Jiyong falou batendo e balançando Danni contra a cama enquanto Seung dava risada, mesmo que um pouco, Danni tinha conseguido animar mais Jiyong e deixar lo mais confiável com a situação
Jiyong - Eu cheguei lá né, os cara já começou fazendo gracinha comigo... Me bateram tlgd porque eu era magrinho
Ele falou se sentindo mais inseguro e desconfortável com aquilo
Jiyong- Faziam piadinhas, me excluíam de todo tipo de coisa e eu doidinho pra ir embora, aí eu fiz um negócio...
Danni - O que você fez?
Jiyong -...
Ele olhou para ela e as palavras não saiam, então ele olhou para Seung esperando que ele respondesse
Seung - Ele quebrou o próprio pé
Jiyong - Foi foda, tudo pra sair do exército
Danni franziu a sobrancelha olhando para ele curiosa e preocupada o que aconteceu de verdade lá dentro pra ele tomar uma atitude tão drástica
Danni - Puxa Jiyong, que merda, sinto muito... - Ela falou abrindo o braço e Jiyong automaticamente se aninhou junto com ela
Jiyong - Tudo era motivo dos cara pegar no meu pé, eu nunca consegui acertar um tiro em nada, e até isso os cara fazia piada
Seung - Ele carrega um revólver e não sabe atirar
Seung falou se aproximando de Danni e os três se preparando pra dormir, Seung estava quase dormindo até ver a rede balançando e da um grito
Seung - MEU DEUS ASSOMBRAÇÃO A REDE SE MEXENDO SOZINHA!
Jiyong pulou por cima de Danni se agarrando com Seung se tremendo de medo, Danni olhou para o lado e viu Toshio se balançando na rede, os outros não podiam ver, mas ela viu. Ela suspirou andando até a janela e fechando
Danni - Pronto, Pronto... Foi o vento que tava balançando a rede! Agora ela vai parar de balançar né rede? - Ela falou olhando para Toshio deitado na rede, o mesmo deu uma risada vendo a reação dela
Seung - Ó amor, por que você tá falando com a rede como se ela fosse um ser humano?
Danni - É impressão sua, Jiyong vai dormir na rede que eu quero dormir abraçada com meu amor
Jiyong - Dorme na rede você, vou dormir nessa porra nada, quem vai dormir agarrado com Seung sou eu
Danni - Jiyong eu morri hoje e você não vai me deixar dormir em paz na cama?
Jiyong- Não vou sair daqui
Danni - Viado maldito insuportável meu Deus...
Danni falou andando até a cama e se deitando ao lado deles pegando no sono
O dia amanheceu de forma calma, levando consigo todas as frustações do dia anterior, todas as inseguranças e terrores que tinha sido enterrados ontem a noite. Júlia acordou com seu irmão a puxando pelo braço afirmando que já estava tarde e que já já ele teria que sair com os outros rapazes para comprar a comida
Øystein colocou Júlia sentada no sofá, sua visão embaçada e sonolenta pela noite pesada de sono, ela sentiu quando Jørn passou ao seu redor e beijou o topo da sua cabeça andando para a cozinha
Øystein- Come aí, quero mais não... - Øystein falou tirando o pão com manteiga que mastigava e entregar na mão da sua irmã
Júlia- Øysteeeein, não vai não... - Ela choramingou bocejando e esfregando os olhos com as costas das mãos
Øystein- Tenho que ir né? Vou superar o Seung e voltar com todo o peso da feira!
Øystein falou sorrindo com um de brincadeira, ele puxou Júlia pelo braço e a empurrou na direção do banheiro afirmando que ela estava com bafo. Júlia nem teve reação para aquilo, estava com tanto sono, quando ela abriu a porta do banheiro viu Jiyong passando o pincel com a tinta laranja no cabelo
Jiyong - Pera aí porra! Tô pintando o cabelo!
Ela rapidamente fechou e arregalou os olhos, aquilo finalmente tinha a acordado, Júlia sentiu suas mãos serem puxadas para a cozinha por Jørn, ele estava com um sorriso no rosto, tinha acordado de bom humor aquele dia, ou apenas estava fingindo, Dante não sabia
Jørn - Bom dia meu amor! Adivinha quem vai comprar broa pra você lá no Mix Mateus?
Dante - Jørn, o Mix Mateus não é muito longe daqui não?
Jungkook - A gente da um jeito, liga não
Ela se assustou quando viu Jungkook atrás dela tomando café
Jungkook - Vou sair, da privacidade pra vocês... Não se preocupe
Ele falou revirando os olhos e saindo da cozinha, deixando assim o casal sozinho
Jørn - Olha, escuta... Se algo acontecer, tá o Dead e o Fiuk aqui tá bom?
A mesma congelou ali mesmo, como podia Jørn, um homem tão inteligente ser tão burro? Confiar a segurança das pessoas da casa ao DEAD e ao FIUK??? Aquilo era o mesmo de confiar um bando de crianças ao lado do Pc Siqueira e esperar que nada de ruim fosse acontecer, colocar um mulçumano no meio de uma praça cheio de americano e esperar que nada explodisse
Dante - Você ficou maluco Jørn caralho?
O sorriso dele pareceu sumir por um momento se perguntando o que ele tinha feito de errado
Jørn - Perdão?
Dante - Jørn, o Dead é completamente instável! Onde você tá com a cabeça???
Jørn - Ele tá medicado Júlia! Não precisa se estressar com isso!
Dante - Você só me estressa...
Ela falou virando as costas e andando pra fora dali, na sala, Mercúrio e Fiuk brincavam de jogar uma bola de tênis um para o outro, Júlia abaixou o cabeça enquanto eles faziam isso para ir em direção do quintal. Sentada no banco estava Myrella lendo um livro
Dante - Oi princesinha, tá gostando da viagem tá?
Myrella- Odiava e continuo odiando
Dante - Ah o que foi dessa vez?
Ele perguntou se sentando do lado da amiga
Myrella - Jiyong disse que vai colocar meu nome na macumba e fazer feitiçaria pra mim, eu disse que ia ficar 3 semanas de jejum, que se assim se Deus não quebrasse a maldade dele, eu morria e ia era pro céu logo
Dante - Ai amiga... Seja sincera comigo, por que você não quer ele?
Myrella - Ele é traficante
Dante - Ele pode deixar de ser
Myrella- Ele é macumbeiro
Dante - Pode se converter
Myrella- Ele é bissexual
Dante - ... Ai né... Complicado
Myrella suspirou, seu olhar voltando ao livro em sua mão
Dante - Me promete que você vai dar uma chance!
Myrella - Não
Dante - Você vai pelo menos pensar então?
Myrella - Tá! Tá! Júlia! Vou pensar, agora sai daqui que eu tô estudando pro Enem!
Dante - Vou ficar aqui caladinha...
Dante se aninhou para mais perto da sua amiga encarando o livro que ela lia
Danni acordou terrivelmente. Um grito alto tinha a feito acordar, era um choro alto, profundo e estridente, a mesma colocou as mãos nos ouvidos afim de abafar o som, ninguém estava no quarto além dela dessa vez. Ela gemeu de dor sentindo seus ouvidos doerem mesmo com suas mãos abafando
Ela conseguia distinguir aquele som como um choro de criança, era tão profundo que a fazia se sentir nauseada, ela se levantou na cama, os passos lentos e desajeitados por não conseguir se equilibrar, a cabeça doía e latejava. Meu Deus como ela odiava criança, como odiava esse barulho, só de pensar que ouviria isso todo dia depois que seu bebê nascesse, a deixava perturbada. Ela bateu as costas contra a parede do corredor enquanto o barulho não parava
Conforme mais aquele choro continuava, com mais agressividade Danni batia suas costas e seus braços nas paredes como se algo tomasse conta dela, um gatilho fortíssimo que a atacava e a fazia se debulhar e se debater. Danni caiu de joelhos no chão tampando seus ouvidos, seus olhos vermelhos de raiva e desespero, ela abriu a boca para gritar mas não emitiu nenhum som
Depois de um momento o barulho finalmente parou e ela se sentiu aliviada. Uma breve pausa, que não demoraria muito tempo
Ela desceu as escadas vendo Seung encostado contra a porta arrombada que Dead tinha quebrado, falando nele, Dead assistia uma gravação da fita cassete na televisão, era gravação do programa do Chakrinha, só Dead pra assistir uma porra dessas, ela viu seu irmão Filipe brincando com Mercúrio e Peter pintando as unhas do pé sentado ao lado de Dead
Seung - Ow princesa acordou, minha namorada é linda até desarrumada
Danni - Seung a gente não namora
Seung - Isso tudo é temporário!
Danni - Seung eu não quero namorar com você, Seung eu não quero namorar com ninguém
Seung - Isso também é temporário!
Danni- Seung...
Seung - ...
Danni- ...
Seung - Tá legal então, minha best que por coincidência é mãe do meu filho é muito linda
Danni - Seung, eu não sei se você é o pa-
Seung - Shiiiu
Ele falou colocando o dedo indicador na frente do lábio dela mandando ela parar de falar
Seung - Eu já me considero
Danni suspirou indo em direção do sofá, se abaixou assim como Júlia pra não levar bolada e se sentando no colo de Peter já que não havia lugar disponível, Dead sentava todo aberto e ocupava 3 espaços de uma vez. Peter gemeu irritado por ela está atrapalhando ele pintar a unha
Peter - Ow Daniele, borrou minha unha
Danni - Arranca
Jiyong- Ow bebê, tu viu o meu repara pontas? - Jiyong perguntou para Danni, o ouvir chama-lá de bebê a fez sentir náusea, mas ignorou
Danni - Tá com o Seung...
Mercúrio - Porra Fiuk, joga com mais força!
Fiuk fechou o punho com raiva. Não usava droga, não fumava um cigarro, estava brincando dessa porcaria de jogo para o distrair da abstinência e ainda tinha que ouvir gracinha?
Fiuk respirou fundo dando um passo para trás, ele arqueou o seu braço de forma que toda sua força juntamente com o balançar do vento o ajudassem a jogar aquela bola, no mesmo momento que Filipe jogou aquela bendita bola, ela bateu na cabeça de Jiyong o fazendo cair no chão
O barulho dele caindo ecoou por toda casa fazendo todos que estavam na sala se assustaram e colocarem a mão no rosto surpresos com aquilo. Danni foi a primeira a se levantar e ir direção de Jiyong no chão
Danni - Meu Deus, Jiyong tu tá bem?
Jiyong - CARALHO???? Não, tô não
Fiuk- Meu Deus, meu mano, me desculpa... Eu achei que você fosse abaixar a cabeça igual Júlia e Danni me desculpa...
Jiyong - TÁ de boa...
Seung ainda estava admirado e incrédulo com aquilo, claro que estava preocupado mas ele era muito ansiosos para lidar de assuntos assim, sempre que acontecia algo sério ele paralisava. Paralisou quando a polícia bateu na casa deles procurando droga e batendo em todo mundo, paralisou quando Danni morreu afogada e agora paralisou vendo seu melhor amigo levar uma bolada. Quando finalmente voltou ao seu estado normal ele aproximou do amigo preocupado
Jiyong colocou a mão na cabeça na parte de trás da cabeça perto de sua nuca, seus dedos voltando ensanguentados
Peter - Deu o carai, que bolada da porra Filipe...
Peter falou examinando a cabeça do mesmo. Fiuk se sentia culpado e envergonhado, sabia que a sua abstinência o estava mudando, ele nem era um membro de verdade dessa família. Era adotado, e além disso ainda fazia besteira! Pobre Filipe, nunca consegue fazer nada certo
Peter - Myrella! - Peter falou alto chamando a atenção dos outros membros da casa
Jungkook - Caralho o que aconteceu?
Peter - Fiuk deu uma bolada na cabeça do Jiyong sem querer
Øystein - KKKKJJJJJJKKJKKKKKKKKKKKKKK
Mercúrio- KKKJKJKKKKKMKKKKKKKKKKKK PARA DE RIR QUE EU RI JUNTO
Myrella- Sai, deixa que eu ajeito...
Myrella era a única da casa que tinha levado kit de primeiros socorros para esse tipo de ocasião, ela pegou seu pequeno kit que estava sobre a mesa do centro e começou a colocar o curativo no machucado aberto de Jiyong, tudo enquanto ele gemia de dor
Seung - Aí mano... Acho melhor tu não ir com a gente não, belê?
Jiyong- Castela com isso não... Vou ter com quem me divertir enquanto você não tiver aqui...
Jiyong piscou para Seung alisando as pernas de Myrella atrás dele, Myrella em resposta bateu na cabeça dele o fazendo gemer de dor e calar a boca. Na frente da casa, Mercúrio ligava a van enquanto esperar seus amigos
Jørn deu um beijo apaixonado em Júlia afirmando que ia estar tudo bem, e que eles voltariam rápido. Jungkook deu um tapinha na cabeça de Peter antes de o abraçar e girar pelo ar. Seung olhava para Danni com um sorriso no rosto, sabia que não eram namorados, ficante não é relacionamento de verdade, mas ele se sentia em um relacionamento de verdade, mesmo que Danni não. Ele se inclinou pra frente encostando sua testa na dela e acariciando sua bochecha com o polegar
Danni - Seung... Não vai não... As coisas estão estranhas aqui nessa casa... Não me deixa sozinha, por favor...
Seung - Eu vou voltar rápido linda
Danni - Seung... Você não tá entendo, eu acordei hoje de manhã escutando choro de criança! Isso não é normal
A expressão de Seung ficou séria por um momento e ele se afastou com uma expressão mais sombria
Seung - Você tá com depressão perinatal
Danni - O que? Não!
Seung suspirou desviando o olhar, era óbvio! Ela estava se sentindo mal, evitando assuntos de gravidez, recusando ajuda, e não se alimentava direito! Ela odiava aquela bebê! Era mais do que óbvio, e agora estava ouvindo coisas também
Seung - Daniele... Quando voltamos pra Recife, a gente vai marcar um terapeuta pra você e você vai resolver com ele tá bom?
Danni - Você não tá me ouvindo! Isso não tem nada relacionado com o bebê! Você tem que acreditar em mim!
Seung - Vai ficar tudo bem, tá bom? Não importa o que aconteça... Eu vou estar do seu lado e do nosso filho
Danni - PORRA! VOCÊ NÃO TÁ ME ESCUTANDO!
Ela falou se virando para dentro da casa e se subindo as escadas o mais rápido que pode. Teve sorte, ninguém havia notado, seu rosto estava vermelho de raiva e frustração. Seung deveria ser a pessoa que sempre a escutaria e a apoiava, ela ansiava por um amigo e não por um namorado. Mas isso sempre acontece no fim
Seung suspirou entrando na van juntos dos outros rapazes. Júlia hesitante, se juntou a Dead e Peter no sofá assistindo televisão, Fiuk mexia no celular inquieto tentando o distrair daquele sentimento maldito. Myrella ainda continuava a ajeitar o curativo de Jiyong
Myrella - Pronto! Novinho em folha!
Myrella pela primeira vez sorriu para Jiyong, aquele gesto o fazendo se sentir confortável por dentro, ele almejava aquilo que seu melhor amigo, Seung, tinha. Ele almejava ter alguém que cuidasse de si, do mesmo jeito que Danni se importava e cuidava de Seung
Jiyong - Você tá bonita hoje ein...
Myrella - Obrigada Jiyong
Jiyong- Muito obrigado por ter... Ajeitado minha cabeça...
Myrella- Tudo bem, poderia ter acontecido com qualquer um, o importante é ajudar
Jiyong- E... Desculpa ter que chamado de puta naquele dia, não foi minha intenção...
Myrella - Tá tranquilo, você tava com raiva... Eu entendo...
Jiyong - Ó gracinha... Eu sei que a gente começou do jeito errado, mas me da mais uma chance por favor...
Ele falou segurando as mãos de Myrella, mas ela obviamente hesitou, puxando suas mãos para longe de Jiyong, tudo o que ela conseguia pensar era "De novo não..."
Jiyong - Qual é Myrella? Eu nunca te fiz nada de mal
Ele disse ficando frustrado com a reação dela, no fundo no fundo, Jiyong não gostava de Myrella, ele gostava da ideia de estar com ela. Imaginava que ela por ser evangélica o trataria bem, o mimaria, faria tudo e moveria céus e terra por ele, talvez Jiyong não quisesse uma mulher, queria era uma mãe na sua vida
Myrella - Irmão? Eu já falei que não te quero, você é um marginal!
Jiyong - Ó sua desgraçada! Eu faço de tudo por você e você ainda me chama de marginal??
Myrella revirou os olhos subindo a escada para longe dele, Jiyong deu um longo suspiro tentando se acalmar e esquecer aquilo, mas não conseguiu. Ele subiu as escadas atrás dela tentando conversar, ele só queria conversar, desabafar de verdade dessa vez
No fim do corredor, algo chamou sua atenção... E até o assustou um pouco. Myrella estava no final do corredor olhando para ele de um jeito que ele considerou sugestivo, o ombro de Myrella estava descoberto o que o deixou intrigado porque ir na Myrella só usa saia no tornozelo e camisa de manga longa, ela entrou em um dos quartos com um sorriso no gesticulando para ele a seguir, e dito e feito, ele a seguiu
Danni estava revirando os CDs do quarto procurando algo que a agradasse. As lágrimas escorriam pelo seu rosto relutantemente, a estava magoada por Seung não acreditar nela, ela se sentia agora sozinha sabendo que ele estava longe... Sozinha com... Com o bebê
Talvez Seung tivesse razão, talvez ela realmente tivesse com depressão perinatal, não queria essa criança, não queria a maternidade, não queria ser expulsa de casa, não queria ter que parar com suas noites de beber até cair e dividir papelão com mendigo
Ela sentiu braços a abraçando se costas e esfregar seu rosto em seu ombro, ela olhou assustada para trás vendo Seung então rapidamente enxugou as lágrimas
Danni - Você realmente voltou né?
Seung - Claro que eu vim! Como que eu iria recusar um convite seu?
Danni- Sei lá... Você não foi muito legal lá em baixo não...
Seung a virou pelos ombros a fazendo olhar para ela
Seung - Me desculpa tá bom?
Danni - Okay... - Ela deu de ombros, Seung olhou para trás vendo os CDs bagunçandos e sorriu
Seung - Mexendo nas minhas coisas?
Danni - São suas? Achei que fosse do J-
Seung - Deixa eu escolher uma aqui pra gente...
Ele falou revirando os CDs, ele claramente estava procurando um específico até ver ele colocar Deftones e Danni suspirar, não aguentava mais escutar essa porra todo dia por causa do Jiyong
Danni - Sério mesmo?
Seung - Pow, pinta mó clima!
Ele falou sorrindo colocando aquela música o mais alto que conseguia, a altura da televisão vinda do andar de baixo era alta o suficiente para chegar abafada no quarto. Três mocos, Dead, Júlia e Peter escutando, o que esperava?
A música ecoou pelo quarto, Seung se aproximou de Danni dançando junto com ela, a cena parecia tão boba e imbecil que fez Danni dá risada
Danni - Você tá tão felizkkkkkkk tá assim por causa de mim?
Seung - Sempre!
Ele falou rindo se posicionando atrás de Danni a abraçando e colocando a cabeça sobre o seu ombro, seu peito encostando sobre as suas costas. Essa cena a fez lembrar do dia que Jiyong estava dançando atrás dela no dia do brega, Jiyong podia ser um cachorro safado mas ela desejava que ele tivesse um relacionamento bom com alguém do mesmo jeito que ela tinha com Seung, assim Seung pararia de emprestar a ficante pra amigo dançar
Seung beijou o pescoço de Danni a fazendo dar risada porque Danni tem a maturidade de uma criança e não consegue fazer esse tipo de coisa sem começar a rir, o que ele achou fofo pra falar a verdade
Ele gentilmente derrubou ela na cama antes de começar a beijar sua boca com certa agitação, Danni achou engraçado o quão desleixado ele estava sendo, como se estivesse nervoso com aquilo, ela genuinamente riu daquilo fazendo Seung levantar o rosto para olhar para ela
Seung - Para de rirkkkkkkkkkkkk eu tô nervoso
Danni - NERVOSO COM O QUE PORRAKKKKJKKKKKKJKKKK
Seung - PARA DE RIRJJJJJJKKKKKKKKKKJ
Danni - KKKKKKKKSJJKKKKDKKKKK AÍ EU NÃO ME AGUENTOJJJJJKKKKKKKKKKKK
Ela bateu uma palma antes de começar a rir ainda mais alto, sentiu seus pulmões fraquinhos ficarem sem ar por um momento antes de respirar novamente. Seung deitou seu rosto no seu peito se aninhando em seu peito
Seung - Quero ver se você vai ser quando eu te acabar na pica
Danni - KKKKJJJJJJJJJKKKKKKKKKJJJKKK - Ela riu ainda mais alto com aquilo olhando para baixo vendo Seung abaixar suas calças e sua calcinha, coitado... Ver ele todo agoniado fazendo aquilo era como a coisa mais engraçada do mundo
Danni - KKKKKJJJKKKKKKK MEU FILHO TÁ PASSANDO FOME É?
Seung - PARA DE RIR CABEÇUDA POMBA GIRA MALDITA
Danni - KKKKSKKSKSKKKKKKKSKSKKSKKKKKKSK
Seung não conseguiu não rir com aquilo, ele abriu as pernas da mesma se posicionando entre ela e beijando sua bochecha, Danni arqueou as costas mas continuo dando risada
Seung - Para de rir porrakkkkkkkkkkkkkk
Danni - Me faz parar de rir então
Seung - ?
Danni - :)
Seung olhou pra ela confuso enquanto ela continuou com um sorriso no rosto como se aquela tivesse sido a coisa mais normal possível pra se dizer
Seung - Porra, era pra ser aquela roleplay que você era a nega inocente sabe?
Danni - Porra nenhuma rapaz
Seung - Oxi tá bomkkkkkkk
Seung segurou a cabeceira da cama se mexendo mais rápido mas Danni ainda continuava dando risada. Ela arregalou os olhos quando viu a desgraça dos fantasmas ali olhando para eles com os braços cruzados
Manuel- Isso aí não tá meio errado não?
Chatharina - Claro que não! Ela não é casa! Enquanto meu antigo marido não me pedia em casamento, eu fazia a mesma coisa
Francesca - Isso aí! Mulheres no poder!
Manuel- Francesca, eu sou seu marido...
Daniele olhou para eles indignada, nem paz pra meter ela tinha mais dentro daquela casa, ela olhou para eles por cima do ombro de Seung gesticulando para eles saírem dali enquanto Seung se mexia de um jeito mais agitado que o normal, talvez fosse pela ansiedade que ele sentiu no andar de baixo, cogitando se ela realmente estava com raiva e o deixaria
Danni- Ansiedade te excita?
Ela perguntou inspontaneamente olhando para ele, ele levantou a cabeça com uma expressão confusa, que porra de pergunta é essa?
Danni - Sei lá, tu não tava ansioso lá em baixo?
Seung - Acho que machucado se adequa melhor...
Danni- Ai eu te machuquei?
Seung -...
Ele suspirou olhando para outro ponto no quarto desviando o contato visual
Seung - Não, não machucou... Eu me machuco sozinho...
Danni - Aw... Não fica assim...
Ela falou segurando seu rosto e encostando suas testas igual como tinham feito lá em baixo, Seung sorriu enquanto se movia, a cabeceira da cama bateu contra a parede ricocheteando na cabeça de Danni
Danni - Porra! Ela falou fechando os olhos com força colocando as mãos no machucado em sua cabeça - Porra eu só me fodo, tinha que esperar era o casamento mesmo, assim não passava pela humilhação
Seung - Casamento? Aí não quero não..
Foi mal aí também... - Ele falou relando a mão onde a cabeça dela bateu e deixando sua mão entre a cabeça dela e a cabeceira
Não demorou até que ambos chegassem ao seu limite, as duas risadas ecoando sobre o ambiente
Danni - Tu agora tem ejaculação precoce ou...?
Seung - PARA COM ISSOKKKKKSKKSKKKKK
Danni - PERDÃOKKKKKKKKKKK
Seung revirou os olhos abaixando e encarando a barriga de Danni, ela imaginou que ele ia falar alguma coisa da gravidez que ia fazer ela dar um chute na cara mas não
Seung - Nossa eu nunca reparei que tu tinha um piercing aqui
Danni - Onde?
Ela falou olhando pra baixo pro umbigo, nem ela se lembrava que tinha aquilo
Danni - A é, mas eu tenho certeza que tu já viu
Seung - ?????? Vi não, nem sabia
Danni - Viu sim pow
Seung - Vi não porra tô dizendo, como que eu ia ver?
Danni - VIU SIM PORRA, NÃO É POSSÍVEL NÃO
Seung - CARALHO EU TÔ DIZENDO QUE NÃO VI
Danni - IRMÃO, PELO AMOR DE DEUS
Ela tava pronta pra discutir com ele até ele enfiar a cara no meio das pernas a fazendo levar um susto, ela puxou ele pelos cabelo pra sair dali o fazendo gemer de dor
Seung - Pera aí, não puxa não... O cabelo já é todo fudido cheio de química de tanto de tinta que pinto, se tu puxar arranca...
Danni - Porra é que eu não acabei de discutir né? Você tá fugindo da briga
Seung - Tá... Nunca vi não...
Ele disse se deitando sobre ela e deixando seu rosto apoiado sobre o pescoço da mesma
Danni - Viu sim
Seung - Não vi não
Danni - Viu sim, porra tô dizendo
Seung - Não viiiiiii
Danni - Não é possível você nunca ter visto
Ela falou alisando os cabelos de sua nuca, seus dedos finos passando entre as mecas da parte de trás de sua cabeça e ela estremeceu. Ela sentiu os dedos voltando manchados de alguma coisa, ela esfregou a ponta de seus dedos sentindo uma substância, ela levantou o olhar vendo vermelho. Os dedos manchados de sangue e ela olhou confusa para aquilo
Danni - Ó Seung... Você bateu a cabeça?
Ela se virou para olhar para o seu rosto e ele fez o mesmo até Danni perceber que não era Seung, era Jiyong. Os cabelos negros que ela tinha visto e achado que eram de Seung, agora estava alaranjado, todas as características que eram de Seung tinham se transmutado para a figura de Jiyong, ela o encarou por poucos segundos antes de o empurrar para longe enquanto ela gritava enojada
Danni - AÍ PORRA QUE NOJO QUE PORRA! O QUE ACONTECEU???
Ela empurrou ele com os pés para fora da cama enquanto ela se contorcia e movimentava os braços de maneira agonizada e enojada
Jiyong- PORRA EU JURO QUE NÃO VI QUE ERA VOCÊ! MEU DEUS QUE ÓDIO
Ele falou sentado no chão cobrindo o rosto com as mãos com uma mistura de culpa E vergonha
Danni - MEU DEUS EU JURO QUE ACHEI QUE ERA O SEUNG! QUE NOJO PORRA!
Jiyong- Eu achei que era Myrella
Danni - E POR QUE MYRELLA DARIA A BUCETA PRA VOCÊ, SEU IDIOTA?
Ela falou olhando o travesseiro e jogando na cabeça dele
Jiyong- EU SEI LÁ PORRA
Danni - Aham, e eu pareço muito com Myrella né? A melanina igual
Jiyong - E eu sou a cara do Seung né? A mesma altura, a mesma cor de cabelo
Agora ela tinha entendido as atitudes estranhas, as falas que não faziam sentido, até essa desgraça de CD do deftones. Danni sabia o que tinha visto, sabia o que tinha acontecido, era essa casa prejudicando tudo novamente
Jiyong -Vamo fingir que isso não aconteceu
Danni - Aham... Até porque vai ser muito fácil esquecer de você enfiando a cara na minha buceta né?
Jiyong se estremeceu quando escutou aquelas palavras e fechou os olhos
Jiyong- Não lembra isso não...
Danni - Como se eu fosse esquecer do dia pra noite...
Jiyong- NOSSA QUANTO MAIS PENSO PIOR FICA MUITA INFORMAÇÃO...
Ele disse puxando os cabelos dele e se levantando, Jiyong puxava a camisa para baixo cobrindo o que ele não queria que ela visse
Jiyong - Nossa me desculpa...
Danni - Me desculpa também, eu acho...
Os dois pegaram suas roupas e vestiram sentindo a maior repulsa um pelo outro no aspecto físico. Os dois desceram a escada e foram para o banheiro com o objetivo de esfoliar a pele até que se sentissem melhor, eles passaram em passos rápidos pela sala sem que ninguém notasse sua presença ali
Peter - Essa televisão não tá muito alta não?
Peter perguntou olhando para Júlia do lado, Dead já estava dormindo mesmo com o barulho. Júlia olhou para Peter e deu de ombros
Dante - Pra mim tá normal...
Peter - Ó Fiuk, tu ac-
Peter se virou para a direção onde Fiuk estava sentado mas ele não estava lá
Peter - Filipe? FILIPE!
Ele chamou novamente se levantando do sofá e olhando ao redor da sala, ele sentiu um leve desespero o consumir. O seu irmão estava passando por uma abstinência e não era seguro ele ficar sozinho em hipótese alguma, Peter se levantou rapidamente e sua visão ficou turva pela vertigem e labirintite
Peter se desequilibrou mas Júlia segurou seu braço preocupada
Peter- Espera aí... Eu vou ver se ele tá lá em cima...
Peter falou correndo em direção das escadas, seus passos rápidos e pesados faziam o piso de madeira soar alto, mesmo que com a televisão alta naquela altura. Dante se encolheu no sofá observando a figura de Dead assustada, e ainda estava dormindo tranquilamente mas a ideia de estar desprotegida, sozinha, do lado dele a assustava. Não sabia quando que ele poderia surtar novamente
Ela escutou Peter descendo as escadas com Myrella mais desesperado que antes
Peter - ELE NÃO TÁ! MEU DEUS ELE NÃO TÁ LÁ EM CIMA! NEM A DANNI!
Peter correu em direção da cozinha fitando todos os lugares que ele poderia estar sem sucesso algum, ele tentou abrir a porta do porão em baixo da escada. Sabia que estava trancada e que ninguém tinha chave, mas tentar não custava nada, mesmo assim sem sucesso. Peter estava prestes a abrir a porta do banheiro quando Jiyong saiu de lá com uma expressão confusa
Jiyong- Ow mano, o que aconteceu?
Peter- EU NÃO TÔ ACHANDO NEM O FILIPE E NEM A DANIELE!
Jiyong- Bem... A Danni ela...
Danni - Eu tô aqui Peter...
Ela falou baixo e levemente assustada pela a preocupação e o tom de voz do irmão, Peter olhou ela la dentro sem entender o que ela estava fazendo dentro do banheiro com Jiyong, ele não queria acreditar que Jungkook estava certo todo esse tempo. Jiyong já entendo o que se passava pela cabeça dele, tentou amenizar a situação
Jiyong- Olha cara, não é o que você está pensando..
Peter- Não tem problema... Quando eu voltar a gente conversa...
Ele falou olhando Danni dentro do banheiro, o olhar de Peter se voltou para Jiyong, Peter respirava pesadamente e ofegante pelo medo de onde Fiuk poderia estar
Peter - Me ajuda a procurar o Fiuk, por favor...
Jiyong - Claro, vamo indo
Ele falou andando puxando o braço de Peter e de Myrella. Dante se estremeceu correndo atrás mas foi impedida por Peter
Peter- Você fica
Dante - OI? NÃO VOU FICAR SOZINHA COM DEAD!
Jiyong- Danni tá no banheiro
Peter- Ele tá dormindo! E ele tá medicado!
Dante - EU NÃO VOU PETER
Peter se aproximou olhando para ela com uma expressão cansada e desesperada
Peter - JÚLIA! POR FAVOR! Dead é o mesmo que nada! Danni tá grávida e perturbada desde que ela se afogou! Alguém tem que ficar caso Fiuk volte pra casa!
Peter falou com a voz embargada, e o rosto ficando vermelho. Ele queria chorar ali mesmo, Júlia entendeu o desespero do mesmo e hesitantemente concordou, ela não tinha escolha. Peter agradeceu com um sorriso aliviado antes de correr floresta adentro com Myrella e Jiyong
Já estava no final da tarde, o sol pouco a pouco estava se abaixando. Era uma visão linda, o brilho alaranjado sobre as árvores, o chão com um tom azulado e roxeado pela escuridão que se aproximava, o sopro da brisa gelada batendo contra suas bochechas enquanto observava seus amigos desaparecerem dentro da floresta restando apenas a luz da lanterna de seus celular até se esvair também
Ela se virou dentro da casa observando Dead dormir profundamente no sofá, mesmo que quieto aquela visão a cobria de medo, insegurança do que Dead poderia fazer. Ela engoliu seu orgulho e culpa e correu para porta do banheiro esperar sua amiga, a culpa e a vergonha ter tentado a afogar ainda a consumia mas o seu medo era maior
Danni abriu a porta dando de casa com Dante a fazendo dar um passo para trás pela surpresa, mas ela não tinha medo, não se lembrava do que sua amiga tinha feito
Danni - Oi amiga, acharam o Fiuk?
Dante - Ainda não... - Danni saiu para fora do banheiro andando até a cozinha com uma expressão despreocupada
Danni - Amiga eu transei com o Jiyong achando que era o Seung
Dante - Escu- QUE???
Danni - Então!
Danni falou com uma expressão incrédula colocando o pó do café solúvel em sua xícara, em seguida colocando água em uma panela para fever
Dante - Amiga como assim?
Danni - Vei... Eu olhei pra ele e era o Seung, era literalmente ele, a altura, o rosto tudo! Você acredita em mim né?
Ela perguntou insegura se aproximando da sua amiga, Júlia suspirou, é claro que ela acreditava. Que outro motivo existiria para ela tentar matar sua amiga afogada? Que outro motivo existiria para Dead dizer aquilo que algo estava dentro dele? Algo nessa casa estava muito errado. Ela tinha medo até onde as coisas poderiam ir, mas iria valer a pena no final
Dante - Eu acredito em você amiga...
Danni abriu um sorriso se voltando para seu café derramando lentamente a água quente sobre a xícara
Júlia - Amiga... Eu preciso te contar um negócio
Danni - Pode falar...
Ela disse olhando para Júlia com um sorriso despreocupado no rosto enquanto derramava a água quente, ela tinha que falar sobre o que aconteceu no rio. Se tinha uma pessoa naquela casa que iria a entender era Danni
Júlia - Eu que te afoguei no rio
Danni - Que?
A água quente pingou na mão de Danni a fazendo jogar a panela na mesa. Danni rapidamente ligou a torneira da pia, a água gelada batendo contra a queimadura em sua mão, Júlia preocupada se aproximou acariciando os ombros de Danni, como se aquilo fosse passar a dor
Júlia - Amiga, eu juro que não era eu! Algo tava me fazendo fazer aquilo! Você precisa acreditar em mim!
Júlia falou com medo e desespero em seus olhos, a ansiedade queimava dentro de si, ela sentia como se tivesse fumado 5 carreira de cigarro e que seu interior ardia em famas, mas era somente a ansiedade. Danni levantou o rosto colocando a mão sobre a da sua amiga e deu um sorriso fraco
Danni - Eu acredito em você...
Júlia- Eu juro! Eu não queria fazer aquilo!
Danni - Tá tudo bem... Se eu to assombrando você, você deve tá me assombrando também...
Júlia sorriu de volta. Nada, nem mesmo uma tentativa de assassinato iriam a separarkkkkkkkkkk
Danni - Eu tô vendo fantasmas aqui sabia?
Júlia- ???????
Danni - Você acredi-
Júlia- Nem precisa perguntar, é claro que eu acredito
Elas seguraram as mãos uma da outra andando em passos lentos lentos e confidentes uma da outra até uma parada interrompida por Júlia. Ela arregalou os olhos, sentiu seu coração dar uma pontada, involuntariamente ela apertou a mão de Danni espremendo seus dedos fazendo a mesma arfar de dor
Danni - Júlia! O que foi?
Júlia - Dead não tá no sofá...
A sua voz era baixa, não queria que ele escutasse suas vozes, tinha que estar preparada para tudo. As meninas deram passos leves para que a madeira não fizesse barulho, elas examinaram a sala em cada detalhe, o brilho fraco do sol ao entardecer emitia pouca luz, a maior luminosidade vinha da televisão estica, aquela cena parecia um pesadelo para ruiva
Danni - Júlia... Essa porta não tava trancada?
Danni falou baixo abraçando o braço de Júlia enquanto se encolhia encarando a porta do porão. Tinham certeza que aquela porta estava fechada, ninguém desde que tinham chegado aquela casa tinha mexido ali
Júlia- Amiga... A gente devia se trancar em algum quarto... - Ela sussurrou para Danni e ela concordou
Danni temia pela segurança do seu irmão, mas tinha que proteger a sua amiga também, a balança era injusta, mas ela tinha que visar pela segurança de Júlia. Em passos lentos e cautelosos elas seguiram para a escada mas o barulho alto da porta do porão se fechando a fizeram recuar
A porta do porão tinha sido fechada agressivamente mostrando uma figura esguia por trás dela. Dead estava lá com seu brilho distorcido nos olhos e uma expressão vazia que o único sentimento que transparência, era raiva
Dead - Qual a necessidade de se trancar?
Ele perguntou ríspido cruzando os braços. As meninas se arrepiaram e olharam para ele assustadas, Danni tremia um pouco contra o braço da amiga que ela ainda insistia em segurar, Júlia mesmo que mais habituada com o comportamento agressivo de Dead ainda tinha medo, tinha medo porque sabia que aquilo no fim de tudo. Não era ele
Elas não responderam, continuaram olhando para ele com uma expressão vazia e insegura. Dead mais uma vez falou alto, mais forte, mais agressivo
Dead- VOCÊS ACHAM QUE EU SOU ALGUM TIPO DE MALUCO? QUAL A NECESSIDADE DE TRANCAR A PORTA PARA EU NÃO CONSEGUIR ENTRAR?
Júlia- Dead eu...
Dead - EU NÃO ACABEI DE FALAR!
Ele disse puxando com força o pé no chão, a batida tinha sido tão forte que o piso rachou. Danni reparou que Dead segurava algo atrás das costas tentando esconder enquanto estava encostado contra a parede, os olhos curiosos de Danni tentavam descobrir o que é, não poderia se dar o luxo de acreditar que Dead não faria nada. Aquele não era o seu irmão
Dead - PORRA, POR QUE TODO MUNDO TEM MEDO DE MIM?! EU NÃO SOU IGUAL ELE!
Júlia - ... Igual ele quem, Pelle?
Dead tinha dado um passo para frente e finalmente a luz refletiu sofre o objeto que ele segurava, Danni apertou com tanta força o braço de Júlia que provavelmente havia deixado uma marca. Dead segurava um machado
Danni - Júlia, corre!
Ela falou puxando o braço da amiga correndo de forma frenética escada a cima, elas não olhararam para trás em nenhum momento mas a risada abafada de Dead as fizeram choramingar de desespero, era um tom muito mais grave do que a voz natural dele, como se o próprio diabo tivesse se divertindo com o seu desespero
Dead era alto, mas era extremamente magro, o peso do machado dificultava sua subida da escada, dando tempo das meninas tentarem abrir as portas dos quartos. Mas um por um. Todos os quartos estavam trancados, até o de Danni que tinha certeza que estava aberto e destrancado quando ela saiu
Júlia- QUE PORRA! POR QUE TÁ TUDO TRANCADO??
Ela falou com a voz barbacada de desespero tentando abrir a maçaneta, o mesmo sentimento que sentirá quando foi persguida por Dead antes
Danni - Esse é o único aberto!
Ela disse puxando a amiga para o 6° quarto, aquele que sempre esteve trancado desde que elas tinham chegado
Elas entraram e trancaram a porta, para a surpresa delas, era uma despensa, não tinha muita coisa além de uma velha prateleira com comidas velhas, Júlia passou as mãos ali desesperada procurando algo para se defender e achou uma faca
Os olhos de Danni rodavam pelo lugar procurando alguma coisa, alguma passagem para que pudessem sair da casa mas não achou nenhuma saída, em vez disso achou Toshio escondido atrás da prateleira olhando a cena com curiosidade
Danni- Toshio, vem aqui! - Ela disse gesticulando com a mão para ele se aproximar e assim ele obedeceu
Dante - Quem?
Danni- Um dos fantasmas
Dante - AÍ TEM UM FANTASMA AQUI???
Ela falou se encostando na parede na direção contrária de Danni, Danni tinha Toshio encostado nas pernas dela olhando para Júlia fazendo bico mesmo que ela não o visse
Danni - Ele é uma criança Dante...
Dante - Fodase eu ainda tenho medo
O barulho de Dead batendo o machado na madeira da porta formando uma rachadura a fez gritar alto e Júlia correu em direção de Danni esquecendo o medo do fantasma na mesma hora
Danni - QUE PORRA PELLE O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO??
Ela perguntou já chorando juntamente de Júlia enquanto elas se apertavam com força
Dead - Eu só quero conversar!
Ele disse continuando batendo repetidas vezes, cada batida que ele dava, mais um grito soava alto e agudo das meninas. O medo, o desespero, a insegurança; não tinha para onde correr
As mãos trêmulas de Dante tentavam manter a faca firme nas suas mãos, sem muito sucesso, o aperto no braço da amiga era mais firme que a fica. Danni apertava o amigo e segurava Toshio contra ela, mesmo que ele já estivesse morto, ela sentia a necessidade de o proteger
Dead era insaciável, ele bateu com mais força na porta de madeira fazendo um buraco grande o suficiente para ele conseguir enxergar elas ali dentro, ele aproximou seu rosto com um sorriso de orelha a orelha e um brilho perturbador em seus olhos
Dead - Olha eu aqui!
Ele disse rindo baixo atraindo mais gritos altos das meninas, Dead colocou a mão pelo buraco tentando alcançar e maçaneta para destrancar a porta mas foi impedido quando Júlia deu um passo para frente passando a faca pela mão de Dead
Um corte consideravelmente profundo fazendo imediatamente o sangue escorrer, na mesma hora ele recolheu sua mão para fora rosnando de dor
Dead - SUA PUTA! EU VOU TE MATAR!
Ele disse começando a chutar a porta com mais raiva do que antes, ele estava com tanta raiva que tinha largado o machado no chão para quebrar aquela porta com as próprias mãos. Júlia ainda segurava a faca trêmula enquanto gritava acompanhada com Danni
Danni - MEU DEUS, A GENTE VAI MORRER!!
Ela disse chorando alto enquanto abraçava sua amiga e Toshio com força
Toshio - Eu meio que já tô morto né... Mas eu não queria que você morresse
Dead finalmente tinha conseguido quebrar a porta na base do chute, a madeira velha caindo em pedaços no chão enquanto os gritos delas ecoavam ainda mais alto
Dead entrou no quarto com sua expressão sorridente e sombria como se aquilo o divertisse, os gritos o saciavam. Ele rapidamente foi puxado para trás pela gola de sua camisa, olhando a situação melhor elas puderam perceber que era Jørn junto dos outros meninos
Jørn jogou a cabeça de Dead contra a parede do corredor com certa agressividade, mas quem não estaria?
Jørn- VOCÊ TÁ MALUCO PORRA???
Ele gritou arfando de raiva, Jørn deu um passo para trás tentando conter os seus sentimentos imaginando que era algum surto psicótico de Dead, mas sabe quem não contém os sentimentos? Isso mesmo, todo o resto
Dead do mesmo jeito, continuou discutindo com os outros. Øystein tinha corrido pra bater em Dead mas Seung puxou ele pela gola partindo na frente se agarrando com Dead. Eles ficaram se batendo, ambos tinham a mesma altura mas Dead era praticamente desnutrido do lado dele, era uma briga muito justa, hora Dead apanhava, hora Seung batia. Mas não importava quantos murros ou chutes Seung dava dele, ele ainda se levantava tentando novamente
Jungkook cansado de tudo isso se esgueirou entre elas pegando o machado no chão e batendo com o cabo na nuca de Dead fazendo ele finalmente desmaiar. Durante toda essa cena, Mercúrio tinha sido o primeiro a entrar no 6° quarto e conversar com as meninas para a acalmar
A lua rompia as espessas cortinas de nuvens lançando sombras alongadas, que por entre as árvores mal chegava a iluminar o caminho. O vento gélido chicoteia as folhas emitindo um barulho que acompanha o ritmo cardíaco acelerado de Peter. O cheiro úmido da terra, da vegetação em decomposição pairava no ar exacerbando a crescente sensação de pavor
Peter, com o rosto vincado pela exaustão e pela angústia, avança com passos hesitantes, seus olhos castanhos vasculhando incessantemente a escuridão, gritando pelo nome do seu irmão. Cada sombra, cada movimento sutil, era interpretado como uma ameaça potencial. A paranoia roe sua mente, sussurrando mentiras e alimentando seus medos
Peter - FILIPE! FIUK! CADÊ VOCÊ? - Ele gritava, o eco de seu grito se perdia na vastidão da floresta
A imagem de Pelle, seu "quase" irmão mais velho, definhando na casa, e de Danni, sua irmã da mesma idade, grávida e vulnerável, se fundem em sua mente, intensificando a pressão que esmaga seus ombros. A responsabilidade, um fardo pesado, o afoga. Ele precisa protegê-los, a qualquer custo, Peter passou tantos anos ansiando por irmãos, por uma família que não fosse somente seu pai Tony, e agora tudo parecia tão instável
Myrella, com a luz fraca e trêmula da lanterna do celular, tenta abrir um caminho na escuridão. A luz pálida sobre o chão da floresta, revelando raízes retorcidas, pedras cobertas de musgo e um emaranhado de sombras que parecem se mover com vida própria. Ela olhava para Peter, seus olhos cheios de empatia, mas o nervosismo a impedia de oferecer palavras. Ela entende a necessidade dele de extravasar a angústia, de gritar, de extravasar a dor. Ela está ali, presente, oferecendo seu apoio silencioso
Jiyong caminha logo atrás, o revólver em suas mãos trêmulas. O metal frio, um peso desconhecido, parece queimar sua pele. Ele tenta manter a postura, mas a insegurança é evidente em seus olhos escuros e marejados. Ele repete para si mesmo em silêncio, que está pronto para proteger seus amigos, mas a verdade ainda o assombra: Ele nunca usou a arma antes. Nunca aprendeu, nem no exército e nem nas ruas. O medo, um frio cortante, o envolve, cada farfalhar, cada estalo, o faz estremecer. Ele se sente insignificante diante da vastidão da floresta, da escuridão que o engole. Ele não sabe atirar, mas precisa se manter firme, precisa ser o escudo, mesmo que seu coração esteja em frangalhos. Ele engole em seco, tentando controlar a respiração, a garganta seca e a mente em turbilhão. Ele se sente impotente
Peter para abruptamente, a respiração ofegante, o peito subindo e descendo em movimentos irregulares. Ele olha freneticamente para os lados, seus olhos fixos em cada sombra. A culpa, um veneno lento, o corrói. Ele falhou? Ele poderia ter feito mais?
Peter - Temos que encontrar ele... - Ele murmura, a voz embargada, as palavras quase sufocadas - Eu preciso encontrar ele antes que seja tarde demais
Ele sente as lágrimas queimando em seus olhos, mas se recusa a deixá-las cair. Ele precisa ser forte, por eles, Peter rapidamente esfregou as costas de sua mão contra os olhos em busca de algum conforto. Myrella colocou a mão no ombro dele, oferecendo um breve e silencioso conforto
O toque, um fio de esperança o faz respirar um pouco mais fundo. Jiyong, com o rosto pálido, aperta o revólver com mais força, a determinação lutando contra o medo
Eles continuam, a esperança e o medo presentes a cada passo. A floresta, testemunha silenciosa, guarda seus segredos, esperando para revelar o destino de Filipe
Jiyong- Ali em cima...
Jiyong falou apontando para o topo de uma árvore que tinha uma sombra em cima a uns dos galhos. Myrella iluminou aquela direção com o celular revelando Fiuk se encolhendo mais, Peter suspirou aliviado abriu um sorriso batendo na madeira da árvore
Peter- FIUK! EU TE ACHEI! VEM DESCE AQUI! - Ele falou sorrindo aliviado
Fiuk, encolhido em um galho de árvore, a luz da lua banhando seu rosto pálido. Ele fala consigo mesmo, a voz rouca e embargada, sem olhar para baixo
Fiuk - A solidão sempre me acalma, sabe? mas hoje parece me engolir
Peter suspirou já entendendo aonde aquilo ia chegar, ele olhou para Myrella e Jiyong atrás dele mas nenhum deles parecia ter noção do que responder
Peter - Filipe... Desce daí, vamos conversar...
Fiuk - Vocês não entendem. Ninguém entende
Myrella estava se estressando com aquilo. Já era de noite, estava frio, eles estavam no meio da escuridão E tinham deixado o elenco de Garota Interrompida sozinhos desacompanhados na casa
Myrella - FILIPE! DESCE DAÍ! A GENTE CONVERSA EM CASA IGUAL GENTE NORMAL!
Fiuk - Eu não consigo. Não consigo ser normal. Não consigo ser...
Fiuk suspirou ainda se encolhendo no galho, seu corpo estava virado de costas para eles, a única coisa que a luz do celular de Myrella iluminava era as costas dele. Peter suspirou novamente tentando soar suave
Peter - Qual é Fiuk? Você é nosso irmãozinho, desce daí, Danni tá preocupada sabia? Dead também
Jiyong- Dead não tava dormindo tranquilissmo quando a gente saiu?
Peter - Cala a boca...
A lembrança de ouvir Peter citar seus irmãos o deixou mais melancólico
Adotado
Fiuk - Adotado... Essa palavra... Ela fica na minha cabeça o tempo todo. Eu não devia tá aqui sabe?
Peter - Filip-
Fiuk - Eu sou um erro, um pedaço que não se encaixa. Eu olho para Danni sempre que ela tenta me ajudar, para o sorriso fácil dela, para a forma como ela se encaixa tão perfeitamente... E eu me pergunto o que há de errado comigo
Peter- Filipe, você tá sendo irracional, a gente ama você
Fiuk - Eu sei que me amam, eu sei. Mas o amor não preenche o vazio. Não apaga a lembrança da minha antiga casa
Ele se sentou ainda estando sobre a árvore, ele passou as mãos no cabelo desesperado, seu rosto mais pálido que o normal
Fiuk - Eu tento, juro que tento. Tento ser o filho perfeito, o irmão perfeito, o amigo perfeito, mas eu sempre estrago tudo! Eu me afasto, me tranco, me perco. Todo mundo pede pra eu parar de fumar ou de usar droga, eu paro. E então... a abstinência vem. A ânsia, a necessidade...
Myrella - Isso é falta de Deus na tua v- AI!
Myrella estava prestes a falar até Jiyong pisar no pé dela para ela calar a boca
Fiuk - Eles me olham com pena, eu vejo nos olhos deles. Pena. Como se eu fosse um caso perdido, um projeto que deu errado... E talvez eles estejam certos
Peter- Você não é um caso perdido...
Fiuk - Eu não consigo fazer nada direito, não consigo me adequar em nenhum lugar. Nem na escola, nem em casa, nem com meus amigos... Em lugar nenhum
Às vezes, a única coisa que me entende é o cigarro. A fumaça que sobe, que me sufoca, que me acalma, eu não preciso me esforçar, que posso simplesmente... desaparecer.
Ele olhou para baixo e Jiyong arregalou os olhos
Jiyong - Não para de comprar não... Tu é a minha maior fonte de rend- AI
Dessa vez foi Myrella que bateu na cabeça dele para ele calar a boca
Fiuk - Eu queria... Eu queria poder parar. Queria poder dizer que sinto muito, que vou mudar, que vou ser melhor... Mas a verdade é que eu não sei se consigo. Eu não sei se quero... Eu...
Eu estou cansado
Peter continuou olhando para cima sem saber o que falar ou responder, ele apenas continuou olhando para cima prestando atenção em casa palavra que seu irmão falava e isso chamou atenção de Fiuk
Fiuk- Você tá prestando atenção?
Peter - Eu sempre presto
Fiuk - Sempre?
Peter - Sempre, é isso o que irmãos fazem
Fiuk se encolheu, sabia que não seria agora que suas inseguranças iriam sumir, mas pelo menos teria sempre alguém que as escutasse. Nunca tinham lhe escutado de verdade na casa de sua família biológica e aquilo lhe bastava
Fiuk deu um sorriso fraco finalmente descendo da árvore e sendo abraçado por Peter, Myrella e Jiyong se aproximaram também esquentando o corpo gélido cadavérico de Fiuk, pela primeira vez em muito tempo, ele se sentiu bem de verdade
Eles voltaram lentamente para casa, avistaram a parte de trás dela, a madeira tão velha e acabada quanto na frente. Os olhos de Myrella foram atraídos por uma peça de roupa jogada no chão em baixo da janela do banheiro, ela iluminou o objeto com o celular e se aproximou
Peter - Achou alguma coisa?
Ele perguntou vendo Myrella levantar uma camisa ensanguentada
Fiuk - É a camisa do Dante
Jiyong- E por que ela tá cheia de sangue?
Peter se aproximou com um olhar curioso examinando a peça de roupa enquanto Myrella a segurava com a mão
Peter - Isso é sangue de galinha...
Jiyong - Tá chamando a Júlia de galinha? Porque se for eu concordo
Peter - Não! Tô falando que isso não é sangue dela... Da pra ver por causa do cheiro
Myrella levantou o rosto se encontrando com o de Peter, a mente deles trabalhando juntos
Myrella - A Júlia que comeu as carnes cruas então?
Peter - Eu acho que sim...
*****************************************
? - Per vem aqui!
Pelle se arrepiou quando ouviu a voz de sua mãe chamar, ele se levantou da sua cadeira correndo para o andar de baixo da sua casa. Ele viu sua irmã sentada no sofá com um cigarro na mão enquanto assistia televisão
Ele olhou rapidamente para a televisão vendo ela assistir Nas Garras da Patrulha antes de seu olhar voltar para a mãe, o batom deixava o cigarro com uma forte mancha de vermelho, as pálpebras dos olhos tinham uma forte sombra azul com uma grossa linha de um delineado manchado
? - Pelle, pega lá o engradado de cerveja antes que teu padrasto pegue e beba tudo, vai lá vai...
Ela disse dando uma tragada em seu cigarro voltando seu olhar para televisão. Pelle concordou andando em direção a cozinha e tropeçando em um pequeno degrau que tinha entre a cozinha e a sala, Pelle era o que sua mãe intitulava como "criança desastrada" e o que seu padrasto dizia "criança burra da porra", mas ele só tinha 8 anos. O que poderia fazer?
Ele abriu a geladeira carregando o engradado que rapidamente caiu no chão, era pesado de mais para ele carregar enquanto ele começou a arrastar até a sala, novamente tropeçando pelo pequeno degrau e arrastar até sua mãe sentada no sofá
Os olhos dela se iluminaram pegando uma latinha e abrindo, ela deu um gole antes de olhar para o rosto do seu filho com um sorriso
? - Você tá ficando parecido com seu pai sabia?
Pelle nunca soube quem era seu pai, só sabia pelas características que sua mãe dava dele. "Era um loirão altão, Pelle... Sulista, burro igual uma porta, não sabia nem que a Paraíba é um estado do nordeste, parecia gringo, nem português direito sabia falar" e Pelle adorava ouvir, parecia que era um conto de algum livro, era sua história favorita. As vezes sua mãe lhe contava histórias para dormir, eram sempre as mesmas, a história explícita de quando ela fez sexo com o seu pai, a história de quando ela foi presa por roubar um botijão de gás, a história de quando ela foi no cotel tirar seu padrasto ou quando na escola ela fumou 15 maços de cigarro de uma vez
Pelle - Eu estou? - Ele perguntou abrindo um sorriso, seu dente da frente tinha caído, o que deixava um buraco toda vez que ele sorria
A sua mãe deu uma risada com aquilo colocando a mão na sua bochecha e concordando. Pelle voltou para o seu quarto, a irmã mais velha de Dead dormia na cama de cima do beliche com a boca aberta, e o ronco alto. Ele se sentou novamente na sua cadeira ligando a tela do seu computador voltando a conversar com seu amiguinho virtual pelo Orkut
Pelhenrique - Oi Øystein, voltei :)
ØysUchiha - Tava onde? >:(
Pelhenrique - Fui pegar a cerveja da minha mãe
ØysUchiha - Aff, eu odeio quando minha mãe pede pra eu pegar a cachaça do santo! Me manda lá na casa de carai pra comprar a porra da pinga pra Exu >:(
Pelhenrique - Minha mãe não dá pra santo, ela bebe
ØysUchiha - Tua mãe bebe? O_o
Pelhenrique - Bebe uai
ØysUchiha - KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK FILHO DE CACHACEIRA XD
Pelhenrique - Cala a boca Øystein, sua mãe é macumbeira e fala que vai te dar de oferenda se tu não for pra escola
ØysUchiha - ... Pelo menos eu não apanho do meu padrasto XD
Pelhenrique - Você não tem nem pai, quem dirá padrasto? Queria você ter família pra apanhar
ØysUchiha - Já acabou de me humilhar?
Pelhenrique - Já :)
ØysUchiha - Eu tô juntando dinheiro já pra ir te ver, sabia? Tô batendo carteira na rua quando mamãe sai de casa
Pelhenrique - E tá dando lucro?
ØysUchiha - Não, tô apanhando mais do que pegando dinheiro, é mais lucro eu me fingir de mendigo e dizer que não tenho mãe que os otário me da dinheiro. E você?
Pelhenrique - Eu vou roubar o cartão de crédito do meu padrasto fica tranquilo
? - Ó Pelle! Vem aqui!
Pelle escutou a voz grave do seu padrasto e desligou a tela do seu computador descendo para ver o que ele queria. O padrasto estava sentado do lado da sua mãe, no braço dela ele conseguiu ver seu irmão mais novo
? - Pelle pega ali minha garrafa de whisky na prateleira de cima...
Ele falou e Dead assentiu, ele andou mais devagar para não tropeçar no degrau dessa vez. A prateleira de cima era muito alta para ele alcançar então já estava ali um banquinho especialmente para isso, ele subou pegando a garrafa com cuidado para não quebrar
? - Vem logo Pelle, mísera!
A voz fez Pelle se apressar, ele segurou a garrafa com força correndo para a sala, seus pés escorregam naquele mesmo degrau caindo de cara no chão, a garrafa escorrendo pelos seus dedos quebrando bem na sua frente
Seu padrasto se levantou puto, os olhos fervendo de ódio na direcção dele
? - NÃO SERVE PRA NADA TAMBÉM!! VOCÊ TÁ MORTO MLK
A mãe de Dead se levantou batendo no braço do seu padrasto que se virou agarrando o pescoço dela
? - Tá vendo mlk? Isso é pra você aprender! Que nem mulher e nem criança nenhuma manda em você!
Ele falou com a voz grave. Pelle se levantou assustado correndo para o seu quarto e se escondendo em baixo da cama, já sabia o que ia acontecer, já sabia o que sempre acontecia
**************************************
Peter, Jiyong, Myrella entraram dentro de casa e se assustaram quando viram Dead com o rosto ensanguentado e desmaiado amarrado em uma cadeira enquanto só outros estavam ao redor dele discutindo
Myrella - O que aconteceu aqui??????
Júlia- Myrella ainda bem que tu chegou! A gente precisa de tu pra fazer um exorcismo!
Peter - OW OW POR QUE MEU IRMÃO TÁ AMARRADO?? O QUE VOCÊS CRIATURAS FIZERAM COM MEU IRMÃO??
Peter perguntou balista apontando na cara de todo mundo
Jørn- O seu "irmão" tentou matar a Júlia e a Danni a base da machadada
Júlia- É verdade Peter...
Peter suspirou, ele olhou para Dead desmaiado com o rosto cheio de sangue e claro que sentiu empatia, mas sabia que as coisas estavam estranhas, sabia que aquilo era verdade
Peter - Porra! Ele falou olhando para Danni que estava sentada no chão do lado de Seung
Peter - Você tá bem?
Danni - Não, meu irmão tentou me matar
Fiuk levantou a sobrancelha olhando para Danni sentada no chão
Fiuk - Quem é esse mlk do teu lado?
Seung - Eu?
Fiuk - Não po, esse mlk
Danni - Toshio, espírito daqui de casa
Todo mundo- ????????
Dante - Danni tá vendo espírito, aparentemente Fiuk também, Dead tentou matar a gente estando possuído... Melhor fim de semana de todos os tempos
Jiyong - Não se esqueça que você tentou matar a Danni também! E isso aqui! - Ele falou jogando a camisa ensanguentada no meio da sala
Jiyong - Quando você vai admitir que você que comeu a carne crua também? Se você tá possuída eu não sei, mas não finja que você não tem culpa nenhuma!
Todos olharam em direção a camisa no chão antes de olhar para Júlia, ela estava calada. Ela sabia que estava guardando isso a muito tempo e que agora estava sendo desmascarada, ela engoliu seco olhando para Jiyong com raiva
Jørn- Escuta! Chega dessa palhaçada! Vamos embora daqui, agora!
Dante - Não dá!
Ela falou chamando a atenção e os olhares de todos
Dante - Stan me disse que se a gente sair daqui agora tudo vai continuar do jeito que está. Dead vai continuar surtando tentando nos matar em Nova Descoberta e...
Jiyong- Você vai continuar tentando matar a Danni, que lindo!
Jørn olhou para a namorada com uma expressão incrédula, se ela sabia disso, POR QUE NÃO SAIR DESSA CASA ANTES? Por que esperar tudo piorar?
Jørn- E por que você tá nos contando isso agora? Podíamos ter ido embora quando tava tudo bem!
Jungkook - Pera ai também... O aluguel daqui caro que só a porra, fazer a pena o dinheiro gasto né?
Júlia- ... Stan disse que depois de um tempo tudo ia melhorar... Que o Dead não ia ser agressivo, que Fiuk não ia ser triste, que a Danni iria aceitar a gravidez, que o Øystein ia deixar de ser um invejoso, que Seung e Jiyong iam deixar de ser inseguros...
Cada nome que ela falava, um por um engolia seco olhando em outra direção, como se seus defeitos tivessem sendo jogados nas suas caras
Júlia- ... E que você iria superar a sua mãe...
Jørn- Júlia... Você não pode mudar Isso, você devia ter me contado...
Jørn disse seco para Dante que se encolheu. Jørn suspirou sabendo que estavam presos naquela casa até seja lá o que acontecer, não podiam sair dali com Dead agindo dessa maneira pelo resto da sua vida
Júlia- Eu posso consertar! Eu vou ligar pro Stan!
Peter- Tá cheia de intimidade com esse velho né?
Jørn- Vai! Liga pra ele, da o celular pra ela Peter!
Jørn falou impaciente olhando para o rosto de Dead, Dante pegou o celular de Peter com as mãos trêmulas discando o número de Stan que rapidamente atendeu. Júlia explicou a situação e mesmo que não conseguisse ver, ela sabia que ele provavelmente estava com o mesmo sorriso habitual no rosto
Enquanto Júlia falava seus pratos, Dead finalmente levantou a cabeça com o rosto deformado, os olhos estavam amarelos, as bordas estavam escuras com pontas pontudas. O sangue escorria pelo seu rosto em direção aos dentes e ao chão
Dead - Qual o problema, Júlia?
Ele perguntou com uma risada baixa. Øystein se levantou pronto para bater nele novamente, mesmo depois que Dead já estava desmaiado, Øystein continuou batendo nele até Jørn o puxar e o amarrar, dessa vez quem o segurou foi Myrella. Júlia desligou o telefone ignorando a presença do demônio ali naquela sala
Júlia- Ele disse que já vem
Dead - Vai me ignorar agora é sua vagabunda?
Danni - Quem é você? - Ela perguntou com a voz embargada e tímida
Dead - Isso não faz diferença pra você
Fiuk - O que você fez com o Dead?
Dead - O Dead tá no inferno já, e eu não sou famoso pra ficar dando entrevista não
Myrella - Tá repreendido em nome de Jesus...
Dead - Ei bonitinha, já que o Jiyong não te comeu, confundiu com a outra, bem que quem podia te comer sou eu né?
Myrella repreendeu novamente enquanto Danni e Jiyong engoliram seco, não iriam admitir o que aconteceu nem com ameaça de morte então o melhor seria ignorar
Jungkook - Misericórdia tá repreendido, vamo rezar Peter
Peter- Deus não tá muito próximo de mim ultimamente pra eu rezar não
Mercúrio- Eu vou ligar pra contar isso pra Wanda agora... - Ele disse correndo pra cozinha
Jørn- Escuta... Amigo... Você pode por favor sair do corpo do nosso amigo?
Dead - Claro divo! Tira as corda aqui rapidinho que eu saio pela porta da frente <3
Jørn- Sai primeiro e eu tiro as corda
Dante - JØRN! PARA DE CONVERSAR COM O DEMÔNIO!
A porta se abriu, Stan entrando dentro da casa com a mesma expressão calma que compartilhava conforto e radiação. Dead, ou seja lá o que estava no corpo dele, deixou de sorrir no mesmo momento que ele entrou
Stan - Caramba, você realmente não tava mentindo né?
Ele entrou para dentro da casa, seus passos pesados e lentos ecoando no piso de madeira. Toshio se remexeu nos braços de Danni se levantando e saindo correndo, algo que somente Danni e Fiuk perceberam
Danni - Toshio...?
Danni perguntou baixo mas isso não impediu que ele corresse para fora da casa, o olhar de Danni voltou para Stan que tinha parado na frente de Dead amarrado, ele agora estava quieto, com uma expressão impossível de se ler, ele estava simplesmente vazio
Stan - Vocês fizeram certo em me chamar... Vamos tirar o demônio do corpo desse jovem, querida...
Ele falou apontando para Júlia
Stan - Pega um lençol branco pra mim...
Júlia concordou rapidamente correndo escadas a cima para pegar o lençol em algum dos quartos, o ambiente da sala era inquieto e inseguro, ninguém sabia o que fazer ou como reagir
Júlia rapidamente voltou um lençol branco na mão, Stan pegou o lençol e cobriu o corpo possuído de Dead, ele ainda em silêncio. Era uma cena assustadora e curiosa para todos, ninguém sabia o porque que o demônio no corpo de Dead obedecia tanto Stan
Stan - Quem aqui ele tentou machucar?
Danni e Júlia levantaram a mão e ele gesticulou para que elas se aproximassem
Stan- Seguinte... No momento que o demônio sair, ele irá atrás de quem ele tentou machucar, pra vocês serem as próximas cascas para o demônio entrar entenderam?
As meninas se abraçaram ansiosas depois dele responder aquilo. Todos na sala estavam inseguros e temerosos com aquilo
Stan - Vou precisar da ajuda de vocês tá bom?
Peter - Myrella também! Ela é evangélica e tem muita fé!
Myrella concordou pronta para ajudar, ela também estava com medo, mas a sua fé era maior que aquilo, a confiança em Deus era maior que o temor contra o diabo. Stan suspirou olhando para Peter com uma singela raiva de quem odiava ser interrompido
Stan- Não será necessário...
Ele disse se voltando para Danni e Dante abrindo o mesmo sorriso casual e educado
Stan - Vocês só precisam me ajudar e se proteger durante o exorcismo
Elas concordaram com a cabeça
Assim Stan revelou um livro relativamente grosso da sua bolsa lendo algo escrito. Ele entregou sal balsâmico para Øystein e Jørn e pediu que eles desenhassem um símbolo no chão mantendo a cadeira onde Dead estava sentado no centro, ambos meninos estavam agachados no chão se movimento lentamente para fazer o desenho certo, Jørn estava confiante pois sua mente estava em paz sabendo que não tinha feito nada para Dead além de se preocupar, Øystein entretanto, o xingou e o bateu diversas vezes sem saber que no fim de tudo, nada disso era culpa dele. Øystein olhou com certa tristeza para as mãos amarradas do amigo nas costas das cadeiras, as mãos ensanguentadas, ele desviou o olhar e tentou ignorar aquilo
Dead - Øystein...
A voz dele era baixa, tão baixa que somente ele tinha escutado, os olhos dele se arregalaram olhando para a direção do amigo
Dead - Øystein, eu acho que você quebrou meu dente...
Øystein- Eu... Me descul-
Stan - Não fale com o demônio! Ele vai tentar te enganar, isso não é seu amigo
Øystein afastou seus pensamentos e se levantou para longe de Dead. Stan começou a rondar por entre Dead citando algumas palavras do seu livro. Seung e Jiyong se abraçaram espontaneamente assim como Peter e Fiuk, Mercúrio observava a cena de longe com uma certa curiosidade no olhar e Jungkook consolava Myrella baixinho, Jørn e Øystein estavam preocupados vendo o que seu amigo tinha se tornado enquanto Danni e Dante estavam atentas se perguntando onde que elas entravam nessa história
O demônio começou a se mexer histericamente na cadeira como se aquilo o machucasse, o lençol branco começando a ser manchado de sangue na direção do rosto além da criatura começar a gritar fazendo todos ali se arrepiarem
Stan gesticulou com uma das mãos para que as meninas se aproximassem e as mesmas obedeceram, ele abriu a mão e ambas colocaram suas mãos sobre a dele sem entender o que ele queria. Stan sem nenhum aviso prévio puxou uma adaga cortando o pulso das mesmas pingando sobre o lençol
Seung foi o primeiro a abrir a boca para reclamar Jiyong o segurou afirmando que ele deveria saber o que estava fazendo. Øystein revirou os olhos, até nesse tipo de situação, Seung se levantava primeiro para se opor contra insegurança da sua irmã e da sua amiga
Stan continuou falando palavras e estancou o sangue com um pano branco que ele havia tirado do seu bolso, pressionando contra o pulso das meninas. Dead tinha parado de gritar e de mexer, Stan lentamente tirou o lençol de cima dele, a imagem de Dead com seu rosto normal, apenas ensanguentado foi revelada dando alívio para todos os presentes
Stan - Não dessamarem ele ainda, ele não está mais possuído, mas vai acordar com lembranças terríveis, pra própria segurança, vocês devem manter ele assim
Jørn- Certo...
Stan - Vocês podem partir amanhã de manhã...
Ele falou com um sorriso tênue e sem mais avisos se retirando da casa. O olhar de todos obviamente estava sobre Dead, até a energia dele estava diferente, mais calma, mais ambígua
Jørn- Pronto... Todo mundo vai descansar na sala hoje... Sei que nem todo mundo vai conseguir dormir, mas amanhã a gente vai embora, entendeu Júlia?
Ele falou aquilo especificamente para ela pois sabia que ela queria permanecer lá até que todos estivessem curados. Dante suspirou concordando e se sentindo ao lado de Danni. Todos se sentaram no chão olhando para Dead no meio da sala, mesmo que ele estivesse bem, ninguém queria ficar em um posição que não permanecesse vigilante a ele
Danni fechou os olhos no mesmo momento que a sua amiga, se o dia anterior foi cansativo, esse tinha conseguido se tornar ainda pior. Seung fazia seu ombro de apoio tenho para Danni, tanto para Jiyong
Jungkook tinha optado por permanecer perto de Myrella porque ele entendia a necessidade de Peter de permanecer ao lado do irmão para dar conforto, Jørn tinha ficado perto de Øystein e Mercúrio o que feriu o coração de Júlia de certa maneira. Tudo o que ela fez, ela fez por ele
Danni se acordou assustada, deveria ser meia noite por aí, ela sentiu uma dor no seu ventre, olhou para baixo e sua barriga estava 3x maior do que estava antes de ir dormir. Tinha água entre as suas pernas o que faz gritar, sua bolsa tinha estourado. Todos ali acordaram assustados olhando para ela
Danni - A bolsa... A bolsa...
Que pesadelo. Ela olhou para a cadeira e Dead não estava mais lá o que faz gelar por dentro, todos se aproximaram dela tentando a manter em uma posição mais confortável, Danni arfava e respirava fundo , Júlia e Seung alisavam seus cabelos a dando palavras de conforto
O corpo de Danni se contorcia sobre a madeira, a cada rajada de vento, um gemido alto e choroso. Dentro, a luz vacila, dando levas falhas acompanhada a dor de Danni. Ela gritava, as mãos cravadas na madeira do chão
Seung e Júlia, ajoelhados ao lado dela, afagam seus cabelos, sussurrando palavras de conforto que se perdem em sua dor. Seus rostos estão pálidos, mas a esperança e o amor brilham em seus olhos
O olhar de Danni está fixo no teto, mas seus olhos não veem o teto, mas algo além. Uma sombra se move nas bordas de sua visão, uma presença fria e observadora
Danni - Não tá certo... Isso só devia acontecer daqui a 7 meses... - Ela falou chorosa, não somente pela dor, mas por aquilo que ela mais adiava está acontecendo
Júlia- Calma amiga! Você... Você tá expelido um tumor! Colocando para fora uma doença!
Seung - Que coisa horrível de se falar...
Essa foi a única coisa que Júlia tinha pensado que poderia consolar sua amiga, Danni olhou para ela, levou suas mãos para apertar tanto a mão de Dante como a mão de Seung. Aquilo de fato fez sentido na sua cabeça
Seung - Não fala isso! Escuta preta, eu vou tá sempre com você tá tudo, okay?
Ele falou, os dedos longos e esguios de Seung passando carinhosamente pelo escalpo do seu cabelo, Danni olhou para ele mas ainda assim, o conselho de Júlia foi o que mais a consolou naquele momento. Expurgando um tumor, foi o que ela pensou fazendo mais força
O som dos gritos de Danni ecoavam pela casa, a pele dela está encharcada de suor, fria como gelo. Ela sente algo se contorcendo dentro dela, uma força que não é sua, uma presença estranha. A presença do parasita que ela tanto odiava
Peter, o irmão de Danni, estava posicionado entre suas pernas, o rosto banhado em suor e determinação, mas uma grande animação de poder ver seu sobrinho, ele tentava manter a calma, mas a tensão e ansiedade no ar é palpável. Ao redor, os amigos de Danni se amontoam, rostos preocupados: Jiyong, com a mão no ombro de Myrella; Jungkook, com os olhos arregalados; Øystein, murmurando palavras em norueguês e baiano; Mercúrio, com uma expressão indecifrável, não tinha visto o parto de Luna, estava descobrindo hoje como doeu para a sua fedelha nascer e Fiuk com os olhos fixos na irmã, a respiração presa na garganta
A cada contração, as luzes piscam com mais intensidade, juntamente da televisão que piscava com a sua tela em estático, como se a própria casa estivesse em agonia. Peter finalmente percebeu algo errado, o sorriso do seu rosto sumindo no mesmo momento. O tempo está passando, mas o progresso é lento de mais. A dor de Danni é intensa, desproporcional, ele sente algo diferente, algo que não deveria estar ali. A mão de Peter saiu de dentro do vestido da sua irmã, a mão dele revestida de sangue fazendo com que todos na sala olhassem para ele assustados
A próxima contração, Danni gritou, um grito que ecoou na alma do seu irmão. Peter olhou para baixo, seus olhos se arregalam em horror. O que emerge não é um bebê. É uma criatura, um braço tão grande quanto um de adulto tinha pulado para fora, a pele negra, escura como a própria noite e as unhas afiadas manchadas pelo sangue de seu ventre. As luzes piscando ainda mais
Peter se afasta, tropeçando para trás, o rosto repleto pelo medo. Ele cai, aterrorizado, enquanto o outro braço da criatura se esgueirava para fora com certa dificuldade. Os gritos não eram somente de Danni mas de todos os presentes na sala
A criatura apoiou cada uma de suas mãos ensanguentadas nas pernas de Danni o impulsionando para sair de dentro. A lâmpada e a tela da televisão tinham estourado deixando todos no escuro, a única luz que iluminava a figura de Danni era a fraca luz da lua. Os gritos altos e desesperados de todos na sala, Danni arqueou as costas enquanto gritava dando a luz aquela a coisa, até que
Danni acordou, era somente um sonho. Dead ainda estava sentado amarrado a cadeira, as luzes apagadas enquanto todos dormiam, ela olhou ao redor notando a ausência de Seung, Júlia e Øystein, mas imaginou que estava tudo bem já que a maior ameaça, Dead, ainda estava amarrado. Ela olhou para baixo vendo que a sua barriga continuava tão pequena como antes e suspirou aliviada
Danni se esticou tocando o braço de Jiyong, odiava ter que fazer isso por causa de certos... "Acontecimentos" passados entre eles, mas ela tinha tido o pior pesadelo de toda sua vida e precisava do conforto de alguém e infelizmente, Jiyong era a pessoa mais próxima. Jiyong acordou piscando os olhos olhando em direção ao toque que vinha de Danni
Jiyong- Fala princesa...
Danni- Não me... Eu tive um pesadelo
Jiyong - Sério? O que aconteceu?
Danni - Eu sonhei que eu tava dando a luz só que... Não era um bebê sabe? Era... Uma coisa, uma coisa do tamanho de um adulto... Saindo de mim
A cada palavra ela transmitia uma repulsa somente de lembrar e Jiyong compartilhou da mesma expressão que ela entendendo, mesmo que parcialmente, o seu nojo
Jiyong - Que horror
Danni - Então!
Jiyong - Foi só um sonho, castela com isso não...
Ele falou colocando o braço no seu ombro mas ela não pode deixar de se sentir desconfortável e Jiyong percebeu isso
Jiyong- Olha... Vamo fingir que nada aconteceu...
Danni - Difícil quando DNA de alguém sai de uma pessoa e entra em outra
Jiyong - Escuta!
Ele falou olhando nos olhos da amiga falando as próximas frases com a maior honestidade do mundo
Jiyong - Eu sei que foi algo horrível, mas você tem que acreditar que eu nunca faria aquilo com você enquanto você tá com meu mano Seung! Se não tivesse... Talvez? Claro, você é bonitinha, com certe-
Danni - Não tá ajudando
Jiyong- Foi mal, mas a questão é: Foi um acidente... Você tem que acreditar em mim...
"Você tem que acreditar em mim..." Danni tinha ouvido essa frase e até dito ela, muitas vezes, e todas essas vezes, elas estavam certas. Ela acreditou no amigo, abriu um sorriso fraco concordando com a cabeça, Jiyong fez o mesmo
Aquele momento foi interrompido quando Danni viu pelas costas de Jiyong duas figuras saindo da cozinha, observando melhor ela notou que era Øystein e Júlia, algo brilhante brilhava em sua mão mas ela não sabia dizer o que era pelo escuro
Øystein - Pera aí Júlia! Pera aí!
Ele falou mas Júlia rapidamente passou o objeto no rosto do irmão, o fazendo impulsionar para trás, Øystein caiu em cima da cadeira de Dead o derrubando fazendo a cadeira quebrar e o libertar
Dead - ?????? MANO????
Øystein colocou a mão no rosto e ela veio voltada de sangue, Danni encarou aquilo em silêncio antes de gritar. Um grito alto e fino fazendo todos na sala acordarem assustados, Júlia tinha uma tesoura na mão e ela tinha cortado o rosto do irmão
Jungkook - Aí meu Deus de novo não, eu não tenho um dia de paz...
Øystein- Pera ai Júlia! Calma aí!
Mesmo que machucado, Øystein ainda se preocupava com a sua irmã, era óbvio que ela estava possuída! Aquele velho maldito não tinha feito nada de útil!
Júlia se aproximou do irmão com a tesoura na mão preparada para enfiar com mais força nele mas ele desviou. Todos ficaram em pé e Seung finalmente voltou da cozinha com um olhar assustado, todos se posicionaram contra a parede com um olhar assustado
Júlia - Tem algum problema?
Ela perguntou com uma leve risada enquanto se aproximava. Jungkook de saco cheio se aproximou dela com uma cadeira na mão, ele tinha batido em Dead possuído e com certeza iria bater em Júlia possuída, porém Júlia era mais rápida que Dead, mais alimentada, mais esperta que ele. Júlia enfiou a tesoura no braço de Jungkook arranhando seu braço o fazendo soltar a cadeira
Jungkook - AI SUA SAPATÃO!
Ele disse colocando a mão no braço que sangrava dando um passo para trás. Peter arregalou os olhos e por instinto correu para perto do namorado, Júlia avançou para frente passando a ponta da sua tesoura sobre a barriga de Peter o fazendo cair por cima do namorado, os dois no chão. Jungkook tirou a mão do corte em seu braço para colocar na barriga do seu namorado trampando o sangue, ambos olhando para ela com medo
Todos que ainda continuavam no mesmo cantor gelaram de medo. Jiyong e Seung usando todo o seu QI empurraram Danni e Myrella em um canto no quarto e saíram correndo na direção contrária sabendo que Júlia os perseguria e deixariam os outros em paz. Dito e feito ela foi atrás deles
Seung deu uma baliza atrás de Júlia deixando a mesma confusa se corria atrás dele ou de Jiyong com a tesoura. Eles sabiam o que estavam fazendo, tinham usado essa mesma técnica pra fugir da polícia várias vezes, Dante gemeu em frustração. Danni, Myrella e Fiuk se aproximaram de seu irmão caído no chão
Danni - Você tá bem??!
Peter - Mais ou menos... Tá doendo pra caralho...
Myrella - Calma, vamos te levar pra van...
Jungkook- Ela tá na porta... Ela vai ver - Ele sussurrou olhando para Júlia pairando sobre a porta tentando decidir qual ela pagava
Seung - JÚLIA, SAI DESSA! VOCÊ É DONA DO SEU PRÓPRIO CORPO! CHUTA ESSE CAPETA PARA FORA DE VOCÊ!
Øystein não podia acreditar o que estava acontecendo, ele tinha que ajudar a sua irmãzinha e quem estava fazendo isso era o Seung?? Não, não... Øystein se esgueirou para frente agarrando as costas de Júlia
Ela rosnou frustrada segurando a tesoura com mais força com seus dedos, batendo suas costas contra a parede fazendo Øystein a soltar. A atenção de Júlia com Seung e Jiyong tinha se dissipado e ela decidiu ir atrás do grupinho que estava sentado junto de Peter
Jørn correu agarrando Júlia a fazendo cair no chão, a tesoura escorregou pelos seus dedos a perdendo na escuridão da sala. Todos se aproximaram de Peter o ajudando a o afastar dali
Júlia- SAI DE CIMA DE MIM JØRN!
Jørn - NÃO! NÃO ATÉ VOCÊ SAIR DO CORPO DA MINHA NAMORADA!
Júlia - A SUA NAMORADA TÁ NO INFERNO COM OS SEUS PAIS!!
Ela gritou o empurrando com os pés. A força fora do normal de Júlia era maior do que os outros, mas agora que ela não estava com uma tesoura na mão, era uma luta mais justa
Jungkook - Nossa é hoje que eu descarrego todo o ódio que eu sinto dessa família...
Ele falou se levantando e andando na direção de Júlia, Júlia riu não hesitando e os dois se agarraram ali mesmo. Jungkook tinha feito aula de vários tipos de lutas junto do seu irmão Bebel, mas cada golpe que ele tentava dar, Júlia defendia
O grupão se separou todos procurando corda, lençol, qualquer coisa que pudesse amarrar Júlia e pensar em alguma solução enquanto Jungkook e Júlia brigavam, excerto Danni que estava ajoelhada com seu irmão Peter
Øystein quando finalmente conseguiu se levantar da força do impacto que Júlia tinha causado, arregalou os olhos quando viu Jungkook e sua irmã brincando, aos seus olhos, Jungkook estava batendo nela e não atrasando ela para que os outros procurassem algo para a contar. Øystein sem nem pensar duas vezes se levantou e pulou em direção aos dois, os derrubando no chão
Øystein- NÃO BATE NA MINHA IRMÃ!!
Ele disse sentando em cima de Jungkook e batendo no seu rosto, Øystein claramente estava perturbado, não estava possuído, muito diferente disso, ele estava somente perturbado
Seung - TU TÁ DOIDO PORRA?? - Seung falou puxando ele pela gola da camisa para longe de Jungkook, aquela ação só fez com que o ódio de Øystein por Seung crescesse
Júlia ainda no chão conseguiu achar sua tesoura em baixo do sofá, seu brilho refletindo a luz da lua que ocoava pela janela. Ela rapidamente pegou olhando ao redor a pessoa mais próxima dela que era Mercúrio e Myrella, ela partiu para frente mas foi segurada por Seung
Seung - Calma mana! Você sai dessa!
Júlia rosnava e gritava se contorcendo nos braços de Seung. Jørn rapidamente correu e trocou de lugar com Seung
Jørn- Calma amor... Você precisa se acalmar... Você tem uma filha pra voltar quando sair daqui...
Aquelas palavras pareceram entrar dentro da cabeça dela e ter tido algum efeito. Os rosnanos lentamente foram se tornando arfos mais humanizados, Jørn suspirou aliviado
Jørn- Seung eu tenho uma foto da Jøsefina na minha carteira lá na cozinha, pega lá
Seung concordou e foi correndo para cozinha concordando, todos ali começaram a falar sobre a Jøsefina, Juninho e seu pai Loki que pareciam trazer Júlia de volta a realidade
Danni - A Jøsefina, Júlia! Você tem que comprar um presente pra ela em janeiro! Ela quer outra fantasia!
Peter - Sim... Juninho tem que usar uma fantasia junto com ela pra combinar!
Myrella - E teu pai vai ficar tão besta! Vai bater tantas fotos!
Jørn - Tá ouvindo amor?
Jørn falou confortando sua namorada, a expressão de Júlia parecia mais humanizada, todos continuaram fazendo seu papel como amigos de ajudar
Na cozinha Seung finalmente achou a foto de Jøsefina na carteira de Jørn, ele encarou a foto por poucos segundos, uma esperança o encheu de pensar que futuramente ele faria o mesmo quando seu filho ou filha nascesse, ele se virou para sair mas Øystein tampava o caminho
Øystein suspirou contendo toda sua inveja por um momento. Ele tinha o observado por tanto tempo, odiava até
o ar que ele respira, tudo o que Seung fazia, todos pareciam concordar e se agradar com suas palavras inventadas
Øystein odeia como sua irmã ri quando Seung fala, ou como ela sente bem quando ele a trata como irmã
Odeia como Danni parece perder o ar toda vez que fala com ele, coisa que ela nunca fez com enquanto namoravam, odeia como ela genuinamente gosta dele
Odeia como Dead, seu melhor amigo, se anima quando vê que Seung chegou no mesmo lugar que ele, como ele prefere sair com ele ao invés da sua banda
Ele odeia como sua própria mãe parece ter mais orgulho de Seung durante as giras do que dele, seu filho
Até da aparência dele, ele odiava, odiava como ele era mais alto que ele, mais forte que ele, mais bonito que ele
Øystein sentiu um aperto no seu ego. Lar do seu coração cheio de orgulho, e ele estaria mentindo se dissesse que não desejava a morte ou sua queda... Ou será que estava desejando poder ser como Seung?
Não, não é verdade
Øystein o desejava mal, ele sabe o como ele é importante para as pessoas que ele ama. Ele sabe o quão bem ele faz as outras pessoas, mas por que ele fica
acordado todas as noites pensando que em vez de você, deveria ser eu?
O que mais me motiva? É o ódio? É o amor? É a inveja? O que é mais errado? É tão injusto assim que eu também deseje ser amado? Ou minha a minha mãe é injusta por querer ter tido um filho obediente e perfeito como Seung?!
Øystein suspirou fechando os olhos por um momento olhando para Seung que passava ao seu lado com desconfiança em duração a sala
Talvez o meu nome também possa ser amado...
As vozes na cabeça de Øystein não paravam, ele abriu novamente os olhos encarando Seung que com passos lentos se afastava dele e Øystein tomou uma atitude
Øystein - Meu nome é Øystein, que significa rocha! Então, com essa força eu vou conquistar e ter o que eu quero!
Øystein falou empurrando ele contra a parede do corredor bloqueando seu caminho, Seung arregalou os olhos sem entender o que ele estava falando, mas era óbvio que Øystein estava em um surto
Øystein - Saiba que as minhas ações não são motivadas apenas pela inveja! Eu também tenho sentimentos!
Øystein falou com a voz embargada, ele estava tão envolto dos próprios sentimentos que tinha se deixado levar. Seung mesmo com toda aquela situação tentou contornar, não sabia porque Øystein sentia tanta raiva dele, mas tentou ajudar
Seung - Øystein... Tá tudo bem... A gente conversa depois pra que tudo o que é seu, você tenha certeza que é seu!
Øystein - Eu não quero o que você tem, eu quero ser você!
Øystein disse levantando a faca que ele tinha escondido e cravando na mão de Seung fincando na parede, o medo gritou chamando a atenção de todos da sala inclusive Júlia
Danni e Jiyong rapidamente correram para ver o que estava acontecendo, Øystein não estava possuído como Júlia, ele estava apenas sendo quem ele era, seu sentimento de inveja sendo refletido ao máximo naquele momento. Tudo o que ele queria era matar Seung, nada ao seu redor importava
Ele escutava os gritos de todos na sala o mandando parar, ele sentiu quando Mercúrio o puxou parar trás o tentando afastar de Seung, mas ele nem se mexeu, ele nem prestou atenção, ele não se importou. Ele tinha um objetivo e ele ia cumprir, nada ali o impediria, Mercúrio batia de murro nas costas dele, o chutava mas ele não saia do lugar, ele iria matar Seung
Øystein puxou a faca para fora da mão de Seung, ele levantou o braço para ter mais impulso para cravar em seu peito, um tiro foi ouvido. Os olhos de todos se voltaram para Jiyong que segurava a arma trêmula nas mãos enquanto chorava silenciosamente, o tiro tinha pego no ombro de Øystein fazendo seu corpo magro e pequeno cair no chão
Danni estava atrás de Jiyong segurando seus cotovelos servindo de apoio para que Jiyong conseguisse segurar o revólver com mais previsão, Seung se afastou e Dead se aproximou de Øystein conferindo se ele estava bem, o que ele estava, ainda coberto de ódio afirmando que iria tentar de novo mas a dor do tiro o impedia de se levantar
Jiyong olhou para o amigo se aproximando ainda com olhos chorosos e as mãos trêmulas
Jiyong- Eu... Eu acertei...
Ele disse com a voz fraca ainda tremendo com o revólver em mãos, Seung se aproximou sorrindo para ele assim como Danni
Seung- Isso mano, você acertou... Você me salvou!
Danni - Os idiotas do teu exército estavam todos errados!
O momento rapidamente voltou ao clima de terror quando Júlia voltou a sentir raiva, e o demônio voltar para seu corpo novamente, seus olhos voltando ao tom amarelado. Ela bateu com os cotovelos em Jørn se jogando no chão, Júlia apertou a tesoura e correu em duração as pessoas mais próximas, que eram Danni, Jiyong e Seung
Danni tropeçou para trás batendo com as suas costas na parede quando sua amiga se aproximou com sua tesoura em mãos
Todos ali paralisaram quando viram a ponta da tesoura contra a barriga de Danni. Jørn tinha arrancado as cortinas da janela e se preparado para correr e agarrar Júlia mas a sua voz soou grave o interrompendo
Júlia- SE VOCÊ DER MAIS UM PASSO EU ABRO A BARRIGA DELA AQUI MESMO!
Ela tinha falado sem olhar na direção de ninguém, seus olhos estavam presos com o de Danni. Ela olhava para a amiga com uma expressão aterrorizada que tentava disfarçar com uma expressão vazia. Uma lágrima de medo e desespero escorria teimosamente e silenciosa enquanto ela encarava Júlia
Com a outra mão, Dante levantou seus dedos enxugando a lágrima do rosto da sua amiga enquanto com a outra ela ainda segurava a tesoura contra a sua barriga
Júlia - Não chora amiga... Eu faço esse aborto pra você de graça!
Ela falou com um riso doentio, Danni continuo com a mesma expressão olhando para ela, Júlia tinha pressionado um pouco mais a tesoura contra a sua barriga fazendo com que um pouco de sangue manchasse o seu vestido branco. Além de sua própria segurança, Danni temia algo mais, como se aquela situação de desespero e de real possibilidade de perda a fizesse pensar sobre o que aconteceria se ela saísse dali bem, se ela tivesse a chance de ter o seu filho. Seria estranho se ela falasse que estava preocupada com a segurança do seu bebê?
Dante franziu a sobrancelha, pareceu ter lido todos os pensamentos da sua amiga naquele momento
Dante - Agora você está voltando atrás? Sua covarde...
Ela falou colocando o braço para trás para pegar impulso para enfiar a tesoura contra a barriga da sua amiga mas Fiuk rapidamente pegou uma das cadeiras da sala e quebrou nas costas de Júlia
Fiuk - Corre Danni! Corre!
Peter - Vai chamar ajuda...
Eles falaram e Danni assentiu se levantando e correndo para fora de casa em direção a floresta. Jørn se aproximou enrolando a cortina ao redor dos braços da namorada dando um nó forte. Jungkook e Myrella se aproximaram de Peter enquanto o resto ficou envolto de Júlia
Seung - PORRA JÚLIA! VOLTA PRA GENTE! VOCÊ QUASE MATOU DANNI! A SUA MELHOR AMIGA! O AMOR DA MINHA VIDA! - Ele falou com a voz embargada de desespero
Jørn se aproximou enrolando a cortina ao redor dela e dando um nó profundo. Jørn rapidamente arrancou a tesoura da mão de Júlia guardando no bolso, todos ali finalmente tiveram um momento para respirar agora que ela estava amarrada e Øystein estava caído no chão
Jungkook - Deixa eu matar agora
Jørn- ???? Você enlouqueceu né?
Jungkook - Sim né, ela cortou meu braço, cortou a barriga do meu namorado, o Øystein levou um tiro, ela furou o bucho da outra e o Seung tá com um rombo na mão...
Seung - Eu vou atrás da Danni, alguém vem comigo?
Peter - Eu vou!
Peter falou tentando se levantar, a irmã dele tinha sai do correndo floresta adentro sozinha, ele tinha que ir atrás, mas no mesmo momento que ele se levantou, Jungkook o deitou novamente
Jungkook - Você vai ajudar quem estando desse jeito?
Jungkook se sentou no chão do lado de Peter enxugando o suor de sua testa. Peter sentiu frustração e impotência, mas sabia que ele estava certo
Fiuk - Eu vou
Jiyong - Eu vou também, irmão
Os três saíram floresta adentro procurando Danni enquanto o resto continuou na casa. Jørn gesticulou para que Myrella se aproximasse deles
Jørn- Ora aí por ela, exorciza ela já que tu é crente
Myrella - EU NÃO SEI FAZER ISSO!
Øystein - Você não é crente porra? Faz algo que presta então!
Øystein gritou enquanto estava deitado no chão com a mão no lugar onde tinha levado o tiro, Dead bateu na cabeça dele mandando ele calar a boca. Myrella deu de ombros e colocou a mão na cabeça de Júlia enquanto orava
Jørn - Olha aqui a foto da nossa filha... - Jørn falou mostrando de Jøsefina para ela
Jungkook - Isso... Olha aí a foto da tua filha, sua rapariga!
Peter - Para com isso...
Júlia olhou para a foto em sua mão antes de olhar para o rosto de Jørn novamente, sua expressão intacta, a mesma expressão diabólica. Os olhos amarelos, as sombras negras e pontudas, ela abriu um sorriso, os dentes pontuados olhando para o namorado
Júlia - Isso não faz diferença nenhuma
Jørn - Como você se sente sabe sabendo que você tá abandonando sua filha pro demônio?
Júlia - Do mesmo jeito como sua mãe se sentiu quando te abandonou
Jørn engoliu segurando o rosto de Júlia com mais força enquanto olhava para ela
Jørn - A minha mãe não me abandonou, ela morreu, não tinha o que fazer...
Júlia - A sua mãe foi EMBORA, a única coisa que prendia ela naquela casa era o seu pai! Ele morreu e ela foi embora! FOI EMBORA!
Ela gritou puxando os braços tentando sair do nó que amararrava seus braços, Myrella continuava orando mais alto, os braços de Dante realizaram para fora empurrando Myrella longe, Jørn pensou em tomar alguma mas não conseguiu, ele não conseguiu tomar uma atitude. Júlia se curvou para trás andando apoiada pelas mãos, a cena era horrorosa aos olhos dos mesmos na sala, ela apoiou suas mãos na parede subindo e ficando parada no teto olhando para baixo
Danni ainda corria floresta a dentro em direção da casa que seus irmãos tinham a levado quando ela se afogou, iria chamar por ajuda. Devia ser quase 2 da manhã naquele momento, a luz da lua era muito pouca pra iluminar o caminho o que fazia com que Danni tropicasse várias vezes na trilha mas ela ainda não parou de correr, sua mão estava na sua barriga sem conseguir evitar os pensamentos preocupados que tinha em relação ao seu feto
Ela tinha odiado a ideia de estar grávida, a ideia de ter uma criança durante todo esse tempo, mas no momento que Dead estava quebrando a porta, ela só pensou em proteger Júlia e Toshio, mesmo que ele já estivesse morto. Quando Júlia apontou a tesoura para sua barriga, ela só pensou em proteger sua barriga, a vida que crescia dentro dela mesma
Danni tropeçou mais uma vez caindo no chão por completo, ela olhou para frente e se relance conseguiu um animal morto, o sangue escorrendo, o corpo do animal do lado do seu filhote a deixando paranoia pensando que não sairia daquele lugar, não teria a chance de criar seu filho, não teria a chance de fazer diferente. Ela se sentou ali chorando vendo aquela cena
? - Ó garota, sai daí...
Ela ouviu uma voz feminina, ela levantou o rosto vendo Maoma em pé a julgando com os olhos. Maoma entretanto não pode evitar de sentir empatia por Danni sentada no chão, encoberta de sangue enquanto segurava o animal nas suas mãos, ela puxou a mesma pelos ombros a fazendo levantar
Maoma - O que aconteceu?
Danni - A... A Júlia ela...
Maoma - Já entendi...
Ela suspirou olhando ao redor, ela já imaginava que isso iria acontecer e não era nenhuma surpresa para ela
Maoma - Eu vou ajudar voc-
Danni - Não! Eu não vou dar a alma do meu filho pra você!
Danni respondeu chorosa se afastando da velha, ela ainda se lembrava da conversa que tinha tido com ela anteriormente, não venderia a alma do filho como se fosse alguma mercadoria para ninguém! Maoma entretanto a olhou com confusão
Maoma - Não... Você não entendeu...
Ela falou mais calma se aproximando da Danni
Maoma - Eu não quero a alma do seu filho, eu quero uma oportunidade!
Danni - ?
Maoma - Anos atrás meu filho morreu, e não teve a chance de reencarnar ainda... Eu só quero que permita que ele nasça como seu filho!
Danni - ... Como assim?
Maoma - Em algum momento na sua gestação, algum espírito relacionando a você vai reencarnar no seu feto, eu só estou pedindo que seja o meu!
Ela falou se aproximando de Danni, ela estava começando a entender melhor o raciocínio da indígena
Maoma - Ele não teve essa oportunidade nos últimos 30 anos, eu só quero que ele possa viver novamente
Danni - E quem é seu filho?
Maoma - Ele me disse que você fala com ele de vez em quando na casa
Agora a ficha de Danni tinha caído. No momento que ela se afogou e viu uma figura na água, era Toshio, por isso que ela falou que o filho dela tinha visto, esse tempo todo aquela criança era espírito do filho da Maoma
Maoma - Você pode criar ele e dar uma oportunidade melhor!
Danni - Você... Você é a mãe do Toshio?
Maoma - Você chama o Tauá de Toshio?
Danni pensou por um momento naquela possibilidade, alguma pessoa aleatória poderia reencarnar no seu filho ou ela poderia dar a oportunidade para alguém que ela já conhecia e que de certa forma, já tinha carinho. Ela concordou com a cabeça
Danni - Tudo bem...
Ela disse baixo fazendo com que Maoma abrisse um sorriso e abraçasse, Danni ficou parada sem saber como reagir por um momento
Maoma - Obrigada... Eu vou tirar o demônio da casa de vocês...
Elas voltaram juntas se aproximando da casa, no meio do caminho encontrando com Seung, Fiuk e Jiyong
Fiuk - MEU DEUS POR QUE VOCÊ TÁ TODA SUJA DE SANGUE???
Maoma - Você não vai querer saber...
Seung abraçou Danni se lado continuando seu caminho até a casa. Fiuk e Jiyong olhavam desconfiados para Maoma mas ela tinha trazido sua amiga de volta para a casa então eles relevaram
Abrindo a porta da casa eles deram de casa com Júlia no teto gritando para todos que estavam amontoados em um canto da parede enquanto Øystein estava no meio da sala
Øystein- VEM JÚLIA! VEM QUE EU TE AJUDO!
Øystein disse abrindo os braços, sem nenhum aviso, Júlia se jogou no teto caindo em cima de Øystein, ela mordeu o seu braço fazendo com que Øystein gritasse e batesse nos ombros dela para a fazer parar. Danni pensou que se Júlia não estivesse possuída aquilo seria somente mais um dia normal na vida dos irmãos
Maoma suspirou puxando Júlia pela gola da camisa para fora de Øystein, ela pressionou a mão pesada no rosto de Júlia enquanto com a outra arrancava o anel que Dead deu a ela anteriormente, a expressão dela rapidamente voltando ao normal. Dante puxou uma quantidade enorme de ar de volta para si como se a possessão a deixasse sem ar
? - Doideira né
Danni e Fiuk gritaram levando um susto quando viram os fantasmas do lado deles observando a cena
Fiuk - Esses que são os fantasma é?
Danni - É, mano onde é que vocês tavam caralho???
Manuel - Passeando, fizemos uma bixa e andamos pelos mato
Danni e Fiuk -?
Francesca - Fizemos uma fila e andamos pela floresta
Todo mundo - ???????
Dante - Conversando de novo com essas porra de fantasma Daniele? Já mandei tu parar!
Danni abriu um sorriso vendo que a sua amiga estava de volta ao normal, correu a abraçando caindo as duas no chão. Júlia olhou ao redor vendo a casa toda destruída, todo mundo pingando de sangue
Dante - O que aconteceu?
Danni - Tu rasgou o braço do Jungkook, a barriga do Peter, furou minha barriga, mordeu o Øystein, empurrou Myrella, Øystein deu uma facada no Seung e Jiyong deu um tiro nele
Dante - ??????????
Jørn - E feriu meus sentimentos...
Júlia - ?????????
Maoma - Danni quero falar com você...
Maoma chamou Danni para fora da casa e ela se levantou indo atrás, Seung já estava pronto para ir junto mas Danni não permitiu. Elas andaram até o deck da casa, Toshio apareceu correndo ficando atrás de Maoma enquanto elas conversaram
Maoma - Esse aqui é o Tauá, ele morreu muitos anos atrás aqui perto...
Danni - Esse é um nome mó bonito por sinal... Talvez eu só mude umas coisinhas...
Maoma - Pronto... Vai lá...
Ela falou gesticulando para que ele se aproximasse de mim, em passos lentos e tímidos ele se aproximou olhando para mim com dúvida, ele não sabia o que estava fazendo, muito menos eu
Danni - Tá... Acontece o que agora?
Maoma - Sei lá... Nunca cheguei nessa parte...
Ela olhou para baixo e a criança deu de ombros igual ela. Meu Deus, os dois são lerdos e não sabem o que fazer, Danni pensou. Tauá, ou Toshio... Se aproximou envolvendo os braços na cintura de Danni a abraçando, ela o abraçou de volta até que lentamente ele fosse absorvido entrando dentro dela. Foi um sentimento estranho, foi como expelir algo para dentro
Danni - Eu não quero mais ver espírito assim não... Faz alguma coisa...
Maoma - Vou ver o que eu posso fazer e obrigada Danni
Maoma falou sorrindo se virando para ir embora nas Danni se lembrou da visita do velho mais cedo na casa que não tinha feito diferença nenhuma pois Júlia ainda foi possuída
Danni - Maoma! Mais cedo Stan veio aqui dizendo que ia tirar o demônio daqui mas não deu em nada!
Ela parou de andar olhando para ela com desconfiança nos olhos, como ela tivesse falado algo muito sério
Maoma - O que ele fez?
Danni - Ele fez um símbolo no chão, cortou meu pulso com o de Júlia, pelo embora com o sangue da gente...
Maoma - Me da teu número, eu vou ver em uns livros lá em casa e te aviso
Ela falou sério, sério de mais para Danni, porém ela concordou falando seu número de celular e voltando para casa. E indígena pode ter celular é? Ela pensou entrando dentro se casa
Júlia estava sentada no chão sendo abraçada por Jørn enquanto os que não estavam feridos subiam e desciam empacotando nossos pertences e nossas malas, finalmente poderíamos ir para casa!
Danni - Øystein, você devia ir pra van e ficar lá já que você tá machucado...
Øystein hesitantemente concordou se levantando com dor em seus ossos
Øystein- Danni... Me desculpa pelo o que eu fiz pro Seung...
Danni - Você tem que pedir desculpas a ele, não a mim...
Øystein- Eu vou...
Ele falou se afastando, o olhar de Danni voltou para o da amiga no chão e se sentou ao lado dela
Danni - Você tá bem?
Dante - Tô... E você?
Danni - Tô também... Posso te contar um segredo
Dante - Sempre, gatinha
Danni - Eu acho que eu tô pronta pra ser mãe...
Dante abriu um sorriso encostando sua testa na da amiga, ambas sorriram aproveitando a energia uma da outra, felizes que depois de tudo, no fim. Tudo tinha sido superado naquela casa
Danni - Eu vou ajudar o Peter já volto... - Danni se levantou andando até Peter e Fiuk
Danni - Hora de ajudar o irmão número 1 dos Schneider a voltar pra van! Me ajuda aqui Fiuk...
Danni falou fazendo Peter sorrir e corar levemente. Danni segurou os braços de Peter enquanto Fiuk segurou as pernas, Peter gemeu baixinho de dor, mas era muito melhor do que se tentasse se levantar
Jungkook - Eita que tão levando meu príncipe pra limunise já?
Fiuk - Deixa de ser burro porra, é liminusine
Danni- KKKKKKKKKKKKKKKKKKKLK LUMUSINE PORRAKKKKKKKKKK
Jungkook falou colocando as bolsas e malas deles dentro da van, Danni e Fiuk delicadamente colocaram Peter deitado na van do lado de Øystein e de... Myrella?
Danni - Tu tá fazendo o que aí? É só pra quem tá machucado, quem não tá é pra ir pegar as malas e as bolsas
Myrella - Eu tô machucada!
Danni- Aonde?
Myrella - Tô com dor nas castas
Jungkook - Eu tô com um rombo no meu braço e mesmo assim tô pegando peso
Myrella - Você vive com o outro rombo e mesmo assim carrega o peso do fracasso que te acompanha
Jungkook - Me arrependo de ter virado teu amigo na hora do desespero, smt Myrella
Myrella - TÁ BOM! TÔ INDO!
Fiuk e Danni saíram de dentro da van para voltar para casa, Fiuk e Myrella seguiram mas Jungkook segurou o braço da Danni
Jungkook - Olha Daniele... Me desculpa por ter te chamado de puta várias e várias vezes e ter falado que você dá a buceta pro Seung e pro Jiyong no off
Danni - Tudo bem Jungkook! - Ela falou com uma voz nervosa... Ah se ele soubesse
Jungkook- É que eu preferia que você namorasse com irmão! Eu odeio a namorada dele sabia?
Danni- Namorar com Bebel de novo? Deus me livre
Jungkook - ? Vocês já namoraram?
Danni - Quando a gente era criança, no fundamental. Júlia começou a namorar com Yoongi e eu namorei com Bebel por... 4 dias eu acho... Não da certo entre a gente não
Jungkook- Então você é parte da família mesmo que de um jeito agregado - Jungkook falou dando um cascudo na cabeça de Danni e voltando para dentro de casa
Dentro da casa, Dead se aproximou de Júlia com um sonhar tímido e inseguro
Dead - Júlia... - Ele chamou baixo, mas o foi o suficiente para chamar a atenção dela
Dead - Eu... Eu acho que a gente devia dar um tempo, eu... Eu te faço muito mal
Dante - Sério...?
Dead - Eu reproduzo o que eu disse pra mim mesmo que não ia fazer... Meu padrasto ele batia na minha mãe sabe, e depois que tudo acabava... Quem me batia era minha mãe
Dead falou baixo enquanto olhava para os seus pés no chão, Júlia engoliu seco, nunca tinha ouvido Dead falar da família dele e mantinha certeza de com o reagir
Dead - Eu... Eu preciso mudar, e tenho que priorizar sua segurança e a sua filha então... Eu sinto muito de verdade, eu sou um namorado terrível, um filho terrível, um padrasto terrível e um irmão terrível...
Júlia colocou a mão no ombro de Dead o observando com um olhar de empatia. Talvez no fundo realmente aquela casa mudou as atitudes das pessoas
Dante - Tá tudo bem, Dead - Ela abriu um sorriso mostrando os dentes sujos de sangue da mordida que ela tinha dado em Øystein mais cedo
Dead deu uma risada baixa, abrindo um sorriso mostrando os seus dentes ensanguentados pela surra que ele tinha levado mais cedo quando estava possuído, seu canino quebrado inclusive
Dead - Seus dentes tão sujos de sangue...
Dante - Os seus também... Tem até um quebrado...
Ela disse dando uma risada baixa, Dead a acompanhou e pela primeira vez em meses, eles compartilhavam de um clima de camaradagem e confiança
Myrella - Tu consertasse a porta agora Jørn?
Jørn - Clarinho que Sim! Devolver a casa minimamente arrumada pro dono né?
Ele disse fechando e abrindo a porta antes de pegar mais malas e ir para a van. Danni andou até a porta do quarto dela vendo Seung e Jiyong guardando as coisas e carregando as malas. Assim que Seung viu Danni parada ali, ele correu e a abraçou a levantando no chão
Danni - ??
Seung - Senti saudade
Danni - Eu fiquei lá em baixo por 5 minutos só
Seung - Muito tempo, aí o Jiyong pode ser padrinho do nosso filho quando ele nascer?
Danni pensou em contestar e falar "Seu filho?" Mas iria dar o prazer da dúvida para Seung, se o bebê nascesse asiático poderia excluir Mercúrio da lista de possíveis pais, mas de resto...
Danni - É... Tudo bem...
Ambos sorriram e Seung beijou a bochecha de Danni descendo a escada, em seguida Jiyong fez o mesmo e Danni em um gesto exagerado fingiu nojo limpando a bochecha fazendo Jiyong rir
Danni - Cadê Mercúrio ein?
Danni perguntou a si mesma
Chatharina - Vocês finalmente vão embora e nos deixar em paz?
Danni se assustou vendo os fantasmas novamente atrás dela, nunca se acostumaria com isso, quando chegar em Nova Descoberta, ela vai em todos centros religiosos possíveis pedir para que isso suma
Danni - É... Tô indo...
Francesca - Espero que na nossa próxima encarnação, teremos a oportunidade de te ver novamente!
Danni - Cola em Bebel lá em Nova Descoberta, já já ele engravida uma...
Leonardo - Nah... A gente não tá pronto ainda pra isso não
Manuel - Vocês viram o rapazote que fica com a gente
Danni - Ah, ele tá aqui dentro!
Danni falou alisando a barriga, com um sorriso no rosto. Os fantasmas emitiram um som unissonico em "Aaawwww..." olhando para ela
Leonardo - Já era hora... Ele morreu por causa do meu irmão, sabia?
Danni - Como é?
Leonardo - Stan! Quando a gente veio se mudar pra cá, aconteceu a mesma coisa que aconteceu com seus amigos! Ele surtou matou o menino, matou eu! Deve ser por isso que eu não reencarno... Não esqueço disso nunca...
Danni - O Stan...? O dono dessa casa, ele te... Matou?
Leonardo - Sim! Ele tava surtando querendo fazer um ritual na época... Não sei no que deu...
Danni sentiu seu estômago embrulhar, como podia? A pessoa que eles tinham recebido em sua casa na verdade era um assassino? Não somente qualquer tipo de assassino, mas um que tinha matado seu próprio irmão e uma criança
Ela sentiu o ar parando em seus pulmões. Ela colocou a mão no peito batendo contra a parede
Danni - JULIAAAAA! - Ela gritou assustando os próprios fantasmas
Chatharina - Vixi como ela é mal educada...
Júlia subiu as escadas correndo indo até a amiga com uma expressão assustada e surpresa
Júlia- O que foi??
Danni - Os fantasmas disseram que o Stan matou dois deles
Júlia- Credo, eles tão aqui?
Danni - VOCÊ NÃO ESCUTOU O QUE EU FALEI???
Júlia - Perdão, não raciocinei, fala de novo, foi o tdah
Danni - O STAN MATOU GENTE AQUI!
Júlia - AÍ MEU DEUS
Ela falou tendo um mini surto depois de ter confiado em alguém que matou pessoas ali
Danni - Tá todo mundo na van? Vamo embora daqui
Júlia - Só já faltando a gente, Myrella, Jiyong, Fiuk e Mercúrio
Danni - E cadê o Mercúrio?
Júlia- Sei lá porra, vamo ver no quarto dele
Danni deu de ombros andando junto de Júlia para o quarto de Mercúrio, era o mais o perto da escada, o primeiro. A porta do quarto estava semi aberta, mas não dava para enxergar o seu conteúdo
Elas lentamente abriram a porta do quarto dando de cara com o corpo de Pietro deitado no chão sobre uma poça de um líquido vermelho que elas assumiram ser sangue. Os olhos delas se arregalaram em puro horror e choque, os olhos de Danni encheram de lágrimas apertando os braços de Júlia e quase caindo no chão, Júlia colocou as mãos na boca assustada com aquilo mas o que apareceu depois foi ainda pior
Uma figura preta encapuzada tinha saído de trás da porta, seu rosto e seu corpo coberto de um tecido preto, impossível de reconhecer a pessoa, a figura se aproximou das meninas com passos lentos e elas gritaram, um grito alto e agudo
Elas se viraram para correr pela escada mas como estavam próximas de mais, ela tropeçaram caindo escada a baixo
Fiuk - KKKKKKKKKKKKJKKKKKKKK QUE ISSO
Jiyong - ?
Myrella - Vocês estão bem?
Elas não responderam, apenas se viraram para a porta tentando abrir, mas estava emperrada novamente porque Jørn tinha consertado de um jeito errado, o irmão dele sabe consertar portas, não ele
Júlia - PUTA QUE PARIU EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO!
Danni puxou Júlia para o canto quando viu que não somente uma, mas trás figuras estavam descendo a escada, se encolheram junto de Myrella, Fiuk e Jiyong
Jiyong- Que porra é essa vei?????
Júlia- Eles mataram o Pietro... - Ela disse com a voz embargada
Myrella - QUE?
Danni - O MERCÚRIO TÁ LÁ EM CIMA MORTO NO QUARTO DELE
As palavras pareceram esfaquear cada um deles ali dentro. Todos ficaram perturbados e com olhos marejados se voltando a para as figuras encapuzados, os gritos de todos foram altos o suficiente para que todos do lado de fora escutassem
Jørn, Seung e Jungkook começaram a bater na porta, chutavam tentando abrir e chegar a fonte dos gritos. Conforme as figuras se aproximavam mais altos os gritos se intensificavam, o terror, o medo de ser pego depois de tanto tempo sobrevivendo. Fiuk abraçava Danni e Myrella, Danni abraçava Júlia e Jiyong engolindo seu orgulho, abraçava Júlia
Todos os quatro se apertavam e se abraçavam assustados. Jiyong pegou o resolver no seu quadril se tremendo excessivamente, ele não conseguiria, não dessa vez, com Seung foi diferente. Os dedos dele tremiam exageradamente até Júlia pegar o revólver da mão dele com certa agressividade e atirar
O barulho do tiro foi alto. Seung, Jørn e Jungkook pararam por um momento se entre olhando quando ouviram o barulho, tomados pelo medo eles começaram a chutar com mais força a porta finalmente abrindo. Jiyong tinha afundandoseu rosto nos ombros de Danni enquanto chorava de ansiedade, Júlia ainda segurava a arma olhando para a figura no chão
? - PUTA QUE PARIU JÚLIA POR QUE TU FEZ ISSO????
Todo mundo ficou confuso quando ouviu uma das figuras falar aquilo, ela tirou o tecido no rosto mostrando ser Shock, no chão caída era Wanda, a terceira figura era Bebel e rapidamente Mercúrio desceu com a roupa toda manchada de sangue todos confusos
Júlia - Eu atirei na Wanda foi?
Wanda - FOI SUA MALUCA, ERA PEGADINHA
D&D - KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Bebel - KKKKJJJJJKKKKKKKKKKKKK
Mercúrio - Para de rir! Tu atirou na minha irmã!
Ele disse levantando Wanda no chão com ajuda de Shock
Jiyong - PORRA VOCÊS SÃO MALUCOS?????? COMO QUE VOCÊS FAZEM ESSE TIPO DE PEGADINHA DEPOIS QUE TUDO QUE A GENTE PASSOU???????
Fiuk - Vixi pegou ar
Jiyong - E ME DÁ O MEU REVÓLVER QUE SÓ TEM 4 BALAS AGORA!!
Ele falou tomando o revólver da mão de Júlia com certa agressividade. Danni sentiu o celular vibrando em seu bolso e ela atendeu, a voz assustada e perturbada de Maoma soando preocupada do outro lado
Maoma - EU VI A**I, TÁ ***I NO LI*RO! SA**UE DE PO*SU**O E **NGUE DE GE***NTE! - A ligação falhava, sua voz não era fácil de entender, mas o desespero era evidente
Todos na sala olharam para Danni com lugares curiosos, menos Peter, Dead e Øystein que estavam no carro. Danni franziu a sobrancelha preocupada se perguntando o que estava acontecendo então se aproximou da janela. Ainda estava de noite, ainda estava escuro, devia ser 3 da manhã, estava perto de amanhã mas ainda era escuro, felizmente, a ligação melhorou, ela colocou no viva-voz para que todos pudessem escutar
Maoma - ISSO É UM RITUAL QUE ELE TÁ FAZENDO! VOCÊS TEM QUE SAIR DAÍ!
Jungkook - Ai, meu Deus, eu juro que eu sair daqui vivo eu viro crente...
Myrella - Jura?
Jungkook - Não
Wanda - ????????????????
Shock - Ei boy eu não vim de Nova Descoberta pra morrer aqui em ritual satânico não né?
Maoma - É uma... Uma coisa? Uma criatura que ele alimenta, e que vai atrás daqueles do sangue que ele sente o cheiro...
Fiuk se encostou na porta olhando para fora enquanto seus amigos estavam no telefone. Olhando para lá ele conseguiu enxergar algo no meio da escuridão ao lado da van, os olhos dele se arregalaram e ele puxou a pessoa mais próxima de si para enxergar aquilo junto a ele, que era Jørn
Jørn gesticulou para que todos se aproximassem em silêncio para observar também. Todos assustados tentaram conter o terror e o horror daquilo que eles enxergaram
Tinha começado a chover, mas não era água. Danni olhou para cima colocando seu rosto para fora da janela sentindo os pontos vermelhos de sangue caírem e escorrerem pelo seu rosto antes de voltar seu olhar para a critura
A criatura emergiu das sombras, sua presença iluminada apenas pela luz tênue da lua, se mantendo ao lado da van. Tinha por volta de dois metros de altura, sua estatura deveria ter sido imponente, mas a postura curvada, como se carregasse o peso do mundo sobre os ombros. Seus braços longos terminavam em mãos descomunais, com unhas grandes e afiadas que pareciam garras, prontas para dilacerar qualquer coisa que se aproximasse
O rosto, porém, era o que mais chamava a atenção. Com feições semelhantes às de uma cabra, o nariz achatado e os olhos negros, a criatura parecia um híbrido de homem e animal, como se a natureza tivesse decidido criar um monstro para aterrorizar as pessoas. A pele escura, negra como a noite, parecia absorver a luz ao seu redor, tornando-a quase invisível nas sombras
Quando se movia, a criatura fazia-o com uma lentidão deliberada, como se saboreasse o medo que inspirava. Seus olhos pareciam perfurar a alma, como se lessem os pensamentos mais profundos e os desejos mais secretos
Danni se arrepiou, reconheceria de longe aquela criatura. A criatura dos seus sonhos que tinha dado a luz, e que mesmo que a criatura com toda sua presença enorme e assustadora, Danni sabia que aquilo era um filhote da sua espécie
Bebel- Meu Deus do céu... Que porra é isso?
Jørn - A gente tem que entrar sem que ele veja a gente
O grupo seguiu Jørn lentamente tentando dar a voica para conseguir entrar pela parte de trás da van. Alheios de tudo que acontecia lá fora. Øystein, Dead e Peter que estavam dentro da van já estavam impacientes
Øystein- Ai que demora da porra! Quero ir pra casa!
Peter - Eu quero ir pro hospital e nem por isso tô reclamando Øystein... - Peter falou suspirando ainda com as mãos na barriga segurando a camisa contra o corte
Dead - Eu me sinto muito melhor agora que eu pedi desculpas pra Júlia... Eu te pé do desculpas também Peter...
Ele disse apertando a mão de seu irmão abrindo um leve sorriso
Peter - Tudo bem... Você devia pedir desculpas pra Danni também depois...
Dead - Eu vou... E você Øystein? Já pediu pro Seung?
Øystein- Não e nem vou...
Øystein disse impaciente se mexendo para frente da van e apertando a buzina. O barulho alto da buzina ecoando pela floresta assustando não somente a criatura mas ao grupo
A criatura gritou bateu batendo contra a van dando um impacto para quem estava dentro. Bebel foi o primeiro a gritar assustado com aquilo e a maioria do grupo criou em conjunto, a criatura avançou em cima do grupo e todos se jogaram no chão menos Danni
Danni era a mais coberta de sangue naquele momento, seus cabelos estavam encharcados, seu vestido que antes era branco, agora estava completamente vermelho. A chuva continuava a cair molhando todos ali, inclusive a coisa
Danni olhou a criatura com medo e curiosidade, a criatura parou na frente dela e se curvou mais olhando para ela apática com uma leve curiosidade. Seung tomado pelo desespero puxou Bebel pelos pés usando ele pra bater em cima do bicho
Bebel - ?????????? Ai minhas costas
Jungkook - Pera aí já que é pra bater no bicho usando Bebel...
Jungkook puxou Bebel pelos pés e girou ele pelos cadarços e jogou em cima dele. Jørn, Shock, Jungkook, Bebel, Seung e de quebra, Júlia partiram pra cima do bicho na esperança de levar ele pra cidade e fazer churrasco, Jiyong levantou o braço com as mãos trêmulas pra atirar no bicho mas Danni na mesma hora surtou mandando eles se afastarem
Danni- PELO AMOR DE DEUS!! PARA DE BATER NO ANIMAL, O VERDADEIRO MONSTRO E ANIMAL AQUI SÃO VOCÊS!!
A criatura rosnou se debatendo de todos e se curvando arisco pronto para atacar
Júlia - Defende ele agora...
Danni - Smt
O grupo começou a correr ao redor da van com gritos fazendo com que os rapazes de dentro da van se assustassem se levantando para ver a criatura pela janela
Øystein - QUE PORRA É AQUELA ALI?????
Dead - Parece tu Øystein
Eles gritaram, o grupo correndo em desespero correndo pela sua vida. Mercúrio e Wanda rolaram para debaixo da van para se proteger, Fiuk pulou dentro da van, seu corpo exageradamente magro entrando dentro da van enquanto os outros corriam
Se antes a criatura estava inofensiva, agora ela estava totalmente irritada e pronta para se alimentar do primeiro que levasse. Jørn olhou em duração da floresta vendo não somente o Stan observando a cena, mas várias pessoas atrás dele, eles eram um culto
Sem pensar duas vezes, Jørn correu em cima de Stan enchendo ele de paulada e murro. Jørn arrastou Stan para frente da casa, a criatura parou de correr atrás de todos para encarar Stan e as pessoas do culto, lentamente indo para atrás deles
A criatura olhou para o grupo antes desaparecer dentro da floresta. O sol agora lentamente. O brilho alaranjado passava pelos pinheiros dando um brilho acolhedor de sobrevivência, com a vinda do sol, a chuva se foi. Os pingos vermelhos escorregam pela cantos da van deixando ela branca novamente
Dead abriu a porta da van correndo para ver se todo mundo estava bem. Lentamente todos entraram dentro da van levemente traumatizados por aquilo
Jørn decidiu que ele seria o primeiro a começar a dirigir. Jungkook e Bebel sentou do lado de Peter; Seung e Jiyong sentaram perto de Danni e Fiuk; Júlia permaneceu perto de Dead e Øystein; Myrella perto de Mercúrio que agarrava forte o braço da sua irmã que estava perto de Shock
Quase todos manchados de sangue, quase todos machucados, deveriam ir direto dali para um hospital e essa era a rota de Jørn. Fiuk se remexeu no assento sentindo que esse tempo todo o maço de cigarro estava na sua calça, ele riu de nervoso e colocou um na sua boca passando de mão e mão
Seung - Você não vai fumar não?
Danni - To grávida...
Jiyong - Fumante passivo é pior, sabia?
Peter - KKKKKKKKKK DANNI PASSIVA
Danni - SMT PORRA
Tudo realmente tinha voltado ao normal, Danni concordou dizendo que era o último cigarro que ela iria fumar antes de dar a luz, o maço passando em mão em mão, menos Myrella e Wanda
Danni - Eu pensei em um nome pro meu filho
Júlia - Sério amor? Qual?
Danni- Tawan
Seung - Ah, é bonito!
Wanda - E se for menina?
Danni - Não vai ser, eu sei que não vai...
A atmosfera dentro da van era confortável, era uma grande mistura de alívio e felicidade por finalmente terem saído em "segurança" dali, alguns mais machucados que os outros, mas todos vivos
Øystein - Loki vai matar a gente se a gente sentar no sofá sujos de sangue...
Øystein falou rindo beijando o topo da cabeça da sua irmã, Júlia encostou o cabeça no ombro do seu irmão finalmente aliviada. No fim de tudo, todos estavam bem
Shock - Pergunta sincera... QUE PORRA ACONTECEU AÍ???
Todos se ente olharam perguntando como explicariam toda aquela história, mas tinham todo o tempo do mundo, agora que estavam em segurança. Assim a van seguiu de volta para casa